Parece que os dirigentes atuam no cotidianamente apenas para confirmar aquela sentença do Barão de Itararé: “De onde menos se espera... daí é que não saí nada mesmo”.
Por certo, até mesmo o velho e guerreiro Chacrinha (aquele que “veio para confundir, não para explicar”) ficaria indignado e surpreso com a mais nova barafunda em que se meteu o programa de fidelidade Sou Mais Vitória (SMV). Para nossa sorte, tal situação, vai sendo, aos poucos, desvendada por torcedores mais atentos, que gostam de acompanhar de perto a atuação do Clube fora das quatro linhas.
Pois que a tal mixórdia, se não esclarecida a contento e com a máxima urgência, poderá trazer enormes prejuízos a um considerável número de pessoas em curto período de tempo. Senão, vejamos: de uns tempos pra cá, sócios-torcedores do Vitória começaram a perceber que, após realizada a renovação de seus respectivos planos SMV, a nova carteirinha expedida não informa com a devida clareza a data de ingresso do cidadão no referido Programa. Lá consta apenas um lacônico “DESDE” seguido da data da renovação em 2012. Uma frase solta, perdida no verso do cartão.
Sim, mas, aquele “DESDE” significa exatamente o quê? É “sócio desde” ou “renovado desde” ou “admitido desde”, ou “válido desde”, ou…? Mistério. Curiosamente, feita a mesma pergunta a 5 funcionários diferentes, obtém-se 5 respostas também diferentes.
E, mesmo para quem ainda não renovou seu plano em 2012, a carteira anterior TAMBÉM não faz referência clara, expressa e objetiva à data de ingresso do torcedor no Programa SMV (o que, ainda por cima, dificulta sobremaneira o controle da data de vencimento). Aliás, neste particular, mais confusão e omissão: alguns funcionários (do Clube e do SMV) dizem que há tolerância de 30 dias (para mais ou para menos) para se considerar a renovação sem ininterrupção do vínculo. Outros, porém, já dizem que são apenas 15 (quinze) dias. Outros, ainda, 10 (dez) dias. Na verdade, ninguém se entende. Há casos de sócios que renovaram 1 (um) dia depois do prazo e obtiveram, no ato, na lata, a singela informação: “Perdeu, playboy! Não há tolerância alguma! Sua renovação começa a contar somente a partir de hoje! Todo seu tempo anterior? Isso não te pertence mais…”. Só pra variar, os documentos oficiais do Clube (estatutos, regulamento do SMV, etc.) não trazem absolutamente NADA a respeito do assunto.
E a confusão só se agrava e se espalha. Mais ainda na medida em que entram em cena os tortuosos labirintos da informática: pelas informações até aqui coletadas informalmente, parece haver diferentes sistemas de controle de sócios: um feito pelo E.C.Vitória, outro utilizado pelo Programa de Fidelidade SMV e mais outro disponibilizado no site do Clube, na “Área do Associado”. Agora, se com apenas 1 sistema de cadastro já há margem para falhas, imaginem todos estes operando ao mesmo tempo…
Pra completar (e pra meu desespero), ao tentar buscar minhas informações na tal “Área do Associado” não consegui acesso de jeito nenhum. Fui obrigado, então, a ser protagonista involuntário do seguinte diálogo (insólito, mas não menos insano) com o telemarketing do SMV:
- Sim, então, como me cadastro no site?
- Sr., o Sr. tem que estar colocando seu o e-mail como login.
- Mas aparece a mensagem: “Senha ou usuário inválido”.
- Então o Sr. vai poder estar clicando em “Esqueceu a senha?” para estar pedindo uma nova senha.
- Mas eu não quero senha. Quero me cadastrar como usuário!
- Sr., o Sr. precisa estar clicando em “Esqueceu a senha?” para que possamos estar entrando em contato com o Sr.
- Já fiz isso, mas aparece outra mensagem: “Este e-mail não foi encontrado na nossa base de associados”!!
- Então o Sr. não está cadastrado na base de dados do site, Sr.
- Mas esta foi exatamente a minha 1ª pergunta!! Como me cadastro no site?!?!
- Sr., o Sr. tem que estar colocando o seu e-mail como login…
Neste momento, sinto piscar um letreiro na minha testa, escrito: O-TÁRIO, O-TÁRIO, O-TÁRIO! Vergonha (própria e alheia) foram tão grandes, que ainda agradeci antes de desligar.
Mas, acreditem, fica ainda pior: há notícia de casos em que sócios-torcedores aparecem com UMA DATA IMPRESSA NO CARTÃO e OUTRA DATA DIFERENTE NO SISTEMA DO SMV. Também casos de datas divergentes entre os sistemas do SMV e do site (a infame “Área do Associado”). Carteiras e recibos de inscrição com informações conflitantes também começam a ser denunciados. Isto sem falar na extrema dificuldade de acesso a informações oficiais e precisas sobre tão importante assunto.
Nestas condições, tal imbróglio poderá imputar enorme transtorno ao sócio-torcedor. Muito longe do que apregoa, o Clube não costuma adotar a menor transparência nesta relação que, em primeira instância, é uma RELAÇÃO DE CONSUMO como outra qualquer, isto é, possui garantias expressas nos diversos diplomas legais do país (Estatuto do Torcedor, Código de Defesa do Consumidor e na própria Constituição Federal). Fica, então, a pergunta: trata-se de um simples descaso, singela incompetência administrativa ou conveniente estratégia política?
Ora, ora, ora. Ninguém é menino. Não por coincidência, esse registro e controle de datas é absolutamente FUNDAMENTAL PARA AQUISIÇÃO DO DIREITO DE VOTO previsto pelo Estatuto do E.C.Vitória. A partir delas, conta-se 18 (dezoito) meses, para aferir se o sócio tem direito de votar. Lembro agora, inclusive, do nefasto episódio ocorrido na última eleição do Vitória (em Dezembro/2010), no qual alguns sócios-torcedores foram surpreendidos na portaria do Clube e impedidos de participar da eleição. Molhados de chuva e humilhados por “não constarem na lista”. Lista esta que, diga-se de passagem, não se sabe quem elaborou, de onde surgiu e sem jamais ter sido levada ao conhecimento dos principais interessados (os sócios-torcedores do Vitória) com a devida antecedência, ou seja, ao completo arrepio dos valores e das instituições democráticas do país.
Em resumo, hoje e agora, pouquíssimos são os torcedores do E.C.Vitória que têm a plena certeza da sua condição de sócio perante o Clube: se seus dados estão corretos, se seus direitos estão preservados hoje e se estarão quando da próxima eleição, em Dezembro de 2013. De tudo, uma única certeza: há muita coisa obscura e sem explicação plausível até o momento. Assim é que esta mensagem, longe de possuir um tom acusatório, infamante ou tumultuador, tem o único objetivo de ALERTAR O TORCEDOR RUBRO-NEGRO para que esteja sempre atento e que faça valer o seu direito! Quem ama o Vitória certamente apoiará qualquer medida que evite os transtornos do passado e que se apóie firmemente na preservação da democracia, da transparência e do respeito ao torcedor.
Por: Franciel Cruz (@ingresia)