Farsas, tragédias e complexo de Peter PanPor Franciel Cruz
Já que as revoluções estão novamente na moda, saco logo do coldre os empoeirados ensinamentos do menino Karl Marx, que largou a seguinte prosopopéia no início do livro o 18 Brumário de Luís Bonaparte, escrito no ano da graça de 1852. Às aspas. “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como
tragédia, a segunda como
farsa”.
É óbvio que o culto ouvinte desta intimorata emissora já percebeu que o luxuoso auxílio filosófico serve somente para falar desta irremediável vocação do Esporte Clube Vitória para repetir ad infinitum o desmantelo.
PUTAQUEPARIU A MULHER DO PADRE!!!
Poderia aqui recordar as inolvidáveis
desclassificações diante do Baraúnas em 2005 e 2007, porém, como não quero cansar o já retado torcedor, farei apenas o relato das tristes coincidências nas estréias da Copa do Brasil de 2010 e 2011.
E elas não são poucas.
Neste 2011, assim como no ano passado, apanhamos de 3×1 contra um time alvinegro, nordestino e genérico de equipes do sudeste. Também como naquela ocasião, nosso único gol foi de pênalti. Agora, se serve de consolo, os nomes dos artilheiros do Corinthians de Alagoas eram muito mais estranhos do que os do Botafogo da Paraíba. Confirmam. Antes os algozes foram Yannick, Catanha e Tozin. Desta vez, Henrique, Chapinha e Paulinho Macaíba. Já é um avanço. Afinal, pelo menos o autor do primeiro gol tem nome de gente.
Mas, derivo. E não deveria, pois o assunto é sério. Aliás, sem querer bancar o gato mestre ou engenheiro de obras destruídas, este rouco locutor já havia alertado para os problemas do time, inclusive nos dois últimos triunfos. Porém, assim como na canção do Rei Roberto, ninguém quis ouvir, todos estavam surdos.
E acertei no prognóstico não porque eu seja uma inteligência privilegiada, mas sim porque é muito fácil ser profeta nas coisas relacionadas ao Esporte Clube Vitória. Basta apostar no absurdo. E pimba. Não há erro.
Por falar em erros, entendo que o maior problema do Vitória não está apenas nas quatros linhas. O que ali acontece é apenas reflexo de um problema muito mais grave. Qual seja: O complexo de Peter Pan.
Como assim? Seguinte. Assim como o referido personagem, o nosso clube recusa-se a crescer. Os dirigentes, atuais e antigos, tratam o Leão como um bichinho de estimação, como se fosse uma propriedade particular.
E quando isso não mudar, nada mudará. O Vitória pode (e vai) meter uma goleada no Botafogo na próxima quinta-feira. Porém, é preciso ir além. E fui exatamente pensando e acreditando nisso que, junto com outros Rubro-Negros, decidimos fundar o Movimento Somos Mais Vitória. Entendemos que chegou a hora de darmos um basta nesta mentalidade tacanha.
É preciso, urgente e fundamental lutar para transformar o Vitória num clube forte e respeitado – e isso, acreditamos, passa necessariamente por um processo de efetiva democratização. E tal batalha não pode nem deve ser diminuída por efêmeros resultados em campo. Ela tem que ser constante, cotidiana.
Nossa tarefa não é fácil, mas não abdicaremos dela. E os males atuais e eternos só serão combatidos e, quiçá, eliminados quando deixarmos de ser um time que tem uma torcida para nos transformarmos numa torcida que tem um time.
Chega de farsas, tragédias e complexos.
P.S.1 Antes que algum gaiato venha me acusar de estar aproveitando do péssimo resultado de ontem para fazer proselitismo, recomendo que leia os últimos textos.
Além disso, lembro ainda que a atuação do MSMV não tem se pautado por resultados em campo, mas sim por princípios.
De nada.
P.S 2 Cadastre no
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