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[Atlético-PR 3 x 5 Vitória] Fomos ao céu e ao inferno e voltamos. Por Marcelo Torres.

O principal jogo do campeonato brasileiro no final de semana começaria às 18h30, no Sul, no domingo, entre um clube do G4 e outro do meio da tabela. Esse jogo, obviamente, seria o duelo gaúcho-mineiro entre Inter e Cruzeiro, em Novo Hamburgo.

A melhor partida, de fato, começou às 18h30 do domingo, no Sul e foi um jogo entre um clube do G4 e outro do meio da tabela. Só que o duelo foi entre o Furacão paranaense e o Leão baiano, na Vila Capanema, em Curitiba.

Antes do jogo, ninguém dava bola para essa peleja. Até porque o script era: invicto em casa, o Furacão não teria dificuldade para "engolir" o Leão, que só rugira alto nos Aflitos (3 a 0 sobre o Náutico) e em São Januário (2 a 1 de virada sobre o Vasco).

Foi uma partida que, em vez de dois tempos cronológicos de 45 minutos, foi dividido em três tempos psicológicos distintos. E tome-lhe emoção, adrenalina, dramaticidade.

E um final de matar vitoriosos e derrotados.

Antes do jogo, o Furacão perdera o quarto lugar para o Grêmio, que vencera o São Paulo no Morumbi, enquanto o Leão da Barra havia descido à 13ª colocação.

Naquele momento, o Furacão estava a sete pontos do 5º, o primeiro fora do G4. Já o Leão estava a seis pontos do 17º, o primeiro na Z4.

O primeiro, dos três tempos, foi dos visitantes, que abriram 3 a 0 facilmente: Renato Cajá, Ayrton - em bela cobrança de falta - e Dinei, um golaço, em contra-ataque fulminante.

Na saída para o intervalo, o improvável aconteceu: perdendo por 3 a 0 para um franco atirador, a torcida não vaiou os atletas. Ao contrário, em plena lua de mel com o time, os torcedores aplaudiram, apoiaram, incentivaram – confiando num empate improvável e, quem sabe, numa vitória, que talvez fosse impossível.

Quando começou o segundo tempo, antes mesmo do primeiro minuto, um lance talvez selasse o resultado. O atacante Marquinhos, do Vitória, que não é de desperdiçar as chances que estava desperdiçando, chegou a ficar cara a cara com o goleiro atleticano, mas chutou nos pés de Weverton e perdeu a chance de fazer para o Vitória os mesmos 4 a 0 que a Lusa acabara de enfiar no Timão.

Aí, então, dos dois aos trinta do segundo tempo, o Furacão ressurgiu com a força que o colocou entre os melhores do campeonato. E conseguiu algo que estava entre o improvável e o impossível – empatou em 3 a 3, com dois gols de Ederson e um de Roger (ex-Vitória).

O relógio marcava 25 minutos do segundo tempo cronológico. E a Vila Capanema pegava fogo. A torcida vibrava euforicamente nas arquibancadas. Em campo, os atleticanos embalados e entusiasmados partiram para o abafa total, uma blitz no campo dos visitantes.

A virada iminente – espetacular, gloriosa, histórica - era questão de tempo. E os invictos donos da casa ainda tinham 23 minutos pela frente para dar o golpe de misericórdia.

Já o Vitória saíra do céu ao inferno em minutos. A alegria de minutos antes cedeu lugar à angústia. Agora, perdidos em campo, os jogadores estavam abatidos, cansados, atônitos, à beira de uma tragédia.

O Vitória parecia antever um novo vexame nacional. À memória do seu torcedor, por mais que não quisesse, vinham cenas de um filme que ele só quer esquecer: no ano passado, pela Série B, o time chegou a colocar 3 a 0 no Goiás, no Serra Dourada, e sofreu uma virada inacreditável.

Este escrevinhador, que é Vitória desde outras encarnações e decepções, já tentava imaginar o que seria o resto do domingo após a virada iminente. Como seria a segunda-feira fúnebre? Como cicatrizar uma nova ferida? Como chamaria os confrades para assistir as outras partidas do clube?

E, o pior de tudo, como suportar a gozação dos arquirrivais tricolores, que, àquela altura, já estavam fazendo carnaval em Salvador e rindo da nossa cara?

Na cabeça de um torcedor, não adiantaria se consolar com a lembrança de outros clubes que levaram viradas semelhantes ou até piores.

Exemplos...

O que se passou na cabeça do torcedor palmeirense ao final da Copa Mercosul de 2000? O Palmeiras enfiava 3 a 0 no Vasco no primeiro tempo, jogando em casa. Até os 40, o alviverde vencia por 3 a 2.

O Vasco fez 3 a 3, resultado que, mesmo assim, levaria a decisão para os pênaltis. Mas Romário, no último segundo dos acréscimos, fez o gol da virada espetacular para os vascaínos, que foram campeões.

O que se passou na cabeça dos torcedores do Milan, da Itália, na final da Liga dos Campeões de 2005? O time foi pro vestuário com 3 a 0 sobre o Liverpool e a mão na taça.

Na volta, os moços de Liverpool fizeram três gols num intervalo de quinze minutos e levaram a decisão para os pênaltis. Com um lado abatido, por ter cedido o empate, e outro eufórico, por alcançar o improvável, este acabou vencendo aquele nos penais.

No último domingo, quando veio o 3 a 3, essas coisas pouco importavam para o torcedor do Vitória, que antevia o script da maldição: a vitória retumbante dos donos da casa, protagonistas de toda honra e toda glória, agora e para sempre, enquanto nós ficaríamos com o amargo sabor de outra derrota humilhante, pois era esse o pesadelo que se avizinhava.

É o futebol e suas histórias de dramas, fracassos, glórias, angústias...

E o improvável aconteceu de novo: o treinador Ney Franco, do Vitória, tirou o maestro Cajá, autor do primeiro gol, e colocou em campo um jovem esquisito, William Henrique, jogador que sequer havia sido relacionado em jogos anteriores.

E foi este menino que fez um golaço e acabou por jogar uma ducha de água fria na empolgação atleticana: 4 a 3 para o Vitória. Na sequência, o mesmo moleque traquino cruzou na medida para Ayrton decretar o resultado: 5 a 3 para o Vitória.

Para os atleticanos, foi uma quase-virada-espetacular. Os atletas saíram aplaudidos de pé pelos quase 11 mil torcedores.

Para nós, torcedores do Vitória, aquele moleque de cabelo espinho-de-fogo, agora passava a ser o “príncipe” William.

Após o pesadelo iminente, o alívio e a alegria – sofrida, como sempre - de uma vitória para nunca mais esquecer.

Para o futebol, uma partida como poucas. O melhor jogo do campeonato até aqui, com oito gols, três tempos e um drama de cinema.

Tanto foi assim que, ao final do jogo, na página deste escrevedor no Facebook, o escritor paraibano Bráulio Tavares perguntou ao cineasta baiano José Araripe Júnior: “Araripe, estás vivo?”

Torcedor do Vitória, Araripe certamente havia “morrido” na cabeçada de Roger para as redes, mas “ressuscitou” aos pés do “príncipe” William no apagar das luzes.

“Voltei”, respondeu o cineasta, para dizer que voltara à vida. “Graças ao desfibrilizador da ambulância que entrou no finalzinho ligado em 220”.

Pois é, nós fomos ao céu e ao inferno e voltamos.

Já o cruzeirense Samuel Rosa, da banda Skank, naquela hora estava feliz da vida. Onde quer que estivesse na noite de domingo, ele certamente estava cantando: “Que coisa linda é uma partida de futebol”.

Por: Marcelo Torres
Jornalista, baiano, morador de Brasília e, claro, torcedor do Vitória
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Comentários
1 Comentários

1 comentário(s):

Unknown disse...

Parabéns Marcelo pela forma que descreveu este jogo fantástico

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