Fico feliz em ver o Leão novamente na Série A, não só por ser torcedor – e nunca escondi isso de ninguém – mas pela oportunidade de ter o futebol baiano, cada dia mais sofrido, um pouco fortalecido um ano antes do início da Copa do Mundo de 2014. Isso é bom para o estado e para a região Nordeste, sem nenhuma dúvida.
E apesar do ano não ter começado como esperado, com a derrota para o Bahia no estadual, acho que terminou do jeito que todos queriam: com a vaga na primeira divisão. Lógico que todos nós sabíamos que poderia ser melhor, com o título da competição, contudo, o que vale mesmo é chegar ao objetivo.
Vi um Vitória altamente competente nos primeiros dezenove jogos na segundona. Seguro, maduro e avassalador. Isso me animou bastante e até achei – assim como todos que acompanhavam até aquele momento – que a taça ficaria na Toca. Nos enganamos e foi frustrante demais.
Talvez fique até pesado colocar a palavra frustração, mas é um sentimento que ficou marcado. Nem o Goiás, nem o Criciúma e muito menos o Atlético-PR contaram nesta Série B com um elenco melhor que o baiano. Tenho absoluta certeza disso, mas todos eles tiveram duas coisas simples no futebol: competência e humildade para reconhecer seus limites.
Quando Paulo César Carpegiani foi demitido, concordei com essa atitude da diretoria. Estava sem comando, desgastado e jogando todo o trabalho tático realizado fora. O problema é que Ricardo Silva, a quem depositava muita confiança, por conhecer o grupo melhor que qualquer outro, não deu certo na sequência.
A chegada de Paulo César Gusmão – que, diga-se de passagem, não é um treinador de Série A – foi um alento para acalmar o ambiente e trazer felicidade ao elenco. Nesta parte, acho que ele trabalhou direitinho, mas a equipe manteve o péssimo desempenho de todo o segundo semestre e não jogou nada durante esses quatro confrontos sob seu comando. Nenhuma mudança significativa e muita desorganização tática foram marcas registradas dele nestas últimas semanas.
Um exemplo disso foi esse empate com o Ceará, dentro de um Barradão lotado. Precisa mesmo ser no sofrimento? Por pouco – muito pouco – o acesso ficaria para 2013. Desinteressados, os cearenses estavam pedindo para a partida terminar e, com um a menos, ainda levaram sufoco ao gol de Deola. São coisas que não entenderei nunca no Vitória.
Estou feliz? Sim, mas não posso deixar de colocar para vocês que esse acesso era uma obrigação do clube. O Vitória entrou na segunda divisão como favorito e precisava confirmar isso. É um absurdo que um grupo de jogadores que tem toda a estrutura para se trabalhar fazer o que fez com a torcida. Eles conseguiram algo inédito: manchar uma campanha de acesso.
Acho que as comemorações precisam ficar para trás agora. Na verdade, não existe nem tempo para isso. A partir deste domingo a diretoria precisa começar a se movimentar, pois a Série A já começou. Tem que se repensar no planejamento de futebol do clube, porque, ao contrário disso, o risco de retornar para a segunda é altíssimo.
E para não bater e voltar, será necessário um esforço grande de toda a direção do clube. Não há espaço na Série A para resquício de amadorismo. Tem que ser profissional o tempo inteiro. Caso contrário, é melhor ficar longe dela.
Por: Maurício Naiberg