O futebol, em sua natureza, é um meio sujo. Ninguém pode cair de paraquedas nele, porque, como já ficou provado um zilhão de vezes, este não é brincadeira. E para comandar um clube, não basta somente o amor – que é importantíssimo, diga-se de passagem – mas, sim, muita competência.
Não sou apaixonado pela gestão de Alexi Portela no Esporte Clube Vitória. Tenho críticas que faço a ele, pessoalmente, porque não gosto de dar tapinhas nas costas de ninguém para depois 'bater' quando esta pessoa estiver ausente. Nunca fui disso. Gosto de falar tudo que penso para todos, independente de qualquer coisa. Deito com minha consciência tranquila.
Mas tenho que reconhecer: se o atual presidente rubro-negro não tivesse assumido um clube que estava falido, cheio de problemas dentro e fora de campo, sem receita, desmantelado, com certeza, com a palavra de um cara que ama esta agremiação, este estaria em um lugar que só Deus sabe.
Vou citar um exemplo claro: em 2006, segundo cálculo da diretoria atual, a dívida rubro-negra era de quase noventa milhões. De lá para cá, sob o comando do próprio Alexi e do seu vice-presidente, Carlos Falcão, esse número diminuiu para a casa dos dez milhões. A parte financeira, que conduz o processo, tem se mostrado o ponto forte desta evolução.
Essa atual gestão errou algumas vezes? Sim, muitas. Acertou em outras? Também, em tantas outras oportunidades, o que faz parte da reconstrução de um clube que estava passando sérias dificuldades. E isso, caros rubro-negros, não se faz da noite para o dia, infelizmente.
Coloquei isso tudo acima por um simples motivo: a quantidade de candidatos à presidência do rubro-negro que têm aparecido a cada ano. Muitos nomes e nada, absolutamente nada, de novo. Promessas? Não faltam. Soluções? Também não deixam de existir. O grande problema é sentar na cadeira e fazer.
Há alguns anos, mais especificamente em 2006, quando clube estava na Série C do Campeonato Brasileiro, não vi ninguém se habilitando a tal função. Com recursos escassos, era difícil imaginar que alguém mudasse o quadro. À época, lembro bem, muita gente virou às costas para não segurar o abacaxi.
Passaram-se os anos e tudo ficou mais fácil. Um clube que tinha uma receita anual de sete milhões em 2006 terminará este ano com sessenta. Engraçado como tudo muda, não é? A facilidade remete ao entusiasmo. E o novo remete, sem nenhuma dúvida, a curiosidade, o que nem sempre é bom.
Vejo torcedores do Vitória sonhando com a presidência do clube. Também tenho esse desejo, mas sei do quão importante é o clube para milhões de pessoas. Futebol não é brincadeira. Torcedor de arquibancada eu sou, mas só isso no momento. Não posso achar que apenas essa função me habilita a ter este cargo.
Gosto da inovação e sou a favor do progresso. Acredito que precisamos renovar sempre, mas sem vícios ou resquícios de problemas. Não sou a favor de A, B ou C, e nem levanto a bandeira de ninguém. Apenas defendo o Esporte Clube Vitória, clube que aprendi a amar desde muito novo. Nada além disso.
Diariamente, vejo tantas pessoas querendo entrar no mundo do futebol para se aventurar. Futebol não é aventura ou uma simples aposta. O esporte modifica a economia e a estrutura social de uma cidade, estado ou país. Como coloquei anteriormente acima: ninguém pode cair de paraquedas nele.
Como rubro-negro que sou, agradeço a todos os ex-presidentes do clube. Tenho que reconhecer a grande parcela de contribuição de cada um desses. Contudo, vejo que o tempo deles já passou. Seus méritos ficaram lá atrás e estarão presentes no futuro, mas de outra forma.
Não adianta ter centenas de ideias sem poder cumpri-las. Torcer é uma coisa. Gerir é outra completamente diferente.
Por: Maurício Naiberg