Caso gostasse de agradar a turba ignara que se contenta com migalhas, seguiria o caminho fácil do otimismo acrítico que fede a imbecilidade e conclamaria em caixa alta: PODE VIBRAR, TORCIDA RUBRO-NEGRA!!! Porém, tal e qual um Marcio Greyck do ludopédio, j’accuse: As aparências não podem sustentar as nossas vidas.
No entanto, contudo, todavia e diversos outros inobstantes, temos que, como pregavam os comunistas de antanho, analisar a nossa situação inserida no contexto. Basta lembrar que, há há menos de um mês, realizávamos a pior campanha dos últimos 20 anos. É fato que, nestes últimos dias, o time cresceu (lá ele) de produção, especialmente depois que aquele pecado capital chamado preguiça, que atende pelo nome de Lúcio Flávio, foi sacado do time. Porém, ainda estamos longe de apagar estas máculas recentes e ter um time que nos encha os olhos.
E, já que falei de visão, cabe uma pergunta: será que, tal e qual aquele povo de itinga que ateia fogo em bordel, sairemos cegos por aí com uma camisa listrada comendo sardinha e arrotando caviar? Não creio que seja atitude das mais recomendáveis oftalmologicamente.
Ah, mas também não estou para cagar regras sobre bom senso e retinas. Cada um é senhor de seu cada qual – e torce, e enxerga, da forma que bem entender. Faço este alerta somente para que, desculpe a redundância, estejamos alertas e lutemos por dias melhores, mais luminosos e menos sombrios. Aliás, vou repetir pela ducentésima, quadragésima, nona vez: O atual campeonato baiano num é parâmetro para porra nenhuma. (Para isso, basta lembrar quem é o atual líder da competição).
E não é parâmetro exatamente porque não temos com quem testar efetivamente nossas forças. Há mais de 20 anos que nenhum outro time (a não ser a sardinha e o Vitória) disputa ao menos a segunda divisão do Nacional. O quadro é tão dantesco que os campeões temporãos, como Colo-Colo e Bahia de Feira, se desgraçam todo nas primeiras fases da…quarta divisão.
Há coisa de 30 anos, o quadro não era tão disgramado. Em 1981, por exemplo, tínhamos o Galícia brocando Corinthians e Botafogo na Taça de Ouro, o equivalente à Série A. Além disso, havia um Leônico ou Catuense fazendo campanhas razoavelmente dignas na Taça de Prata. Porém, os regulamentos foram mudando e os times da Bahia foram perdendo espaço. Estas equipes que citei, coitadas, saíram da posição de destaque e rumaram para o anonimato. E o fato é que, efetivamente, não mais conseguimos romper a dicotomia rubro-negra x tricolor.
Então, já há algum tempo que o Varelão se tornou uma caricatura de si mesmo. Eu, discarado que sou, perco minhas noites de quarta-feira para ver um Vitória x Juazereinse, mas vou porque, como disse, sou discarado, não por acreditar que ali se está praticando algo parecido com futebol. Ontem mesmo, apesar do placar dilatado, foi um jogo muito do meeiro.
É possível que eu esteja neste mau humor dos seiscentos demônhos porque fui obrigado a ver novamente Lúcio Flávio enganando 90 minutos com a camisa 10 do Vitória. Porém, independentemente disso, amigos de infortúnios, tenho a convicção de que para enfrentar a hora Jota, aquela em que o Leão vai beber água, é preciso muito mais do que a sede atual. No entanto, se vocês que assim tá beleza, beleza. Apenas depois não venham para cá dizer que Santo Antônio lhes enganou.
Amém?
Por: Franciel Cruz (@ingresia)
P.S Ah, aos que esperam que eu fale sobre o novo santo da Bahia, o homem, o mito, o pentelho, o atual maior artilheiro do Brasil de todos os tempos da última semana, podem ficar tranquilo. Falarei amanhã.