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O VOO DE UM SUPER-HERÓI.

Em 1976 foi inaugurada a boate Dancing Days. Nos anos seguintes, já no auge da moda das discotecas, as meninas Frenéticas, aquelas que nasceram sabendo que eram bonitas e gostosas, cantavam em todas as rádios: “o que mais me dói é que você escolheu errado seu super-herói”.

Entre uma coisa e outra, o moço Carlos André Avelino de Lima, conhecido nos gramados pebolísticos como André Catimba, assinalava um gol decisivo na final do Gauchão de 1977.

O tento quebrou a hegemonia de oito anos do Internacional, deu o título ao Grêmio e fez o jogador virar notícia não exatamente pelo feito, mas pela sua emocionada comemoração.

Catimba balançou as redes e voou num impulso de dar inveja ao super-homem. Desafiou a gravidade e a lógica. Aliás, um dos seus grandes méritos em campo era este, o de acreditar em todos os lances, nunca considerando uma bola perdida. Seu apetite por gols era maior do que a própria razão.

A gravidade interrompeu o voo de Catimba e ele caiu no gramado contundido e vencedor, ao mesmo tempo. Um misto de sensações novamente sem nenhuma lógica. E as imagens foram veiculadas mundo afora, servindo de chacota para gargalhadas estúpidas.

Quem riu não entendeu que ali tinha se dado o trágico e fabular instantâneo do homem descobrindo os seus limites. Catimba, este herói do título tricolor, herói do esporte bretão, herói da artilharia e dos gols por todos os times que passou, sem asas, encontrou o chão.

O problema é que nós continuamos escolhendo errado nossos super-heróis. Quantas vezes nos deixamos enganar por vilões travestidos de paladinos da justiça? Quantas vezes apontamos dedos em riste para rir dos “patéticos sonhadores”? Quantos que são capazes de rir da imagem do centroavante tentaram um dia, como ele, voar?

Não parece lógico que sobre o aplauso de milhares de pessoas, gritando gol em uníssono, algum tipo de mágica se estabeleça? Somente quem nunca pisou num estádio de futebol pode achar que o que acontece ali dentro segue à risca o tipo de pragmatismo capaz de acreditar que a gravidade pode vencer!

Catimba fez 67 gols no seu tempo de Grêmio, contribuindo decisivamente para os títulos de 1977 e 1979. No ano da inauguração da Dancing Days, fez bailar a torcida verde e branca do Guarani, com 27 tentos assinalados em 1976.


Antes ainda, por cinco anos, defendeu as cores do Vitória, sendo um dos pilares da geração de 1972, jamais esquecida pela torcida rubro-negra baiana. O ataque poderoso formado por Osni, Catimba e Mário Sérgio fazia tremer os mais respeitados adversários.

Somente em campeonatos brasileiros, o centroavante voador balançou a rede 31 vezes, até hoje o segundo maior artilheiro do Vitória na competição nacional.

Gigante com seus 1,73m de altura, ele irrompia defesas adversárias como um bólido. Dominava bem todos os fundamentos, gozando de um tipo de intimidade com o gol que poucos foram capazes de experimentar.

Em 1974, quando o Vitória jogou o melhor futebol do país e foi descartado das semifinais por um árbitro, que era fã de Nelson Rodrigues e achava poesia no seu apelo por canalhas no futebol, a equipe emplacou três jogadores na seleção final do campeonato.

Entre os onze da Bola-de-Prata da Placar estavam o goleiro Joel Mendes e os atacantes Osni e Mário Sérgio. Parecia muito para um time que não chegou às finais, não? Era tanto que não tiveram coragem de premiar o melhor centroavante da competição, André Catimba.

Tão improvável quanto o próprio futebol vistoso daqueles dias, Catimba estava fadado a cumprir a sina dos nossos melhores heróis, o destino de serem lembrados não por suas glórias, mas por suas quedas.


No próximo dia 27, na segunda noite do festival de cinema Cinefoot Tour, em Salvador, André Catimba vai ser finalmente homenageado aqui na Província. A plasticidade do seu vôo interrompido só caberia mesmo em dois lugares, num estádio de futebol ou no cinema. Claro, porque a chamada sétima arte nada mais é do que a materialização do sonho humano de ser mais do que é.

Corações rubro-negros baianos e corações de todos que amam este esporte – o lema do citado festival de cinema é: Futebol é mais que um Jogo – devem estar em festa celebrando Catimba. Vamos todos, como fizemos nos anos 1970, voar junto com ele, sem medo da gravidade, como se chão não haja.

Alegria e estado de graça não significam isto, o chão que nos falta sem fazer falta? O chão é para os comuns, para os imortais somente os céus! Até porque num mundo cheio de gente pé no chão, alivia a alma saber que ainda existem os que querem voar e os que sabem escolher certo os seus super-heróis.

João Carlos Sampaio é, nesta ordem, torcedor do Vitória, crítico de cinema e fã de super-heróis.

PS: Para quem lê da Bahia, lá vai o serviço de utilidade pública:

CINEFOOT TOUR 2013 – SALVADOR
Espaço Itaú Unibanco Glauber Rocha
De 26 a 29 de junho
Sessões noturnas, às 20h30
Entrada Franca
(Homenagem à André Catimba acontece no dia 27)
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