No Rio de Janeiro há três semanas, o jogador operou o joelho esquerdo sem a autorização do rubro-negro na semana passada e seus empresários planejam colocá-lo para fazer três meses de fisioterapia no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo.
“A Rogon enviou um comunicado dizendo que ia fazer a cirurgia e não tem relatório nenhum”, garantiu Carillo. As divergências entre as duas partes envolvidas não param por aí.
“Aqui, os médicos disseram que era necessário fazer um pré-operatório. Perdi muita massa e seriam necessários uns 15 dias de trabalho (reforço). Aí (em Salvador), já queriam me botar na maca pra operar. Eu ia ficar mais de um ano parado. Agora, acredito que volto em quatro ou cinco meses”, diz Romário, que sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo no Ba-Vi decisivo do Baiano, 13 de maio.
A versão do departamento médico rubro-negro é completamente diferente. “Nós fizemos tudo correto. Pedimos a ressonância e os exames pré-operatórios necessários de urina, fezes e sangue. Marcamos a cirurgia duas vezes no Hospital Santa Clara e ele não apareceu”, disse Carillo, reforçando que o pré-operatório citado pelo jogador é um exercício isométrico feito com todos os jogadores do clube, mesmo aqueles que não estão lesionados.
Mas a discussão continua. O empresário de Romário reclama da falta de atenção após a lesão. “Romário estava duas semanas em Salvador, sem ninguém do Vitória ligar pra ele, sem fazer nada. Aí que eu fui praí e trouxe ele ao Rio de Janeiro”, conta Toni Batista, que alega que a cirurgia custou R$ 22 mil.
Nessa história conturbada, o caso já está no departamento jurídico do clube. “A nossa orientação é que não deve fazer (cirurgia e tratamento fora). Temos que analisar pra ver que providência vamos tomar. Mas também não existe a obrigação de o jogador fazer o tratamento no clube, já que envolve uma questão maior de direito à vida e à saúde”, explica o advogado rubro-negro, Manoel Machado.
Romário diz que não pretende sair do Vitória
Hoje, Romário é considerado um atleta afastado por licença médica e seu contrato fica suspenso em razão do acidente de trabalho (lesão no Ba-Vi). O Vitória, que não perde nenhum direito sobre o jogador mesmo ele tendo optado por fazer o procedimento fora, já enviou um Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) ao INSS. Como qualquer outro profissional acidentado, Romário terá que passar por uma perícia e a obrigação de pagamento do salário a partir de julho é do INSS.
O lateral pretende aparecer na Toca do Leão em duas semanas. “Quero fazer tudo certinho com o Vitória. O que fiz não foi em termo de sair do Vitória. Eu tenho prioridade de tratar onde eu quiser. Não tem trairagem. Procurei o melhor pra mim. Minha carreira que está em jogo”, afirma ele, operado pelo ortopedista Vitor Favila Guimarães da Silva, com passagem pelas seleções brasileiras de base.
Contrato - Outra novela é quanto à renovação do vínculo de Romário, que vai até dezembro. Nos bastidores, uma possível transferência para o Botafogo tem força. E vale lembrar que ele pode se recuperar no Flamengo. Mas oficialmente, Vitória e empresários não confirmam qualquer proposta. “Queremos renovar”, resume o diretor de futebol Raimundo Queiróz.
O certo é que o Vitória, como fez o primeiro contrato do atleta, tem prioridade na renovação. Pra ficar mais claro: qualquer clube que queira levar Romário tem a obrigação de apresentar antes a proposta ao Vitória. Caso o rubro-negro iguale e o jogador opte pela transferência, o clube contratante teria que pagar idenização num valor referente a 200 vezes o salário oferecido.
Mesmo em conflito com o clube, Romário não nega a possibilidade de deixar a Toca. “Futebol é negócio. Se o Vitória vier com uma proposta boa, acima das demais que eu receber, quero ficar. Tenho que ver a melhor condição pra mim”, deixa no ar o jogador, convocado para as seleções brasileiras de base desde os 15 anos. (Angelo Paz / iBahia)