Mesmo com o sol escaldante da costa do dendê corroendo meu parco juízo e deixando a minha mente mais obnubilada do que de costume (e olhem que nem contei com o auxílio luxuoso de algumas substâncias não recomendadas pela Carta Magna), desconfiei logo nas primeiras horas do dia que este domingo, também conhecido como ontem, estava mais para Via Crucis do que para Páscoa.
E, para confirmar meus piores pressentimentos, o eixo da embarcação que me traria de volta se atracou com um toco de madeira por conta da maré baixa. Viagem adiada por, pelo menos, duas horas, segundo informação do marinheiro. E duas horas naquela região, amigos de infortúnios, é uma eternidade, pois ninguém ali tem apreço a relógio – o que tem lá suas vantagens, mas não exatamente quando a quentura está dilacerando sua moleira.
Para acabar de fuder Moreré e uma banda de Monte Alegre, o único cidadão que possuía uma lancha rápida no agora insalubre recinto não estava muito católico comigo porque, na noite anterior, cancelei um passeio de última hora.
E cancelo também aqui o relato das agruras, pois, se eu contar 12,4% dos transtornos, tenho a certeza de que o mais insensível doas ouvintes irá chorar, beijar meus pés e ainda me emprestar dinheiro para cortar o cabelo.
Como não tenho vocação para vítima, destaco apenas que, neste percurso infernal, enfrentei três trios elétricos tocando (tocando é um modo gentil de falar) um pagodão dos seiscentos DEMÔNHOS na feira dos caxixis em Nazaré. Tal recepção sonora me fez tomar o rumo do Santo Antônio de Jesus, aumentando a viagem em mais de num sei quantos km. Detalhe: num engarrafamento constante em todo o trajeto, coisa de fazer inveja à fila do Ferry Boat.
Depois de chegar em casa mais quebrado do que arroz do maranhão, busco alguma boa notícia com os amigos. E tento logo botar um pouco de entusiasmo, naquela batida do autoengano. “E aí, meu velho, o Vitória brocou de 2 x o e…”
O cidadão nem espera eu completar a pergunta e já começa as lamúrias. Diz que foi um dos piores jogos do ano, que isso, que aquilo, que aquiloutro. E o rol de queixas é tanto e tamanho que, diante do sofrimento dele, penso que meu calvário foi nada.
Aí, faz-se um estalo a La Vieira e confirmo que tudo é uma questão de perspectiva. Assim, mudo de opinião até em relação aos nossos suplícios dominicais. Afinal, aguentar estas chibanças todas e ainda ter forças para continuar adiante num deixa de ser renascimento, uma celebração da páscoa.
Por: Franciel Cruz (@ingresia)
Para acabar de fuder Moreré e uma banda de Monte Alegre, o único cidadão que possuía uma lancha rápida no agora insalubre recinto não estava muito católico comigo porque, na noite anterior, cancelei um passeio de última hora.
E cancelo também aqui o relato das agruras, pois, se eu contar 12,4% dos transtornos, tenho a certeza de que o mais insensível doas ouvintes irá chorar, beijar meus pés e ainda me emprestar dinheiro para cortar o cabelo.
Como não tenho vocação para vítima, destaco apenas que, neste percurso infernal, enfrentei três trios elétricos tocando (tocando é um modo gentil de falar) um pagodão dos seiscentos DEMÔNHOS na feira dos caxixis em Nazaré. Tal recepção sonora me fez tomar o rumo do Santo Antônio de Jesus, aumentando a viagem em mais de num sei quantos km. Detalhe: num engarrafamento constante em todo o trajeto, coisa de fazer inveja à fila do Ferry Boat.
Depois de chegar em casa mais quebrado do que arroz do maranhão, busco alguma boa notícia com os amigos. E tento logo botar um pouco de entusiasmo, naquela batida do autoengano. “E aí, meu velho, o Vitória brocou de 2 x o e…”
O cidadão nem espera eu completar a pergunta e já começa as lamúrias. Diz que foi um dos piores jogos do ano, que isso, que aquilo, que aquiloutro. E o rol de queixas é tanto e tamanho que, diante do sofrimento dele, penso que meu calvário foi nada.
Aí, faz-se um estalo a La Vieira e confirmo que tudo é uma questão de perspectiva. Assim, mudo de opinião até em relação aos nossos suplícios dominicais. Afinal, aguentar estas chibanças todas e ainda ter forças para continuar adiante num deixa de ser renascimento, uma celebração da páscoa.
Por: Franciel Cruz (@ingresia)
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