Qual sua avaliação sobre os jogos do Vitória na Arena Fonte Nova?
Alexi Portela: É nossa casa de veraneio. Foi muito bom jogar lá. Tivemos dois jogos históricos contra nosso rival: os 5 a 1 e os 7 a 3 foram marcantes. A Fonte é um patrimônio baiano, mas ainda tenho um pé atrás. Não sei se o povo brasileiro está preparado para adotar um equipamento deste porte com a renda que temos no país. Não é barato manter uma arena. Hoje, estamos no oba-oba com Copa do Mundo, mas fico preocupado como serão geridos os estádios depois. É incompatível com a nossa realidade. Só o quadro móvel da Fonte não é menos de R$ 100 mil por jogo.
Alexi Portela: Com certeza. Até o preço do ingresso é influenciado por isso. Porém, nos últimos jogos melhorou bastante. Já critiquei bastante a Transalvador, mas eles estão de parabéns na operação feita nas rodadas recentes. Melhorou muito. Não é apenas obra ou via expressa. Faltava vontade política para ajudar no acesso. Hoje temos novas pessoas na Transalvador que estão abraçando a causa. Melhorou 60%.
Existe algum projeto para o Barradão se tornar arena?
Alexi Portela: Três empresas mostraram interesse na revitalização do Barradão, mas até nisso o acesso ao estádio prejudica. Nenhum investidor quer colocar seu dinheiro antes de ter a via expressa saindo do papel. Queremos colocar cadeiras em todo o estádio, cobertura e camarotes. Aí, vira arena.
A oposição alegou que a lista de sócios só foi liberada por causa da liminar e assim mesmo não foi cumprida totalmente, pois não diferenciava sócios inadimplentes e votantes. Qual a versão oficial?
Alexi Portela: Nós demos a relação de todos os sócios. O que não posso dar é endereço, CPF e telefone dos sócios. É invasão de privacidade...
O Vitória Século 21 inclusive fala em intervenção, como aconteceu no rival...
Alexi Portela: É preciso ter oposição. Porém, não entendo o Século 21 como oposição. Não diz nada... São pessoas que [pausa]... É só ver o que aconteceu com quem estava na frente do projeto e era candidato. Se você analisar, não existe clube mais aberto como o Vitória. Se você quiser juntar 300 amigos e se associar ao clube pagando 40 reais por mês, depois de um ano e meio você pode se candidatar no conselho e na presidência. Eles que não conseguiram reunir 300 pessoas... Que oposição é essa? Eles querem criar confusão. Desejam, na verdade, mamar na teta do Leão. Encontramos o Leão banguelo e hoje, com o Leão de banho tomado, com os dentes afiados e a juba crescida, eles querem voltar novamente para deixar tudo da mesma maneira que largaram.
Qual sua opinião sobre o Bom Senso F.C?
Alexi Portela: Eu tenho a reivindicação deles. O documento deles se resume a uma coisa: calendário. Existem cinco tópicos no documento, mas quatro são referentes a calendário. Eles não podem querer apenas direitos. É preciso ter deveres também. Um jogador não pode simplesmente chegar e dizer que quer jogar menos. Vai ganhar menos? Eles querem o que existe de melhor na lei Pelé e na CLT. É preciso um meio termo.
No critério comprometimento, este grupo atual foi o mais disciplinado?
Alexi Portela: Sem dúvida. Demos muita sorte nisso. Este ano contratamos jogadores profissionais. Os estrangeiros ajudaram muito na disciplina deste grupo. Todos os gringos são responsáveis, assim como o restante do grupo. Todos estão ali para trabalhar e cumprir seus deveres.
Você defende a inclusão dos estrangeiros no País. Existe a possibilidade de 2014 permitir seis gringos no time titular, ao invés de três?
Alexi Portela: É verdade. É preciso aumentar o número de estrangeiros. O primeiro aspecto é reduzir um pouco o nível salarial do jogador brasileiro. Hoje, o Brasil extrapolou. Para um time que tem uma renda bem inferior aos clubes do Sul, a saída é buscar atletas de fora. Para 2014, a CBF deve liberar o uso de cinco ou seis atletas de fora em cada jogo. A conversa está avançada.
Há um clamor pela permanência de Escudero e Maxi no elenco. O que tem de avanço nestas renovações?
Alexi Portela: Já temos contrato de dois anos com Cáceres. Conversamos com o empresário de Escudero e ele viajou para Argentina prometendo voltar para termos uma conversa definitiva. Temos interesse em manter os três no grupo. Não poderemos comprar Escudero, mas queremos renovar o empréstimo. Maxi é dono do próprio passe. Não foi verdade que o Palmeiras procurou o atleta. Eu mesmo conversei com o Brunoro (vice de futebol do Verdão) e ele me garantiu que não. O importante é que Maxi e Escudero querem ficar. Precisamos ter cuidado com os leilões. Tem dois anos que queríamos William Henrique, mas o empresário só liberava por um preço astronômico. Compramos agora quase de graça.
Outros atletas podem renovar com o clube?
Alexi Portela: No último jogo, contra o Santos, a mulher e a sogra de Juan assistiram ao nosso lado na cabine. A sogra dele fez questão de me dizer que nunca mais tinha visto Juan tão feliz num clube. Juan, Ayrton e outros atletas estão na nossa lista de renovação. Precisamos fazer um esforço para mantê-los no elenco do próximo ano.
Qual sua avaliação de Ney Franco? Ele fica?
Alexi Portela: Contra o Santos, ele me falou que vai continuar no Vitória. Em 2009, após saída de Carpegiani, eu queria ele. Tínhamos dois nomes: Ney e Mancini. Eu queria o primeiro, mas Jorginho Sampaio trouxe Mancini, pois já conhecia o grupo. Uma semana depois houve um jogo no Barradão e Ney veio defendendo o Coritiba. Fiquei conversando com ele depois do jogo e perguntei porque não veio para o Vitória. Ele me falou que não tinha sido procurado por nós. Me retei, bicho...
Você só perdeu um Estadual para o Bahia na sua gestão. Aprendeu a ganhar do rival?
Alexi Portela: Na realidade, eu fiquei chateado quando o Colo-Colo e Bahia de Feira foram para as finais. Qualquer outro clube que fosse para a final eu sabia que seria complicado. Quando era o Bahia na decisão, eu já sabia que iria conquistar o título. Quando perdi em 2012 foi algo atípico. Repare que não perdemos nenhum Ba-Vi. Infelizmente, nosso goleiro levou três gols fáceis. Foi um acaso. Gosto muito de decidir com o Bahia, pois sei que será um título certo...
Qual foi seu melhor Ba-Vi como presidente? E o pior?
Alexi Portela: Foram três marcantes: os 6 a 5 (2007), 5 a 1 e os 7 a 3 (ambos em 2013). O pior foi o 3 a 3 contra o Bahia, em Pituaçu. Éramos superiores e não merecíamos perder o título.
Se você fosse convidado para trabalhar no Bahia, você iria?
Alexi Portela: De jeito nenhum...
O Bahia cai?
Não me preocupo com isto. Tenho outras coisas mais importantes para me preocupar no Vitória.
Você pretende esquecer um pouco futebol quando sair da presidência?
Alexi Portela: Futebol é uma cachaça. Eu faço parte da Liga Nordeste. Vi um futuro promissor no Nordestão e estamos crescendo muito. O presidente do Flamengo já me disse que pretende participar da Copa do Nordeste como convidado. Só está esperando o convite. Hoje, a cota por jogo do Nordestão é maior que a Série B. O clube recebe mais. Imagina o Flamengo aqui?
O crescimento do Nordestão pode engolir os estaduais?
Alexi Portela: Os estaduais não podem acabar. Nunca. O que cria a rivalidade é o estadual. Defendo a redução das datas, nunca a extinção.
O que dizer para torcida restando pouco para sua saída?
Alexi Portela: Primeiramente, agradecer. Trabalhar entre a razão e a paixão é complicado. Sempre fui respeitado. Nunca precisei de segurança. Não usei o clube para o meu favorecimento. É amor mesmo. Estamos perto da Libertadores e, na minha despedida, contra o Flamengo, quero coroar nossa vaga. (Moysés Suzart / Foto: Eduardo Martins / A TARDE))