Ter medo nao eh feio. Alias, historicamente, na trajetoria da humanidade neste vale de lagrimas, o medo foi (e eh) responsavel por promover nossa sobrevivencia. Ele, o medo, pode ainda proporcionar mudanca, pois, em certas ocasioes, nos incentiva a tomar atitudes. O que eh abominavel eh a covardia. Esta, sim, eh condenavel e soh nos encaminha para imobilizacao.
Vou falar eh de jangada, que eh pau que boia.
Comecei falando sobre a diferenciacao entre medo e covardia porque eh fundamental para entedermos o que se passou com o Vitoria neste inicio de campeonato. Desde a partida contra o ECPP lah em Conquista, o tecnico Toninho Cerezo lancou mao de tres volantes. Na ocasiao, achei compreensivel porque iriamos jogar fora de casa, contra uma equipe arrumada, que eh candidata ao G-4 , e, principalmente, porque a zaga, com o menino Dankler jogando pedra em santo, nao inspirava confianca.
Pois muito bem. Ou melhor, pois muito mal, porque o nosso tecnico achou que a covardia dos tres volantes era o caminho a ser seguido contra os fraquissimos itabuna e flu de feira. E o que eh pior: tres volantes contando com o auxilio preguiucoso de Lucio Flavio, que eh mais lento do que as obras do metro de Salvador. Como resultado, colhemos dois empates vergonhosos.
Diante disso, ontem ele fez o que deveria: abandonou a covardia. Eh fato que corremos risco. Poderia ter dado tudo errado. A sardinha feirense, inclusive, comecou tocando a bola e poderia ter levado o jogo em banho maria e saido com um empate.
Mas fomos premiados pela ousadia. E, numa bela jogada de Mineiro, Dinei abriu o placar. Na sequencia, o menino Arthur Maia mostrou uma vez mais que num estah pra graca. Deu uma arrancada de deixar messi com inveja, encarou e driblou os zagueiros e sofreu penal. Neto cobrou o melhor penalty de sua carreira e botamos 2 x 0 no placar. No placar eh modo de dizer, pois o data show continua uma lastima. No final da primeira etapa, numa falha do goleiro fizemos o terceiro.
A verdade, porem, eh que o placar, digo, o datashow, foi elastico para o futebol apresentado. Basta lembrar que Dinei, durante boa parte do primeiro tempo, teve que voltar ao meio para armar jogadas, jah que aquele camisa 10 eh um passageiro da agonia.
Por falar no referido, o segundo tempo comecou com a cara do disgramado, numa maresia do cao. E ia nesta batida ateh que Marquinhos comecou o aquecimento. Antes mesmo de entrar em campo, ele jah modificou tudo, contagiando a torcida. E nao soh a torcida. Até este malamanhado teclado canandense melhorou, conforme vocês verão a partir de agora, com acentuação correta e as porras.
O sacana franzino entrou (lá ele) com gosto de querosene. Toques rápidos, dribles desconcertantes, inteligência na movimentação, chutes a gol e o caralho aquático. É fato que a saída do atual camisa 10 (num escrevo mais o nome dele) e a entrada de Geovani contribuíram para a melhoria do time. Aliás, nem mesmo quando fez três gols no deslumbrado sardinha de Feira, o time jogou como nos momentos em que Marquinhos estava em campo.
É importante, porém, que fique registrado para a posteridade que o retorno de Marquinhos não foi marcado somente pelo bom futebol, não. Houve algo além e indizível. Poderia chamar de vibração. No entanto, foi mais que isso: foi uma especie de catarse. Inclusive, mesmo após o término da partida ele vibrava como se tivesse feito oito gols. Enfim, nestes tempos temerários, Marquinhos não teve medo de ser feliz nem de fazer a torcida feliz.
E foi assim, numa jogada que ele teve a participação decisiva, que o Barradão assistiu a um dos mais belos gols de sua história. Mas isto é outra história, que contarei amanhã, porque o estoque de Cepacol acabou desde ontem e a putaria ta comendo solta aqui na repartição onde labuto.
Por: Franciel Cruz