No embalo de alguns cronistas esportivos escancaradamente lobystas da Arena Fonte Nova, que por sinal patrocina a maioria dos programas esportivos, Alexi Portala vive a criticar a torcida rubro-negra pela ausência do estádio, como se esse fator, a reduzida presença do torcedor em praças esportivas, fosse um fato isolado e exclusivo da torcida do Vitória.
Esqueceu Portela que a torcida do seu clube já deu provas evidentes de que se sacrifica para ir ao estádio, sim. Na Série B, o Barradão recebeu até 35 mil torcedores em um jogos de 7 e meia da noite, horário proibitivo para quem sabe o que é enfrentar o trânsito louco de Salvador diariamente.
Fala-se muito que Alexi Portela vem sendo pressionado por conselheiros ligados ao governo da Bahia, principalmente as “estrelas” Marcelo Nilo e Otto Alencar, e por cronistas esportivos, para que o clube passe a mandar seus jogos na Arena Fonte Nova, como forma de viabilizar o estádio construído para a Copa do Mundo e que custou a bagatela de R$ 700 milhões.
Para quem não sabe, existe uma cláusula no contrato segundo a qual se a Arena não obtiver uma rentabilidade X ou Y, o governo terá que desembolsar a grana para complementar. É o dinheiro do cidadão mais uma vez sendo jogado de forma danosa e irresponsável nos cofres de empreendimentos da iniciativa privada.
Só com jogos do Bahia, é impossível se tornar a Arena Fonte Nova um projeto economicamente viável. Nem mesmo com a dupla Ba-Vi a viabilidade seria possível, dizem especialistas. Ninguém pode garantir nada depois da Copa do Mundo sobre o futuro do empreendimento, que não oferece absolutamente nada ao torcedor, além do conforto das cadeiras plásticas das arquibancadas.
Não existe sequer um restaurante na nova Arena, um bom bar ou até mesmo uma lojinha de conveniência para que o torcedor possa ser atraído a chegar mais cedo ao estádio. Só as cantinas funcionam na Arena, cobrando preços exorbitantes e muito distantes do poder aquisitivo do torcedor baiano: uma pipoca por R$ 10, cerveja em lata de péssima qualidade por R$ 8 e R$ 10 e sanduíche de R$ 20.
Sem alternativa e para matar o tempo, os torcedores lotam as barracas armadas ao longo da horrível ladeira Fonte Nova, que não ganhou sequer um tapa-buraco nem mesmo para a Copa das Confederações. O local é um antro de marginais, de usuários de crack e habitado por moradores de rua. Uma vergonha para a cidade. Uma vergonha para os soteropolitanos, mas não para o mandatário maior, o carioca governador Jaques Wagner, que voa de helicóptero para não ver o sofrimento dos baianos lá em baixo.
Coincidência ou não, depois da inauguração da Arena Fonte Nova, Alexi Portela passou a expor e a escancarar os problemas de infraestrutura do Barradão, como a falta de apoio da Transalvador para disciplinar o trânsito e até do complicado acesso ao estádio. E quanto mais expõe os problemas para colaborar com os radialistas amigos, afasta o torcedor do estádio. Não acreditamos, sinceramente, que alguma empresa do Sr. Alexi Portela esteja com alguma fatura pendente junto ao Governo do Estado. Dizem que o governo está sem pagar há quase cinco meses a algumas empreiteiras.
Na dúvida e acreditando no que o próprio presidente do clube diz sobre os eternos problemas, muitos torcedores preferem ficar em casa. Aliás, é o que a maioria faz hoje, não só na Bahia, mas em todo o país: compra um pacote de TV fechada por R$ 50 por mês e assiste a todos os jogos no conforto de seus lares. Este fator, sim, é decisivo, mas Alexi Portela não faz qualquer referência, preferindo criticar o torcedor e ameaçar vender jogadores. Que novidade… Parece até que resolveu, Alexi, aderir à condenável prática do ex-presidente Paulo Carneiro, que de tanto falar mal da torcida acabou deixando o Barradão vazio.
Alexi Portela tem seis anos na presidência do Vitória. Tempo suficiente para ter cobrado e exigido do Governo do Estado a implantação do acesso definitivo ao estádio. Só agora, dizem, existe uma licitação para contratar a empresa que vai fazer o projeto da via. A execução da obra ninguém sabe quando sairá do papel, diante de um governo visivelmente indolente e alheio às necessidades do cidadão. O que fez Portela para tentar viabilizar a cobertura do estádio? Nada. Absolutamente nada.
E o que dizer da Transalvador, que em vez de ajudar só faz tumultuar o trânsito e atormentar a vida dos torcedores que vão ao Barradão? Será que nem para cobrar e exigir da Prefeitura ações o presidente do Vitória tem comprometimento? Se tem, não tem sido convincente o suficiente para demonstrar a força do clube.
Não se pode negar o trabalho de saneamento em todos os níveis executado por Alexi Portela à frente do Vitória. Ninguém pode negar o soerguimento do clube, a recuperação da credibilidade da instituição, a organização administrativa e financeira. São méritos da atual diretoria. Mas o torcedor do Vitória não aprova nem apoia a atual diretoria por ficar desprestigiando o seu maior patrimônio, a sua casa, tirando jogos do seu estádio para satisfazer a interesses outros de políticos que vivem de oba-oba e que pouco se importam com interesses que não sejam os seus.
O Barradão é a casa da torcida do Vitória. É ali que ela se sente à vontade. E é com o Barradão que o time, em campo, pode fazer a diferença diante de adversários mais poderosos. Portanto, cabe à diretoria trabalhar para fortalecer o estádio do clube e não abandoná-lo como querem alguns. Não adianta só criticar a ausência da torcida sem se investir e trabalhar na melhoria das condições de infraestrutura. Qual é o incentivo para a torcida? Tem algum além do time quando está bem? O resto é conversa fiada, é lorota que o presidente do Vitória está levando em conta sem acompanhar o verdadeiro sentimento do torcedor rubro-negro.
REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA