"Algumas pessoas acreditam que futebol é questão de vida ou morte. Fico muito decepcionado com essa atitude. Eu posso assegurar que futebol é muito, muito mais importante." [1]
A cultura pebolística mundial é pródiga em chavões e clichês.
A cultura pebolística mundial é pródiga em chavões e clichês.
Em nossa Pindorama, não seria diferente: do torcedor no rádio ao presidente do clube, há um universo de autores enriquecendo o folclore do ludopédio. O futebol e a vida se integram. No Brasil, o futebol é pervasivo. Foi neste contexto que, em algum momento (do ano da graça de 2003 pra cá), alguém pegou o microfone em um pós jogo e imortalizou a máxima da era dos pontos corridos: "em um campeonato difícil como esse, não se pode perder os pontos fáceis".
Mas como "a Bahia é o Brasil levado às últimas consequências" (dá-lhe, Otávio Mangabeira), o referido (hoje) clichê ganha novas e maiores proporções - afinal, o grau de dificuldade do campeonato pátrio é inversamente proporcional ao orçamento dos clubes.
Estive anteontem na Arena 51 (viva o povo da Bahia!) assistindo ao que prometia ser o jogo da liderança do Decano. Ingressos esgotados do lado rubro-negro, torcida confiante, e do outro lado nada além de um ex-rival. Mas não deu. A mim resta dizer que um time que quer (e vai) ser campeão brasileiro em 2013 não pode perder os pontos fáceis. Mas se alguém quer saber, o empate sem gols com a sardinha não foi o pior da tarde/noite deste último domingo.
Nas páginas de "Em busca de sentido", fantástico relato autobiográfico de Viktor Frankl acerca do período em que (sobre)viveu no campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra, se destila com crueza diversos aspectos do sofrimento humano e de sua superação. Dentre as diversas facetas da agonizante experiência descrita, chama a atenção a seção do livro que o autor chama de "O que dói é o escárnio". Nela, Frankl descreve que, muito mais que a recorrente violência física, o que lhes tomava a vida era o vilipêndio com que isso acontecia, o deboche cruel dos guardas.
Pois muito bem.
Alexi Portela e seus asseclas, em sua sistemática estratégia de migração do mando de campo do Vitória para a Arena, tiraram o clássico do Barradão e o que eu vi foi o torcedor ser tratado como gado para adentrar os portões, espremido contra grades, num estádio que vende a ilusão do conforto. O que eu vi foi o locutor da Arena (no pré, intervalo e pós jogo) perguntar pela animação da torcida do bahÊa (com "Ê" mesmo), em pleno mando de campo rubro-negro. O que eu vi foi sócio-torcedor ter a carteirinha rejeitada nas catracas.
"O que dói é o escárnio".
Tudo para defender o interesse de empreiteiras e do Governo do Estado (o que dá no mesmo).
Mas essa é mais uma batalha que o povo da Bahia não vai perder. Afinal, tal qual um Corneteiro Lopes às avessas (salve dois de julho!), Alexi Portela quis dar o toque de atacar para acabar com o Barradão, mas o que a torcida ouviu (e viu, e sentiu) domingo foi um toque de recolher, em defesa do maior atacante do Vitória de todos os tempos, e gritou a plenos pulmões:
"É BARRADÃO!! É BARRADÃO!! É BARRADÃO!!"
Por: Rodrigo Falcão
[1] Bill Shankly, histórico treinador escocês que dirigiu o Liverpool por 15 anos.
Mas como "a Bahia é o Brasil levado às últimas consequências" (dá-lhe, Otávio Mangabeira), o referido (hoje) clichê ganha novas e maiores proporções - afinal, o grau de dificuldade do campeonato pátrio é inversamente proporcional ao orçamento dos clubes.
Estive anteontem na Arena 51 (viva o povo da Bahia!) assistindo ao que prometia ser o jogo da liderança do Decano. Ingressos esgotados do lado rubro-negro, torcida confiante, e do outro lado nada além de um ex-rival. Mas não deu. A mim resta dizer que um time que quer (e vai) ser campeão brasileiro em 2013 não pode perder os pontos fáceis. Mas se alguém quer saber, o empate sem gols com a sardinha não foi o pior da tarde/noite deste último domingo.
Nas páginas de "Em busca de sentido", fantástico relato autobiográfico de Viktor Frankl acerca do período em que (sobre)viveu no campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra, se destila com crueza diversos aspectos do sofrimento humano e de sua superação. Dentre as diversas facetas da agonizante experiência descrita, chama a atenção a seção do livro que o autor chama de "O que dói é o escárnio". Nela, Frankl descreve que, muito mais que a recorrente violência física, o que lhes tomava a vida era o vilipêndio com que isso acontecia, o deboche cruel dos guardas.
Pois muito bem.
Alexi Portela e seus asseclas, em sua sistemática estratégia de migração do mando de campo do Vitória para a Arena, tiraram o clássico do Barradão e o que eu vi foi o torcedor ser tratado como gado para adentrar os portões, espremido contra grades, num estádio que vende a ilusão do conforto. O que eu vi foi o locutor da Arena (no pré, intervalo e pós jogo) perguntar pela animação da torcida do bahÊa (com "Ê" mesmo), em pleno mando de campo rubro-negro. O que eu vi foi sócio-torcedor ter a carteirinha rejeitada nas catracas.
"O que dói é o escárnio".
Tudo para defender o interesse de empreiteiras e do Governo do Estado (o que dá no mesmo).
Mas essa é mais uma batalha que o povo da Bahia não vai perder. Afinal, tal qual um Corneteiro Lopes às avessas (salve dois de julho!), Alexi Portela quis dar o toque de atacar para acabar com o Barradão, mas o que a torcida ouviu (e viu, e sentiu) domingo foi um toque de recolher, em defesa do maior atacante do Vitória de todos os tempos, e gritou a plenos pulmões:
"É BARRADÃO!! É BARRADÃO!! É BARRADÃO!!"
Por: Rodrigo Falcão
[1] Bill Shankly, histórico treinador escocês que dirigiu o Liverpool por 15 anos.