Sem papas na língua e de temperamento forte, Carlos Falcão é a antítese de Alexi Portela, seu antecessor (relembre aqui o mandato de Portela), o que pode explicar o sucesso da parceria entre duas figuras de estilos diferentes, mas com objetivos iguais.
Falcão é conselheiro do Vitória desde 1992. Seu primeiro cargo efetivo na diretoria foi entre 2000 a 2004, quando foi diretor de planejamento na gestão do ex-presidente Manuel Tanajura Filho. Em agosto de 2007, convidado por Alexi Portela, Carlos Falcão assumiu a vice-presidência administrativa e financeira do clube baiano. Seis anos depois, o dirigente destaca a importância do projeto e diz que a ideia é manter a linha adotada desde a chegada do grupo comandado por Alexi Portela ao Rubro-Negro.
- O importante não são as pessoas. O importante é o projeto. O importante é a gente acreditar no modelo que foi implantado pelo presidente Alexi e seguir nesse modelo. Isso vem sendo dito há muito tempo. Se você vir onde o Vitória estava em 2005, 2006, 2007, e onde estamos hoje em gestão financeira, em transparência, disputando vaga na Libertadores... Onde você olha, você vê o Vitória sendo destaque no Brasil. Nosso presidente [Alexi Portela] convidado para ser vice da CBF... Por essas e outras, a nação rubro-negra está de parabéns por ter entendido o projeto, e porque nos momentos difíceis soube separar o joio do trigo – disse.
Sem papas na língua, Falcão fala que a continuidade do projeto não será feita através de gastos que ultrapassem a meta do clube e alfineta antigas gestões. Com a modéstia de lado, o dirigente garante que a dedicação dos atuais diretores ao clube é explicada pelo amor que sentem pela instituição.
- Vamos dar continuidade ao que ajudamos a implantar. Isso significa responsabilidade, transparência, seriedade e controle orçamentário. Continuaremos com esse modelo que vem dando certo. Não vamos quebrar o Vitória, como outros que passaram aqui fizeram - afirma ao GE.
- Não existe um único, e me perdoe a falta de modéstia, que seja mais apaixonado do que nós. Eu, Alexi, Epifânio [Carneiro, vice-presidente na chapa de Carlos Falcão], que deixamos nossas empresas nas mãos de terceiros. Deixamos nossas famílias e tudo para estar aqui todos dos dias e viajar de forma completamente beneficente. Isso é amor. Podem amar tanto quanto, mas não mais. Nós também desejamos ser campeões brasileiros, chegarmos sempre em primeiro, óbvio, mas não vamos fazer loucuras, nem projetos megalomaníacos que todos sabemos onde acabou – completa.
Aos inimigos, a decepção
O estilo agitado de Carlos Falcão, que, enquanto fala, gosta de olhar nos olhos do entrevistador e demonstrar convicção, só muda quando o assunto são os opositores. Falcão fala grosso, faz cara feia e se mostra decepcionado.
- Porque os que criticam não instituíram a democracia o não colocaram o sócios para votar. Porque não acabaram com a reeleição. Hoje é uma demonstração inequívoca de que a ampla maioria acredita no projeto. Foi essa gestão que criou o sócio-torcedor. Alguns que criticam, um grupinho, estiveram no clube por décadas. Essa diretoria que foi reeleita foi que criou o sócio-torcedor e proibiu sucessivas reeleições. Antigamente, ficavam mandato após mandato – diz.
- Existe uma decepção. Porque, no momento em que a gente vê o Vitória vivendo, talvez, o seu melhor momento da sua história... Sou conselheiro há mais de 20 anos e não me lembro de ter visto uma assembleia tão concorrida. O Vitória nunca fez uma campanha tão boa quanto essa na Série A em pontos corridos. O Vitória nunca foi destaque em gestão financeira. O Vitória nunca foi destaque em transparência. Então fico triste, porque ainda existem pessoas que tentam prejudicar o time que eles dizem que amam - continua.
No mesmo estilo elétrico com que começa o papo, Falcão avisa que é a hora de voltar aos afazeres, mas sem antes avisar que acredita no crescimento do clube na sua gestão.
- O Vitória sabe, sim, o seu caminho. O Vitória tem todas as condições de continuar crescendo. Sete anos atrás, quando estávamos na Série C, ninguém diria que estaríamos brigando por Libertadores. Como chegamos a isso? Com seriedade, dedicação, trabalho e sem irresponsabilidade - finaliza.
O início do mandato de Carlos Falcão está marcado para às 18h desta segunda-feira, quando Conselho do triênio 201-2016, eleito por aclamação no dia 6 deste mês, vai escolher o novo presidente do clube baiano. Chapa única, a 13 de Maio foi eleita para comandar o 'legislativo' do Rubro-Negro pelos próximos três anos, encabeçada pelo deputado federal José Rocha e pelo ex-vereador de Salvador, Silvoney Salles.
A escolha da chapa 13 de Maio foi a terceira reeleição do grupo que comanda o Vitória desde 2005, quando o ex-presidente Paulo Carneiro e membros do seu grupo deixaram o clube. Expulso pelo Conselho depois de trabalhar no Bahia, Carneiro faz oposição ao atual grupo político do Rubro-Negro. (Eric Luis Carvalho / GloboEsporte)