Por Franciel Cruz
Estes moços, pobres moços, que passam o dia todo ralando a bunda no asfalto, podem até duvidar, mas já houve um tempo em que a Música Brasileira podia ser grafada, assim, com iniciais maiúsculas e as porra.
Sim, crianças, nesta referida época a profusão de talentos era tanta que até alguns artistas muitos bons acabaram no quase anonimato. Um bom exemplo disso foi Sérgio Sampaio…
“Mas, será o impossível? O Vitória nesta pindaíba e o homem ainda quer tirar onda de crítico musical? E eu lá quero saber de porra de ême pê bê. Meu negócio aqui é o Vitória. Não se meta com meu gosto musical, que nunca me meti no seu”, rebarbou logo a moça do shortinho gerasamba, que anda mais ouriçada do que dançarina de pagode em véspera de Carnaval.
Pois muito bem.
Antes de ser interrompido pela danada que desfila em trajes tão pequenos quanto o futebol do lateral-esquerdo Ernani, eu falava sobre Sérgio Sampaio. E tratava aqui do referido capixaba não por diletantismo (até porque isso não combina com minha tradicional modéstia), mas sim porque, depois daquela chibança em Pituacivisky, lembrei-me da seguinte frase da canção Ninguém Vive Por Mim. Ouçam. “O pior dos temporais aduba o jardim”
Pois é, amigos de infortúnio, até mesmo daquele temporal de domingo foi possível ver algum adubo para o nosso jardim. E ele atende pelo nome de Deiberson Maurício Gómez, também conhecido como Geovani.
PUTAQUEPARIU A CATEGORIA!!!
Assim como este rouco locutor, o sacaninha conhece e pratica o Ludopédio em 18 idiomas. Em apenas 45 minutos, ele mostrou e demonstrou como a criança deve ser tratada. E, apesar de ainda não ter ritmo de jogo, correu, driblou, lançou e ainda tentou um sem pulo – coisa típica de quem não tem medo de errar e não se apavora com clássico (Tá ouvindo, Júnior Timbó?).
Aliás, antes de prosseguir, vou lhes fazer uma confissão. Em alguns momentos torci para que Geovanni começasse a errar algumas jogadas. E nas raras vezes que isso aconteceu, fiquei até aliviado.
Como assim? Assim. A diferença de categoria dele em relação aos outros jogadores (tanto do Vitória quanto do time de Dias D’ávila) era tamanha que eu cheguei a sentir vergonha alheia. Afinal, enquanto os pernas-de-pau ficavam parecendo estes epiléticos que rebolam freneticamente diante de qualquer batuque ordinário, o camisa 16 do Vitória jogava por música. E música de boa qualidade.
Porém, nem mesmo o maestro deve executar um futebol muito acima dos demais, senão os outros, envergonhados, não vão querer carregar o piano. Por isso, torci para que Geovanni desse um freio na bela exibição pebolística para não assustar os companheiros.
Por outro lado, temos que torcer agora para que o ritmo atrapalhado de algumas ruínas do Rubro-Negro não contagie o menino Deiberson e ele também acabe atravessando a porra de meu samba.
Saravá!!!