O
day-after dos rubro-negros, certamente será o mais difícil dos últimos cinco anos.
No entanto, o amor pelo Vitória só faz crescer. Lembro-me bem de uma frase de Humberto Gessinger (Engeheiros do Hawaii), logo após o rebaixamento do Grêmio em 1991, mesmo ano em que também fomos rebaixados: "
Por amor, dor e sofrimento, sou ainda mais gremista". Tomei esta frase pra mim, alterando para o Vitória: "Por amor, dor e sofrimento, sou ainda mais Vitória". Nos momentos em que o Vitória atravessou as maiores dificuldades, dediquei um pouco mais do meu tempo a este clube que aprendi a amar, buscando maneiras de ajudá-lo. Foi assim que surgiu a Associação Vitória Forte - AVF, formada por um grupo de apaixonados rubro-negros que se transformou numa verdadeira família.
Acabado o jogo contra o Atlético-GO, a triste constatação... o Vitória não está mais na Série A, mas estará na elite, pois para o verdadeiro rubro-negro, a elite é onde o Vitória estiver. Permaneci no estádio por mais de uma hora, sem conseguir dizer uma palavra a ninguém, mas consegui ouvir e enxergar absurdos, a começar pelo despreparo da Polícia Baiana, que não é tão eficiente no combate ao tráfico, mas sabe como ninguém espancar a já sofrida torcida rubro-negra. Não posso afirmar se ocorreu uma falta de comando, ou uma ordem do comando.
Refleti muito sobre o que ouvi. E o que mais ouvi foi a caça às bruxas e a condenação da política acertada de "pés no chão", que de fato, não ocorreu na Toca do Leão.
Primeiro, peço aos rubro-negros que ao invés de buscar culpados para o fracasso, ajude-nos a reerguer o Vitória. Já conseguimos isto duas vezes (1992 e 2006) em condições muito mais desfavoráveis e, certamente conseguiremos novamente em 2011.
Quanto à caça às bruxas, ela não nos trará de volta à Série A.
É difícil dizer isto, mas o momento é de juntar os cacos e, juntos, fazer um Vitória forte. Mesmo porque existem muitas bruxas que deveriam ser caçadas nos mais diversos setores: diretoria, comissão técnica, jogadores, imprensa e até entre nós, torcedores.
Antes que me crucifiquem por defender a "política pés no chão" tão propalada pelo nosso presidente Alexi Pelágio Portela Júnior, que merece todo meu respeito pelo amor e dedicação ao clube, afirmo que embora alardeada, a política "pés no chão" não foi implantada no Vitória em 2010. A política "pés no chão" que seria melhor denominada como "política de responsabilidade de gestão", evitaria gastos desnecessários e certamente seria acompanhada por um planejamento para evitar desperdícios.
Um clube que em apenas um ano contratou dois diretores de futebol e acabou sem nenhum; que teve três treinadores e, utilizou 71 jogadores na temporada e gastou mais do que podia, certamente não fez uso da política de gestão responsável.
Uma gestão responsável não permitiria que o clube saísse às compras em busca de liquidação em brechó para suprir suas necessidades só vistas no momento de desespero. Kléber Pereira foi um grande artilheiro, mas chegou ao Vitória fora de forma, anunciando aposentadoria, com um salário altíssimo e acabou sendo reserva de jogadores muito mais barato e que já estavam na casa. Em sua passagem pelo Vitória, Kleber Pereira marcou apenas um gol, que saiu muito mais caro ao Vitória que os gols de Neymar e Robinho para o Santos e, até mesmo que os gols de Ronaldo, no Corinthians.
Mas Kléber não é o único exemplo da má contratação por falta de planejamento. O zagueiro Thiago Marinelli, estava encostado no Vasco e chegou ao Vitória com "status" de xerife, mas acabou sendo reserva de Wallace e Anderson Martins, posteriormente perdeu a posição no banco de reservas para Gabriel Paulista e Reniê. Em 11 jogos com Thiago Martinelli em campo, o Vitória sofreu 17 gols.
Vou parar nesses dois exemplos que servem apenas para ilustrar, afinal, este texto não tem por objetivo se transformar numa caça às bruxas (deixarei Egídio de fora).
Se em 2010 enfrentamos sérias dificuldades financeiras, em 2011, os recursos serão ainda mais escassos. A verba de televisão será muito menor, os patrocinadores resistirão ainda mais em pagar um preço justo para estampar suas marcas na camisa rubro-negra e,
não podemos deixar que a nossa média de público diminua, pois mais do que nunca, o Vitória precisará de sua torcida. Afinal, das fontes de receita citadas, esta é a única que é movida pela paixão... o resto são business.
Mais do que nunca precisaremos da política de "pés no chão", ou melhor, da política "de responsabilidade de gestão" devidamente implantada.
Não podemos mais errar em contratações como erramos este ano. Temos que valorizar nossas divisões de base, assim teremos jogadores bons e baratos e, que na hora do aperto, são os que decidem e ficam para dar a cara a bater. Os contratados a peso de ouro saem para afundar outros times. Ademais, colocando a garotada pra jogar, estaremos valorizando ainda mais o nosso patrimônio.
Lee, Reniê, Gabriel Paulista, Anderson Martins, Wallace, Neto Coruja, Uelliton, Elkeson, Édson e tantos outros oriundos da base não deixam nada a dever a jogadores vindos de fora. Com este discurso não estou defendendo que devamos levar a campo apenas os jogadores da base, mas defendo que só devemos contratar jogadores para serem titulares, que cheguem e vistam a camisa, que chamem a responsabilidade para si, que oriente e conduza o time às vitórias. para formar o banco de reservas, temos jogadores de sobra precisando de espaço Jogador contratado não pode ficar no banco de reservas onerando a folha salarial.
Torcida rubro-negra, os nossos pés devem estar o chão, mas a cabeça deve permanecer erguida. O orgulho está ferido, mas o amor é inabalável.Por um Vitória forte.
Por: Michel Silva