Por debaixo dos panos
Por: Pedro Venancio (Olheiros.net)
Formar, formar e ter alguns de seus melhores atletas sumindo do clube e aparecendo no Sul ou Sudeste de uma hora para outra. De alguns anos para cá, essa tem sido a rotina do Vitória, e o tema foi abordado aqui mesmo, nesta coluna, há alguns meses, quando o atacante Carioca /95, atualmente no Cruzeiro, e o volante Uelisson, também /95 que retornou ao clube, haviam sumido do Barradão.
A história se repetiu no fim de junho, e a bola da vez agora é o meia Danilo (à esquerda na foto), convocado com frequência para a seleção brasileira sub-15, que agora defende o Vasco.
Por: Pedro Venancio (Olheiros.net)
Formar, formar e ter alguns de seus melhores atletas sumindo do clube e aparecendo no Sul ou Sudeste de uma hora para outra. De alguns anos para cá, essa tem sido a rotina do Vitória, e o tema foi abordado aqui mesmo, nesta coluna, há alguns meses, quando o atacante Carioca /95, atualmente no Cruzeiro, e o volante Uelisson, também /95 que retornou ao clube, haviam sumido do Barradão.
A história se repetiu no fim de junho, e a bola da vez agora é o meia Danilo (à esquerda na foto), convocado com frequência para a seleção brasileira sub-15, que agora defende o Vasco.
De acordo com João Paulo Sampaio, diretor das categorias de base do clube baiano, o sentimento é de frustração. “O Vitória fez tudo o que podia pelo Danilo. Demos um emprego a uma pessoa que cuidava dele, ele tinha uma ajuda de custo maior do que a dos outros meninos. Quando a mãe dele veio pedir geladeira, fogão, nós providenciamos”, disse o dirigente, que fez questão de ressaltar que a culpa não é do time carioca, e sim do empresário do meia, um alemão identificado apenas como Stefan. O colunista que vos escreve tentou entrar em contato com o referido empresário, mas não obteve resposta.
Normalmente, neste tipo de situação ninguém costuma assumir muito a responsabilidade. Os empresários afirmam que o jogador se mudou por vontade da família, que devolve a culpa para o empresário. O “jogo de empurra” às vezes parece combinado, mas nem sempre respeita a vontade do jogador. Ainda de acordo com João Paulo Sampaio, Danilo não queria de jeito nenhum deixar o Vitória e chorou ao saber que ia sair do clube que defendeu por dois anos. “Ele tinha o carinho de todos por aqui”, finaliza.
O caso de Danilo não é o único. O volante Robertinho, também /96, trocou recentemente o rubro-negro baiano pelo Santos após quatro anos no Barradão, e o atacante Felipe Sampaio, nascido em 1997 agora está no Fluminense. Há também o meia /99 Índio, que também deixou o clube e especula-se que o destino dele tenha sido o Grêmio, embora ainda não haja essa confirmação. Isso sem contar o goleiro Guido, que deixou o Vitória para atuar no Santos em 2010.
Curiosamente, os jogadores “roubados” do Vitória não tem dado muito certo nos clubes em que atuam. O volante Alan e o atacante Nadson, por exemplo, eram badalados na base baiana, mas não conseguiram se firmar no Santos, bem como outros jogadores que deixaram o clube muito cedo, mas acabaram ficando pelo meio do caminho e não se firmaram nos profissionais em clubes um pouco maiores. Ao contrário, por exemplo, de quem esperou um pouco mais para sair, como Elkeson e Anderson Martins.
Ainda assim, fica claro que o clube perde receita quando perde esses jogadores sem receber nenhum tipo de compensação financeira, o que compromete ainda mais um orçamento de uma equipe que, por ser de uma região menos desenvolvida economicamente do país, já sofre com uma concorrência acirrada e quase desleal e alguns momentos. É necessário ainda que haja uma proteção maior ao clube, mesmo com a aprovação da mudança da Lei Pelé no início do ano, que já resguarda um pouco mais os clubes formadores.
Aos atletas baianos, é válida a reflexão. Logicamente, a possibilidade de mobilidade social em curto prazo é tentadora, mas a possibilidade de comprometimento da carreira existe. Afinal de contas, estamos falando de adolescentes que saem de perto de suas próprias casas – alguns deles já estavam longe, mas agora estão mais longe ainda – para tentar a sorte em um lugar que lhes é completamente desconhecido. O próprio Danilo, que vive em Simões Filho, próximo a Salvador, chegou a treinar no Grêmio, mas não se adaptou ao clima gaúcho e acabou voltando. Esse tempo de adaptação pode influenciar decisivamente na formação do jogador. Fica difícil julgar qualquer decisão sem conhecer os pormenores nas quais ela foi tomada, mas um pouco de cautela ao receber essas propostas não faz mal a ninguém.
Nos acréscimos
#1
Arthur Maia, ao que tudo indica, finalmente terá uma oportunidade concreta nos profissionais do Vitória. O meia, que recentemente renovou contrato até 2014 com o clube, foi eleito o melhor jogador do “Torneio Internacional da Juventude”, competição sub-19 na Holanda, da qual o rubro-negro baiano foi campeão. Maia marcou dois gols do triunfo por 3 a 0 sobre o Vitesse na decisão e, ao chegar em Salvador, treinou nos profissionais e encantou o técnico Vagner Benazzi, que confirmou sua promoção. “Vem e não volta mais”, disse Benazzi.
#2
Outro que também vem ganhando projeção é o zagueiro Dankler, cujo empresário, Stefan, é o mesmo de Danilo. Alto, forte e rápido, ele já despertou o interesse do Freiburg, da Alemanha, mas o time baiano conseguiu segurá-lo. Destaque nos treinos com os profissionais, poderá ganhar uma vaga na equipe a qualquer momento.
Normalmente, neste tipo de situação ninguém costuma assumir muito a responsabilidade. Os empresários afirmam que o jogador se mudou por vontade da família, que devolve a culpa para o empresário. O “jogo de empurra” às vezes parece combinado, mas nem sempre respeita a vontade do jogador. Ainda de acordo com João Paulo Sampaio, Danilo não queria de jeito nenhum deixar o Vitória e chorou ao saber que ia sair do clube que defendeu por dois anos. “Ele tinha o carinho de todos por aqui”, finaliza.
O caso de Danilo não é o único. O volante Robertinho, também /96, trocou recentemente o rubro-negro baiano pelo Santos após quatro anos no Barradão, e o atacante Felipe Sampaio, nascido em 1997 agora está no Fluminense. Há também o meia /99 Índio, que também deixou o clube e especula-se que o destino dele tenha sido o Grêmio, embora ainda não haja essa confirmação. Isso sem contar o goleiro Guido, que deixou o Vitória para atuar no Santos em 2010.
Curiosamente, os jogadores “roubados” do Vitória não tem dado muito certo nos clubes em que atuam. O volante Alan e o atacante Nadson, por exemplo, eram badalados na base baiana, mas não conseguiram se firmar no Santos, bem como outros jogadores que deixaram o clube muito cedo, mas acabaram ficando pelo meio do caminho e não se firmaram nos profissionais em clubes um pouco maiores. Ao contrário, por exemplo, de quem esperou um pouco mais para sair, como Elkeson e Anderson Martins.
Ainda assim, fica claro que o clube perde receita quando perde esses jogadores sem receber nenhum tipo de compensação financeira, o que compromete ainda mais um orçamento de uma equipe que, por ser de uma região menos desenvolvida economicamente do país, já sofre com uma concorrência acirrada e quase desleal e alguns momentos. É necessário ainda que haja uma proteção maior ao clube, mesmo com a aprovação da mudança da Lei Pelé no início do ano, que já resguarda um pouco mais os clubes formadores.
Aos atletas baianos, é válida a reflexão. Logicamente, a possibilidade de mobilidade social em curto prazo é tentadora, mas a possibilidade de comprometimento da carreira existe. Afinal de contas, estamos falando de adolescentes que saem de perto de suas próprias casas – alguns deles já estavam longe, mas agora estão mais longe ainda – para tentar a sorte em um lugar que lhes é completamente desconhecido. O próprio Danilo, que vive em Simões Filho, próximo a Salvador, chegou a treinar no Grêmio, mas não se adaptou ao clima gaúcho e acabou voltando. Esse tempo de adaptação pode influenciar decisivamente na formação do jogador. Fica difícil julgar qualquer decisão sem conhecer os pormenores nas quais ela foi tomada, mas um pouco de cautela ao receber essas propostas não faz mal a ninguém.
Nos acréscimos
#1
Arthur Maia, ao que tudo indica, finalmente terá uma oportunidade concreta nos profissionais do Vitória. O meia, que recentemente renovou contrato até 2014 com o clube, foi eleito o melhor jogador do “Torneio Internacional da Juventude”, competição sub-19 na Holanda, da qual o rubro-negro baiano foi campeão. Maia marcou dois gols do triunfo por 3 a 0 sobre o Vitesse na decisão e, ao chegar em Salvador, treinou nos profissionais e encantou o técnico Vagner Benazzi, que confirmou sua promoção. “Vem e não volta mais”, disse Benazzi.
#2
Outro que também vem ganhando projeção é o zagueiro Dankler, cujo empresário, Stefan, é o mesmo de Danilo. Alto, forte e rápido, ele já despertou o interesse do Freiburg, da Alemanha, mas o time baiano conseguiu segurá-lo. Destaque nos treinos com os profissionais, poderá ganhar uma vaga na equipe a qualquer momento.
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