Vitória, sempre Vitória!
Por: Marcelo Torres
Sim, tudo bem, meu Vitória perdeu o título para o melhor clube do país ("Sele-Santos"). Era uma missão muito difícil tirar o título do Peixe. Mas não há dúvida de que também ganhamos - e não é só pela vitória de 2 a 1, mas pelo "conjunto da obra".
Eu não vou comer "pilha" dos mortos-vivos que se consideram nossos rivais (nossos rivais agora são outros - o Santos, o Palmeiras). O clube baiano da segunda divisão está "em jejum", na fila para ganhar um título há anos e anos.
Tudo bem que eles têm mais títulos que nós, uma boa parcela duvidosa, no tempo da "Bahia de Migué", onde tudo podia, e "seu" Osório ganhava título dentro e fora de campo - ele mesmo colocou isso em livro.
O clube que se acha nosso rival, amarga o purgatório do futebol brasileiro porque paga os pecados cometidos no passado. Por estarem no purgatório, sem chance de ganhar nada, eles "vibram" por nós sermos o vice.
O vice-campeonato do Vitória parece, hoje, a maior glória de um clube à beira da falência, sem patrimônio e que ironicamente é o atual vice baiano (aliás, os tetra-vices). Eles têm mais vice-campeonatos que o Vitória na história de todos os campeonatos baianos, além de duas vezes vice da Taça Brasil, uma vice da Série C (graças a um roubo escandaloso contra o "poderoso" Fast Club do interior do Amazonas).
Na Copa Nordeste, o representante baiano na segunda divisão acumula dois vices (perdeu duas finais para o Vitória).
Nós, torcedores do Vitória, ficamos tristes, sim, mas não estamos mortos nem desanimados - nem achamos que a vida acabou. Perdemos ganhando (2 a 1). O Brasil reconhece isso.
A Copa do Brasil foi uma corrida de 64 clubes. Não é pouca coisa chegar em segundo, onde todos os outros 62 concorrentes queriam chegar - inclusive aqueles que riem de nós (sem motivo). Chegar à final rendeu dinheiro, bônus, rendas, patrocínios, exposição, valorização de atletas. A final reforçou a visibilidade do clube, em decisões com gigantes do futebol - e não com pequenos.
É claro que queríamos a tal primeira estrela, mas ainda não foi desta vez. De degrau em degrau a gente vai chegando. Aprendemos o caminho. O Vitória tornou-se mais respeitado, temido, analisado. O país conheceu a força do Vitória, chegando inclusive a torcer por nós.
Na final da copa, apenas dois tipos de torcedores não torceram pelo Vitória - os santistas e os torcedores que amargam anos de jejum e calvário, e assim buscam suas únicas alegrias em eventuais tropeços do Vitória (fomos vices do Palmeiras e do Santos).
Outras vezes virão. Se Criciúma, Juventude, Santo André e Bahia - que estão em divisões inferiores - conseguiram, por que não nós? Ora, o Vitória está ou não está melhor do que esses outros?
Quantos clubes tentam e não conseguem chegar à Série A (onde nós estamos)? Quantos clubes querem ir à Copa Sulamericana (onde estaremos pelo segundo ano)? Quantos clubes não queriam estar na final da Copa do Brasil (onde chegamos)? Todos os clubes do Brasil queriam. Todos, até mesmo os clubes das séries inferiores.
Tenho absoluta certeza: nossos títulos (no plural) virão. É só uma questão de tempo. Uma hora nós vamos chegar lá, podem ter certeza.
Por 16 anos o torcedor do Atlético do Paraná teve que ouvir gozações dos torcedores do Coritiba, que diziam ter uma estrela que o rival não tinha. O rubro-negro do Paraná ganhou o título nacional, foi vice da Libertadores e hoje é muito maior que seu rival, que está na segunda divisão.
A mesma coisa em Minas: o torcedor do Cruzeiro teve que ouvir durante 33 anos (1971 a 2003) as provocações dos torcedores do Atlético, que foi o primeiro campeão brasileiro, em 1971. O Cruzeiro vivia batendo na trave: vice brasileiro três vezes! Vice mundial duas vezes! Até que em 2003 a Raposa ganhou o primeiro título do Brasileirão.
Os torcedores que nos odeiam estavam morrendo de medo desse título do Vitória. Eles sabem que nós estamos há muito tempo numa situação melhor que eles, num patamar acima, numa Série que eles "sonham"alcançar, e temos muitas coisas que eles não têm. Deixem que eles vivam do passado, a todo instante falando que são "bi" (eles adoram dizer que são "bi"). Podem ter um passodozinho, mas estão sem presente e sem futuro algum.
O Vitória vai chegar lá porque no esporte, asim como na história, na política e na vida, enfim, todas as grandes conquistas foram antecedidas de tropeços, insucessos e até eventuais desânimos.
O Brasil, antes de ganhar os títulos, tinha “complexo de vira-lata”. Em 1950 tivemos a tragédia do Maracanaço. Com 200 mil pessoas, a seleção precisando do empate, chegou a fazer 1 a 0 no 2º tempo e, mesmo assim, tomou a virada uruguaia.
O que dizer da seleção espanhola? Jogava como nunca e perdia como sempre. Agora em 2010 ela foi campeã.
Na política brasileira, Lula perdeu quatro, uma para governador e três para presidente. Bastou ganhar a primeira para obter a hegemonia...
“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Batemos duas vezes na trave. E vamos, uma hora, furar a rede, fazer o gol, ganhar o(s) título(s).
Só sei o seguinte: meu amor pelo Vitória é incondicional. Não depende de ganhar, perder ou empatar. Já temos a hegemonia estadual, agora queremos mais.
O Brasil inteiro sabe que, mesmo não sendo campeão ontem, nós também saímos vencedores. Saímos maiores do que entramos. Estamos de parabéns e o Brasil está dizendo isso. Sou Vitória, sempre, sempre, sempre!
Marcelo Torres, natural de Sátiro Dias-BA, só torce pelo Vitória.
