Mutatis mutandis (recebam, acomodados, um latinismo na torácica), o mesmo se aplica às arquibancadas da vida e morte severina. A culpa é sempre do técnico, que é burro, ou do jogador, que é barqueiro. Enquanto isso, os cartolas desfilam impunemente.
Bom.
Todos estes filosóficos prolegômenos são apenas para explicar os porquês de eu não ter seguido o grito da galera na hora do “Fora, Cerezo”, na fatídica e insossa apresentação de ontem à noite diante do ECPP. E silenciei não porque ache que o técnico esteja desenvolvendo um excelente trabalho. Ao contrário. Já o denunciei aqui várias vezes, seja por falta de comando, ou por pirraças pueris, como manter no time aquele homem chamado preguiça, que atende pelo nome de Lúcio Flávio.
No entanto, a verdade que salva e liberta é uma só. Silencie, principalmente, porque, neste instante, xingar técnico é novamente transferir a culpa para os subordinados e legitimar a atuação dos verdadeiros culpados. O alvo, o problema, amigos de infortúnios, está no andar de cima. A esculhambação que impera nas quatro linhas e na casamata é reflexo da (falta de) atitude e (da falta) do planejamento da direção. Sim, porque uma gestão que troca de diretor de futebol como a moça do Gerasamba troca de shortinho passa para os outros setores da instituição a imagem de descontrole, de vulnerabilidade ou coisa pior.
“Ah, Sêo Françuel, mas por que o senhor e seus amigos também não fazem algo para tentar ajudar, invés de só criticar?”, pergunta-me a moça do shortinho Gerasamba, enquanto troca de indumentária uma vez mais.
E, como sói, eu respondo. Com fatos.
Seguinte.
No último sábado, por exemplo, minha comadre,o Esporte Clube Vitória realizou um evento sobre Planejamento Estratégico. Pois muito bem. Ato contínuo à divulgação, o MSMV enviou um ofício formal, reivindicando a participação no evento por entender que o tema era (e é) de extrema relevância para o futuro do Clube. Como resposta, o ECV largou a seguinte mensagem. Às Aspas. “Conforme contatos mantidos com Dr. Rodrigo Santos, consultor contratado para conduzir o processo de reestruturação Organizacional do Esporte Clube Vitória, nos foi informado que o evento é exclusivo para: DIRETORES, MEMBROS DO CONSELHO FISCAL E DE ÉTICA E GESTORES CONTRATADOS DO CLUBE. Dr. Rodrigo Santos informou ainda que posteriormente haverá eventos destinados a conselheiros e sócio”.
Apesar de entendermos que poderíamos contribuir de modo efetivo, nós, coordenadores do Movimento, achamos a justificativa plausível. O que não foi plausível, nem aceitável, foi ler três dias depois na página oficial do Clube que também participaram do evento “representantes da imprensa e de segmentos organizados da torcida rubro-negra”
É graça uma porra desta?
Quer dizer que os conselheiros eleitos (nem questiono a eleição dos mesmos agora, pois já é matéria vencida) não são nem convidados a participar; quer dizer que uma entidade como o MSMV, que representa uma parcela expressiva de torcedores e sócios, é limada, excluída do processo, mesmo demonstrando interesse, mas setores da imprensa e representantes de segmentos organizados da torcida participam de algo que era somente para DIRETORES, MEMBROS DO CONSELHO FISCAL E DE ÉTICA E GESTORES CONTRATADOS DO CLUBE?
Francamente. Não será a saída apenas de Cerezo que vai resolver o problema do NOSSO Vitória.
A culpa, amigos, não é só do mordomo.
Por: Franciel Cruz (@ingresia)
P.S Eis abaixo o linque para o texto inicial sobre mordomos e culpas. A questão denunciada na ocasião, o nefasto tratamento que era dado aos sócios do SMV, foi razoavelmente equacionada.
http://victoriaquaeseratamen.wordpress.com/2010/03/13/a-culpa-nao-e-so-do-mordomo/