O Bahia resistiu, foi pressionado mas cedeu e fez um contrato de 5 anos com acesso apenas a uma “luva” de R$ 9 milhões/ano na bilheteria. Sem acesso às outras inúmeras receitas. Seu fundo de comércio (torcida) devia ser mais valorizado. Sem ele não tem negócio.
O consórcio assume o contrato, garante o negócio da construção e repassa a operação para terceiros (Arena Brasil). E o povo paga a conta dos recursos públicos que serão direcionados. E na operação, se não chegar a determinado patamar, o governo tem que reembolsar o consórcio por 15 anos uma contraprestação de até R$ 107 milhões por ano ou próximo disso.
Sempre soube que 25 anos é o periodo de se garantir o retorno do investimento. Por que mais 10 anos? Para remunerar a quem?
E o consórcio, qual a sua responsabilidade? Não bota um centavo, ganha pela construção e tem garantia mínima se não viabilizar a operação. Pra ser justo colocaram 20% na construção, mas esse percentual incluem no orçamento. Empreiteiro trabalha pra seus acionistas, não para o povo.
O Vitória está sendo fortemente assediado. Seus dirigentes ganharam há tempos atrás uma viagem a Holanda pra conhecerem a operação da Arena Amsterdã. Alexi reluta, sabe que o melhor caminho é a Arena Barradão. Seu candidato, todavia, está alinhado com o presidente da assembleia e o vice-governador para levar o Vitória pra lá. Vão engessar o clube por 35 anos. O erro está no modelo econômico. Ainda assim com o risco da operação não se viabilizar. Estádios de Copa são caros. Agora chegaram à conclusão que os altos custos da operação inviabilizam a promoção de shows.
O certo é que sem o Vitória a operação não fecha. Em 2007, quando o Brasil foi escolhido, o Bahia e o Vitória deveriam ter se unido para serem, juntos com o governo, donos do negócio. Construtora quer construir e agora devem estar se preparando para passar a operação para fundos de investimento. Meu clube tem o Barradão e ali devem fazer a Arena e viabilizar seu futuro.
Esse problema se espalha por todo país. Em Natal os clubes não querem jogar na Arena das Dunas, em Minas o Atlético já escolheu o Independência. Sua Diretoria divulgou que a perda de arrecadação de Cruzeiro e Atlético chega a R$ 100 milhões por ano. Só quem vai se beneficiar com as arenas da Copa são os clubes que cederam seus estádios: Corinthians, Inter e Atlético Paranaense. O fluxo de receitas do clube paranaense deve triplicar com a chegada da sua Arena. Seu estádio, financiado diretamente com o clube, não chega a R$ 300 milhões.
O Vitória, ainda que tardiamente, pelo imobilismo de sua gestão, tem a chance de mudar de status e se aproximar dos grandes. É só não permitir que interesses políticos sejam mais importantes que os interesses do clube.
Por: Paulo Carneiro