"Ele é a pessoa menos capacitada para falar isso. A pessoa menos capacatida de dizer o momento de parar é ele. Ele é um presidente de clube, não tem que estar opinando. Porque eu vou parar? Foi atrás de mim me implorando que eu viesse. Só vim porque houve consenso de eu dirigir a seleção paraguaia ao mesmo tempo do clube caso fechasse", lembrou Carpegiani, que ficou de reunir jornalistas em sua casa na tarde desta quarta para comentar as palavras de Portela.
O treinador de 63 anos achou contraditória a declaração do presidente. "Falta de convicção dele. Com essa campanha com mais de 90% de chance de subir, falar dessa maneira? Que convicção é essa?", bradou.
Outra afirmação do mandatário do Leão foi de que não houve acordo para mudança de comando, como anunciado no site oficial do clube, pela diretoria e o próprio treinador. Carpegiani teria sido mesmo demitido e recebeu a multa rescisória. Ele se defende. "Devido a minha outra estada aqui, pela falta de segurança, eu fiz essa exigência (da multa rescisória). Não abro mão disso. O time está no G4 e com grandes chances de subir. Se não conseguir o acesso, tem que botar uma faixa incompetente no peito e ir desfilar no Pelourinho", disse ao iBahia Esportes.
Caráter - Ainda na entrevista, Portela disse que avisou Ricardo Silva sobre a mudança de comando antes de demitir o treinador que estava no cargo. "É uma questao de princípio. Não sei direito como definir isso. Problema de caráter, de falsidade. Primeiro eu deveria ser informado, não o Ricardo", lamentou gaúcho de Erechim.
Carreira do filho - Outro ponto de discussão foi a declaração de Carpegiani ao programa Redação SporTV, que pensava em deixar o cargo de treinador do Vitória assim que o acesso fosse conquistado. A ideia era deixar que Rodrigo, seu filho, e Ricardo Silva assumissem o time para buscar o título da Segundona. Alexi Portela definiu o pensamento como "maluquice". O ex-técnico do Leão achou que a palavra foi dura e ressaltou que a ideia seria colocada para o presidente, já que ele não planejava continuar no clube em 2013.
"Eu conversava com ele (Alexi Portela, presidente do clube) constantemente. Eu passei pra ele: 'gostaria que o senhor me liberasse depois do acesso'. Ele disse: 'eu tenho mais um ano aqui, vamos fazer planos, buscar os jogadores'. Eu falei que não: 'minha mulher vai me matar'. Era coisa minha, coisa que que tava dentro. Eu disse exatamente isso para eles, Rodrigo e Ricardo Silva: 'minha ideia é conseguir a classificação, é deixar que vocês sejam os campeões'. Naquele momento tínhamos três, quatro pontos de frente para o Criciúma. O importante foi a campanha. Isso tudo ia se colocar no momento apropriado. No momento ele poderia não aceitar, mas ele partiu com tudo. É um pouco delicado. Isso tudo ninguém ia impor. Eu ia expor", explicou.
Contratações - As divergências ainda tiveram mais um ponto: contratações. Entrevistado após a saída da Toca, Carpegiani lamentou as dificuldades da Série B e disse que precisou usar muitos atletas da base. Alexi Portela rebateu e garantiu que ofereceu ao treinador mais um meia e um zagueiro. As contratações foram dispensadas pelo ex-treinador do clube.
De acordo com Carpegiani, a recusa se deu por conta do nível dos atletas que seriam contratados, já que a temporada havia passado da metade. "Que tipo de jogador tem que vir? Do nível dos que já temos? Melhores? Não tem. Custa dinheiro e não ia fazer esse tipo de investimento. Essa que é a realidade. Preferi usar os meninos", justificou. O ex-comandante do Leão ainda lamentou o afastamento do zagueiro Dankler, que não renovou contrato com o clube. "Ele me afastou o Dankler sem papo, sem diálogo. A decisão da atitude não convém a mim, se essa maneira é a correta de você trabalhar com os empresários". (Hailton Andrade / iBahia)