
Por: Lucas Rochas §iquilho[lucas.rochas@yahoo.com.br]
Vitória e Fluminense protagonizaram na tarde de ontem uma partida extremamente emocionante. Muita velocidade, contra-ataques, e lances perigosos para ambos os lados, que tentavam por fim a crise. Uma coisa é certa, após presenciar tal jogo no Barradão tenho convicção de que estou com o coração forte, e não sofro de problemas cardiovasculares, pois a partida foi de tirar o fôlego.
Em um domingo que havia começado ensolarado, com stock car pela primeira vez em salvador, e apenas 7.850 rubro-negros presentes e convictos de que esta seria a retomada do leão na competição, dez minutos antes do início da partida e o lindo céu azul deu lugar a uma enorme nuvem preta sobre o santuário do leão da barra. Seria este um mau presságio?
XÔ URUCUBACA!
Muito criticado, Carpegiani acabou cedendo às pressões da torcida e da imprensa, escalando logo de início Willian e Vanderson no time titular e Apodi novamente na ala direita. Com tais mudanças a postura do time foi completamente diferente. Mais veloz e determinado, o glorioso rubro-negro partiu logo para cima do fluminense, disposto a decidir o jogo e acabar com a série de partidas sem vencer. Após muito tempo o time entrava em campo com a marcação adiantada e sufocava a saída de bola do adversário. Tamanha disposição fora logo revertida em gol, em uma tabelinha entre Roger e Willian, onde o camisa 20 rubro-negro saiu de frente para o gol e enfiou o pé, abrindo o marcador após 03 jogos sem o leão balançar as redes, acalmando a nervosa torcida:
Vitória 1 x 0 Fluminense.

Vitória 1 x 1 Fluminense.
O gol do adversário desestabilizou ainda mais o leão, que de forma desordenada tentava virar o primeiro tempo em vantagem, mas não conseguia levar muito perigo ao gol do goleiro Fernando Henrique. Apodi, no lance mais perigoso quase marcou um golaço,as o chute passou rente à trave.
A nuvem preta ainda encobria o Barradão, e o gol não saia:
Que Urucubaca desgramada!
Fim do primeiro tempo, e vaias. Não apoiei, mas grande parte da torcida não estava satisfeita. Seria necessário mudança de postura do time, e PCC foi em busca disto. Por sinal, não entendo o porquê das duras críticas ao trabalho feito por ele. Apenas questiono o fato de vir reclamar a público, o que realmente acaba desestabilizando o grupo. Mas temos que convir que a diretoria[que, diga-se de passagem, tem feito um excelente trabalho!] desta vez vacilou, e acabou se acomodando com a boa campanha do time, esquecendo de reforçar ainda mais o grupo. Entretanto, pela partida de ontem, não percebi nenhum motim, ou algo parecido, no grupo. Falta o time ter mais calma, a crise vai passar.
Na volta do intervalo, incrivelmente a nuvem preta desapareceu. Seria um bom sinal? Parecia que sim. PCC, percebendo o bom momento, sacou um zagueiro e mandou a campo o jovem Berola, uma ótima substituição. Por sinal, como havia dito no tópico anterior, acho que o Vitória deveria mudar o esquema tático, com a eliminação de um volante, a manutenção dos 03 zagueiros e a entrada do Berola, dando mais velocidade ao ataque e fazendo aproximação ao centro-avante cone Roger, que sendo sincero, foi até bem ontem. Cometeu umas gafes básicas, afinal de contas ele continua sendo o Roger, um jogador limitado.
A entrada de Berola fez com que o time se movimentasse mais, deu mais velocidade às jogadas e animou o leão, que passou a ter o domínio da partida. Logos aos três minutos o cone Roger quase marcou de cabeça, em lançamento de Victor Ramos. O jovem Berola ditava o ritmo do Vitória e estava disposto a garantir de uma vez por todas a sua vaga no time titular e por fim a série sem vitórias do leão. O moleque estava endiabrado. Caía pela direita, pela esquerda, pelo meio, batia escanteio. Por falar em escanteio, alguém sabe me dizer se o Vitória treina este fundamento? Todos os jogadores se concentram no meio da área, na mesma posição. Ninguém povoa o primeiro pau, nem o segundo. Ninguém fica na sobra. Assim, a marcação fica fácil.
Se por um lado a entrada de Berola fez bem ao ataque, por outro, a saída do zagueiro Fábio Ferreira fez mal a zaga. O terceiro zagueiro do time ficava justamente na sobra, e com a saída dele os erros teriam que ser minimizados, e os cortes eficientes, o que não aconteceu. Victor Ramos continuava “espanando” as bolas, e o Fluminense se aproveitava disto. Em um lance isolado, com um lançamento de tiro de meta, o fluminense fez o seu segundo gol calando o Barradas.
Vitória 1 x 2 Fluminense
Porque todo zagueiro marca a bola, ao invés de marcar o adversário? Vai entender. Dois minutos depois, Apodi apareceu. Estava sentindo falta do “maluco beleza” jogando bem e fazendo suas jogadas em velocidade pela direita. No primeiro tempo o sacaninha quase marcou um golaço naqueles seus chutes de perna esquerda.

Vitória 2 x 2 Fluminense. [assista o vídeo dos gols da partida]

Após o gol, PCC agiu certo ao tirar o cansado Willian, mas errou ao colocar Ramon, pois a meu ver deveria ter colocado Bida. Ainda assim, Ramon entrou bem. Centralizou as jogadas, fez com que o time trabalhasse mais a bola, apareceu na área, tentou driblar. Um tempo no banco de reservas e era notável a diferença.
O jogo, este havia se tornado uma partida Kamikaze. O Vitória atacava muito, mas com um zagueiro a menos, e sem o meia esquerda, o lateral Ruy conheceu a avenida esquerda da defesa rubro-negra, e comprovou que os rubro-negros presentes estavam com a saúde em dias do ponto de vista cardiovascular.
O jogo seguia nervoso e as oportunidades surgiam sucessivamente para ambos os lados: Apodi, em um foguete acertou a travessão. O Fluminense não ficou atrás, e acertou a travessão do leão com Roni. O jogo continuava nervoso, e a torcida tensa sequer conseguia piscar os olhos. O Vitória tinha domínio da posse de bola, mas não conseguia ser eficiente nas finalizações e ainda dava espaços na zaga.
Domingues quase marcou um golaço, mas Fernando Henrique estragou a festa rubro-negra. Outro que estragou a festa, mas do Fluminense, foi Gléguer em outra grande defesa.
O arqueiro rubro-negro fez uma excelente partida. Cansei de dizer que poderíamos confiar nele.
Por fim, Bida entrou no lugar de Domingues. O Vitória continuava dominando a passe de bola, mas não era eficiente na criação e nas conclusões das jogadas. Parte da torcida, já sem esperança, começava a sair do santuário rubro-negro quando Berola, o endiabrado da tarde, sofreu uma falta na entrada da área. Confesso que não quis ver o lance, e fiquei lá enrolado em minha bandeira, abaixado, concentrado. Ramon, Bida e Leandro na bola. Pela distância, o ideal seria Leandro ou Ramon cobrarem. Ramon cobrou, mal, diga-se de passagem. Ramon, com a idade avançada não tem mais velocidade, ainda tem um bom passe, mas não entendo porque perdeu a precisão nas cobranças de faltas. Este fundamento deveria ser o trunfo dele, pois depende única e exclusivamente da técnica. Aliás, um gol àquela altura, poderia até mesmo garantir uma vaga entre os jogadores de confiança do treinador.

GLÉGUER FOI ESPETACULAR! FEZ DUAS DEFESAS MARAVILHOSAS, AOS 48 MINUTOS DO SEGUNDO TEMPO, GARANTINDO ASSIM O RESULTADO!

Fim de jogo, mais um resultado ruim, distância aumentada para o G-4[agora de 5 pontos] e início das críticas e especulações. Não achei o time tão mal, mas nervoso, despreparado psicologicamente. É necessário mexer com os brios dos atletas, sacudir o elenco e mostrar que eles são capazes, afinal de contas, 15 rodadas no G-4 não são por acaso.
Não tenho motivos para creditar a falta de vitórias a PCC, que a meu ver, tem feito o que pode para fazer o time voltar a vencer. Agora é ter paciência e trabalhar.

Renê Simões, demitido ontem do Coritiba, também não acho o nome ideal. Acredito que a diretoria não deve apostar em nenhum dos dois citados anteriormente. Podem ter certeza que se PCC cair, um nome não especulado pode surgir. Nelsinho Batista, ou algum técnico emergente pode aparecer. E até mesmo a tão esperada efetivação do Ricardo Silva, que já trabalhou com grandes treinadores e conhece todo o grupo.
Uma coisa é certa, neste momento tão conturbado temos que apoiar o grupo. O time de 2009 completará o primeiro turno com menos pontos que o time de 2008, mas em contrapartida terá tempo suficiente para e reerguer da crise e voltar a brigar pelo G-4, o que não foi possível em 2008, pois a crise aconteceu durante o segundo turno, e quando o futebol havia voltado já era tarde demais.
Acredito em um crescimento do time e a volta ao G-4. Agora é determinar as prioridades entre Brasileiro e Sulamericana, ou entrar para vencer o coxa por uma boa diferença de gols nesta quinta, podendo assim poupar alguns jogadores chaves, como Domingues, no jogo de volta.
Acorda Leão, estamos contigo.
SRN
VITÓRIA 2 x 2 FLUMINENSE
Vitória: Gléguer; Wallace, Fábio Ferreira (Neto Berola) e Victor Ramos; Apodi, Vanderson, Uelliton, Leandro Domingues (Bida) e Leandro; Willian (Ramon) e Roger.
Técnico: Paulo César Carpegiani
Fluminense: Fernando Henrique; Ruy, Edcarlos, Luiz Alberto e Augusto; Diogo, Wellingon Monteiro, Marquinho e Conca (Tartá) (Diguinho); Roni e Kieza (Alan).
Técnico: Renato Gaúcho
Data: 09/08/2009 (domingo)
Local: Barradão, em Salvador
Árbitro: Leonardo Gaciba (Fifa-RS)
Auxiliares: Paulo Ricardo Conceição (RS) e José Silveira (RS)
Renda: R$ 159.000,00
Público: 7.853 pagantes
Cartões amarelos: Victor Ramos (V) Augusto, Diogo (F)
Gols: Willian, aos 14min, e Luiz Alberto, aos 29min do primeiro tempo; Roni, aos 8min e Roger, aos 10min do segundo tempo
Confira os resultados dos jogos da 18ª rodada do Brasileirão 2009:
08/08/09 (sábado)
Santos 2 x 2 Avaí
Botafogo 0 x 1 Atlético-PR
Náutico 2 x 1 Santo André
09/08/09 (quinta-feira)
Flamengo 1 x 0 Corinthians
Vitória 2 x 2 Fluminense
São Paulo 3 x 1 Goiás
Coritiba 1 x 3 Cruzeiro
Barueri 1 x 0 Grêmio
10/08/09 (segunda-feira)
Internacional 3 x 0 Sport
12/08/09 (quarta-feira)
Atlético-MG 1 x 1 Palmeiras
Sobre o Brasileirão 2009:
Veja a Tabela de classificação.
Veja apenas os jogos do Vitória.
Veja a artilharia completa.