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[Entrevista] Zagueiro Wallace: "É muito difícil revelar um, e na minha geração foram oito. Não é qualquer clube que faz isso"

Entrevista com o zagueiro Wallace, cria da base rubro-negra, atual campeão mundial de clubes pelo Corinthians. O jogador falou demais do Vitória: base, diretoria, possível retorno no futuro...

Esse Wallace de hoje é muito diferente daquele que saiu do Vitória há dois anos?
Wallace: Totalmente. Aqui eu era um moleque desaforado, que achava que sabia tudo e acabava falando demais muitas vezes. Tenho outra consciência do que é futebol, mudei a consciência como se joga. Aprendi muito da parte tática, a jogar realmente como zagueiro quando é necessário. Foi uma escola pra mim. Poder jogar com os caras mais experientes, mais rodados, você acaba encurtando o caminho de certas coisas que aqui no Vitória eu não teria oportunidade. Pelos jogadores que joguei, pela mentalidade dos atletas que aqui tinha e que lá tem: são completamente diferentes. São Paulo em si é mais individualista. Como a gente é baiano a gente se 'achega'. Lá não: é cada um por si, Deus por todos.

Como é acompanhar o Vitória de longe?
Wallace: Velho, meu coração não posso negar. Eu não tenho intenção de voltar pro Vitória tão cedo, mas adoro esse clube, respeito. Eu acompanho o Vitória de todas as formas. Quando o time estava em São Paulo, eu ia visitar o pessoal. Fui em Bragança, infelizmente tomou 3x0 (do Bragantino). Foi uma lástima. Sempre estou vendo pela televisão. Consegui catequizar alguns jogadores pra serem torcedores do Vitória.

Quais foram os jogadores?
Wallace: Júlio César, Ralf, Paulinho, Ramirez, que é muito meu amigo, Danilo. Deixa eu ver quem é mais que virou Vitória... É sério, por incrível que pareça, é sério. Esses aí a gente acaba falando mais.

O Vitória voltou pra Série A e agora vocês vão se enfrentar. E aí, já deu tempo pra imaginar?
Wallace: Cara, por incrível que pareça, eu já imaginei isso. Mas não sei. P..., vou jogar contra o Vitória. Como é que vai ser? Eu sei que quando entra em campo esquece tudo, mas até lá vai passar um filme na cabeça. Mas, em contrapartida, fiquei muito feliz com a permanência do Bahia. Isso fortalece o futebol baiano. O Vitória só é o que é por causa do Bahia e o Bahia da mesma forma. É um conduzindo o outro. Espero que os clubes possam ter consciência e façam campanha não só pra se manter na primeira. Pra que possa tentar beliscar uma Libertadores, ou fazer uma campanha digna do tamanho que essas equipes têm.

Então, é ter mais capacidade pra driblar a diferença de orçamento dos outros grandes?
Wallace: Se entrar pra não cair, você já começa a cair aí. Tem que ser um pouco ambicioso. Claro que o poder aquisitivo que nosso Nordeste tem não é a mesma coisa da parte sulista do Brasil. Tem modos de fazer uma equipe forte pra mais de um ano. Quando a gente caiu, sem tirar o meu da reta, eu me machuquei quando a gente estava em 12º. Não tinha reposição, e depois Anderson machucou. Então, não tinha jogador pra colocar. O time que começou e o que terminou eram muito diferentes.

Divisão de base: nesse processo de entrar no Brasileiro forte, você acha que é apostar nos meninos e trazer jogadores só para serem titulares?
Wallace: Não, discordo totalmente desse pensamento. Até porque vocês estão falando da base hoje, porque ganhou o sub-20. Mas a base do Vitória sempre foi muito forte. Esse sucesso pra mim não é novidade. Sempre converso de futebol com Carlos Amadeu e é um cara que sabe muito. Você tem uma equipe muito boa com ele. Com toda certeza, você teria três ou quatro que poderiam estar no profissional dando certo, mas ninguém tem essa coragem de lançar... Desde a minha geração, quantos jogadores o Vitória não revelou? Eu, Anderson (Martins), David (Luiz), Marcelo Moreno...

O Vitória revela meio sem esforço?
Wallace: O Vitória não faz esforço pra revelar. Em contrapartida, outras equipes fazem de tudo e não conseguem. O Vitória sem querer revela. É um processo natural. Diferente do Bahia, do Corinthians... Lá não se revela um jogador há quantos anos? E olha o tamanho do Corinthians. Os profissionais que estão aqui são muito capacitados, têm um 'feeling' pra sentir jogador incrível. Todo ano sai um. Quando você pensa que não vai sair ninguém, de repente vêm três. É muito difícil revelar um, e na minha geração foram oito. Não é qualquer clube que faz isso.

Na sua opinião, o jogador da base tem que ter um ciclo longo no clube?
Wallace: Isso é muito relativo. O clube tem que formar um elenco forte. Não pode pensar que a base é a solução do seu clube. Ela é um suporte e o Vitória tem isso, sabe que quando precisar, pode contar. Tem que montar um elenco forte pra ir lançando eles. Aos poucos a meninada toma conta. Fala-se muito do Arthur Maia e colocaram pressão como se ele fosse o cara. Ele é um baita jogador. Mas todos esperavam o Messi e não é. Ele é Arthur Maia.

Como torcedor, como você sonha ver o Vitória daqui pra frente?
Wallace: Minha maior frustração é não ter conseguido a Copa do Brasil pelo Vitória. Isso já tracei como meta que, se um dia voltar, seja jogando, seja... não sei ainda o que vou fazer (risos), vai ser conseguir um título nacional pelo clube. Então, já tracei como meta e tudo que traço eu consigo. No ano que chegamos à final da Copa do Brasil, tracei um mapinha e disse que na final eu chegaria. Mas quero ver o Vitória forte e parar com essa mentalidade de comodismo, de se manter em primeira divisão. O Vitória tem muito mais força do que isso. Pra brigar entre os 10. Falo isso pra todo mundo.

Seria um problema de gestão?
Wallace: Quero enaltecer Alexi, o Vitória está na primeira devido a ele. Quando ele assumiu, o Vitória estava falido. Tem torcedor que pede a saída dele e esse é o torcedor burro, mal influenciado por babacas. Em contrapartida, ele é mal assessorado. No ano que a gente caiu, teve três mudanças de diretor. É uma instabilidade muito grande. Isso é um erro. Penso que precisa de um cara que saiba realmente de futebol pra estar do lado dele orientando. Primeiro ponto pra ser diretor do clube é ter identidade e saber de futebol.

Será Wallace futuramente?
Wallace: Não (risos). Eu não penso nisso ainda não. Tenho mais dez anos de carreira. Não tô me programando pra isso ainda não. Deixar mais pra frente. Hoje teria grandes nomes. Tem o próprio Flávio Tanajura. Hoje, o diretor, o cara que você vai dar poder a ele, tem que ser muito bem remunerado pra que ele não possa de nenhuma forma tentar roubar o clube. Isso a gente sabe que acontece no futebol. Não acho que tem que trazer qualquer um e botar. Esse ano já começa entrando em ano eleitoral no fim do ano. Que Alexi possa ter luz e ter os conselhos certos.


E como você, de longe, analisa a condução da diretoria durante o ano?
Wallace: Não sei o que aconteceu, mas o caso de Uelliton, achei uma falta de respeito com o atleta. Fazer da forma que foi feito... Independente dele estar certo ou não, ele é atleta e tem contrato com o clube. Se você não está satisfeito, no final do contrato resolve. Ele tem 11 anos no clube e tem que ter o mínimo de respeito. Se quiser afastar, tirar do grupo, é irracional. Falo isso porque pegou mal lá fora. Todo mundo no Corinthians falou sobre essa saída de Uelliton, porque repercutiu da forma que a imprensa abordou. Todos os jogadores me perguntaram. E eu disse: não pô, isso aí foi um caso de um milhão. Vendo de fora, algumas decisões foram erradas.

A saída de Carpegiani, por exemplo?
Wallace: Acho que não era o momento. Independente do que eu ouvi, que ele não tinha o grupo... O cara está brigando pra subir, o cara vai ficar se preocupando com ambiente? O jogador tem que ter bom senso. O que o clube fez com Ricardo Silva foi errado. Deve muito a Ricardo. Teve aquela saída fatídica da comissão. Então, essas decisões acarretaram pra ter esse tipo de instabilidade. Talvez eu não devesse nem estar falando essas coisas, porque algumas pessoas interpretam mal. A gente ainda é ignorante pra isso. No futebol, se você fala a verdade, é mal interpretado e acaba incomodando. (Angelo Paz / iBahia)

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