Os filhos de Cristina Kirchner, do nada, como quem dá um bom dia, já se cumprimentam assim: “La concha de tu madre, hijo de la puta pelotudo de mierda. Chingo tu madre en el asno todas las noches”.
Agora mesmo estava tentando achar uns palavrões para falar sobre a façanha épica de Neto e do Vitória ontem à noite, mas veio apenas aquela cantiga quase pueril das torcidas organizadas.
PUTAQUEPARIU É O MAIOR ARTILHEIRO DO BRASIL: NETO.
(Por muito menos, e por um ídolo menor do que o Friedenreich lambuzado de dendê, eles fazem até camisa só pelo prazer dos palavrões.)
Já este pobre PQP acima é sem sal e sem verdade – até porque Neto não é somente o maior goleador do país. Sua façanha, que merecia xingamentos em 28 idiomas, é muito mais transcendental, pois, com os três gols de ontem à noite diante do ABC, ele se tornou um nome na História, o homem, o mito, que mais balançou as redes do Parque Socioambiental, Santuário Ecológico Manoel Barradas, o Monumental Barradão, superando o ex-reizinho da Toca do Leão, Ramon Menezes.
Traduzindo: o sacana agora é um filho da puta imortal, especialmente porque começou a compreender que sua marca pessoal não pode ser maior nem deve estar dissociada da glória do coletivo Rubro-Negro. “Esta marca não é minha e sim de todos os companheiros, do mais humilde funcionário ao presidente, das tias da cozinha. Cheguei a esta marca com ajuda dos meus companheiros”.
Portanto, a partir de agora, nada do que eu diga ou xingue estará à altura da façanha do maior artilheiro do Barradão.
Já morrendo de ciúme, a Moça do Shortinho Gerasamba, ainda com os olhos de ressaca a la Capitu, bota as mãos na cintura, dá um remeleixo – e pergunta impaciente: “Oxeeeenteeee (ela capricha no oxente) e onde é que entram os covardes do título da resenha, Sêo Françuel?”.
Como sei que mulher ciumenta transforma-se numa besta fera, respondo logo. A rigor, minha comadre, os covardes não entram. Eles saem. São, digamos assim, aquelas almas sensíveis que não suportam a dor e abandonam o estádio antes do apito final.
Pois muito bem.
A epopeia diante do ABC foi tanta e tamanha, coisa de botar Homero no chinelo, que redimiu até estas criaturas. Afinal, como bem definiu meu amigo André Dantas, os fujões são HIJOS DE LA PUTA como a gente. Às aspas. “Quem nunca fraquejou na sua fé que atire a primeira pedra. Eu mesmo perseverei não por fé, mas, por um paradoxal desalento. O desespero que moveu os que fugiram foi o mesmo que me manteve sentado. E os que saíram não merecem castigos, mas sim louvores, pois não ver, in loco, a Glória Rubro-Negra já foi penitência mais que suficiente”.
Para encerrar esta prosa, lembro aquele axioma que garante que a História não fala dos covardes. Não falava. Aqui, não somente falamos como deixamos eles falarem. E vibrarem. Ouçam as palavras e os gritos da Salvação.
Por: Franciel Cruz (@ingresia)