// Um pouco mais sobre Ricardo Azevedo aqui.
Entrevista: Ricardo Soares de Azevedo Lima
Formado em São Paulo, Ricardo Azevedo é o diretor de marketing do Esporte Clube Vitória e promete uma nova imagem para o clube baiano.
GUSTAVO FRANCESCHINI
Da Máquina do Esporte, em São Paulo
Conheça os detalhes na entrevista a seguir:
Máquina do Esporte: O que dá para esperar do marketing do Vitória daqui em diante?
Máquina do Esporte: E como vocês pensam em fazer isso?
Máquina do Esporte: E este memorial está próximo de se tornar realidade?

Máquina do Esporte: E partindo para o projeto de sócio-torcedor, o que vocês podem apresentar de diferente do que já foi feito?
Ricardo Azevedo: Dentro desse projeto de reformulação não há nada profundo. Resolvemos fazer isso em etapas. Preciso me adaptar aos próprios processos do clube. Não posso zerar tudo que já foi feito. Agora, o projeto atual está muito ligado a uma imagem errônea que é apenas dá direito a entrada no estádio. Hoje, ele é um pacote de ingressos. Basicamente é voltado para isso. E a nossa primeira campanha vai buscar uma desvinculação da entrada no estádio. O que a gente entende é que o torcedor compra certas coisas intangíveis, como a paixão pelo clube. E a gente quer que ele compre esse produto intangível, que é o direito de ser sócio do Vitória. Então agora vai ter a categoria de sócio que é só sócio do clube. A gente fez essa dissociação porque quem tem menos dinheiro não consegue pagar a temporada inteira. E aí é muito difícil para boa parte da população. Vamos criar um produto de entrada.
Máquina do Esporte: A disparidade financeira entre o eixo Rio-São Paulo e o restante do país é, notadamente, um empecilho. Até que ponto é possível transpor essa barreira é econômica?
Ricardo Azevedo: Essa é até uma postura que eu tenho que diverge de outros membros da diretoria. A gente brinca que eu sou o último romântico. Eu acredito muito nisso. A gente sempre compara com o mercado espanhol. O Vitória não quer ser o Barcelona ou o Real Madrid, ele quer ser o Sevilla, que não tem os melhores jogadores, mas está sempre chegando, brigando e acompanhando as outras equipes. E não tem aquela mídia, como aqui também acontece. A nossa postura é de organização ética com o resultado vindo em seguida, como se fosse uma consequência disso tudo. Hoje, o Vitória é um dos poucos, senão o único, que tem um 'nada consta' em todas as instâncias governamentais. Ele fez um saneamento de todas as despesas e hoje já tem esse título. É claro que ainda existe um passivo, mas ou foi negociado ou está em discussão. O Vitória manteve esse trabalho ao sair da Série B para a A. Acho que hoje a gente está bem sedimentado para ser uma equipe que chama a atenção. Queremos, a partir desse ano, ter resultados muito melhores. Já conseguimos um projeto ousado, porque temos um bom orçamento que nos dá algumas possibilidades. Estou falando de resultado. Primeiro a gente se ajustou, colocou os números no papel. E esta organização pode gerar resultado.
Máquina do Esporte: E dá para vislumbrar um crescimento a curto prazo a partir disso?
Ricardo Azevedo: Perfeitamente. Primeiro quero controlar as despesas, e depois vamos aumentar a receita. No momento que o Vitória tava, um foco teve de ser dado. O foco foi a recuperação daquilo tudo, o controle de despesas e o retorno à Série A. Por isso que esse ano o Vitória vai fazer um trabalho de construção de imagem e também faturamento. Uma série de ações estão sendo pensadas, não só de modernização, mas de utilização diferente do estádio. A equipe administrativa cresceu e agora vamos crescer em faturamento. O Vitória recebeu inúmeras propostas de patrocínios. A maioria veio ao Vitória, e não ele foi até elas. Então eu fiquei muito animado com o interesse do mercado em se associar ao clube. Com a consolidação desse novo projeto, a gente vai conseguir aumentar esses números para a próxima temporada. Isso vai dar um excelente suporte, para o novo posicionamento.
Máquina do Esporte: Dentro dessa idéia de planejamento, o que vocês esperam do estádio? Dá para transformar o Barradão em uma arena?
Ricardo Azevedo: Especificamente com relação a isso, posso dizer que ele já está consolidado como uma arena. Vários institutos mostram que a nossa torcida cuida do patrimônio, é organizada. O próprio conceito de mudança já é uma sinalização de que o Barradão quer e tem estrutura para alterar o seu posicionamento. Esta arena vai passar a se preparar para receber grandes eventos. Estamos, por exemplo, negociando com uma rede de fast-foods nacional, que pode assumir o sistema de alimentos e bebidas. Estamos reformulando também o processo de chegada ao estádio, que já tem um estacionamento para três mil carros. A ideia seria transferir o CT para outros espaços e usar aquele terreno para atividades que trouxessem mais retorno para a gente. Já que a gente tem um produto muito forte que é a arena, precisamos de posições que dêem suporte para ela. A transformação faz parte do planejamento.
Máquina do Esporte: E o que você imagina para o licenciamento do Vitória. Você concorda com a visão de alguns dirigentes de que esta é uma área pouco explorada e que pode ser rentável?
Ricardo Azevedo: Com relação a licenciamento, acho que o problema de um sempre vai ser o de todos. É muito difícil, até pelo mercado brasileiro, você dizer para o clube que ele tem de ter foco na gerência da sua marca. Isso estaria na contramão do processo administrativo de qualquer empresa na economia. Necessariamente, a estratégia de licenciamento vai estar na mão de empresas do mercado, especializadas nisso. O Vitória vai se sujeitar às mesmas vantagens e problemas dos rivais, em geral. E há uma concentração aí, com cada vez menos empresas que atuando. É lógico que a gente está tentando se associar com os melhores parceiros, que possuam, por exemplo, uma estrutura para gerenciamento de problemas. O Vitória está muito atento a esse desenho do mercado, mas o sucesso dele depende mais dessas empresas que dos próprios clubes. Porque ele dificilmente vai conseguir dar focar isso. Seria uma perda de tempo montar uma equipe apenas para conseguir fazer um trabalho nessa área. A estratégia é trabalhar em parceria com empresas especializadas. E aí tem a pirataria também, que é um problema social macro, de base, que é difícil de ser combatido. Não que eu não tenha uma expectativa grande, mas acho que o Vitória tem muito pouco a fazer em relação a isso.
Publicado pela Máquina do Esporte, no dia 30/01/09.
Leia outra entrevista de Ricardo Azevedo publicado em maio de 2008 no lançamento de seu livro "Eu sou um nome na história - A história do Esporte Clube Vitória. Livro I: Tradição. 1899 - 1939: dos primeiros títulos ao fim do amadorismo".