Isso não se faz.
Nos espezinhar como fizeram. Não se faz.
Sufocar, reprimir, entalar nossa alegria. Não se faz.
Nos incutir esperanças mil para depois tirar-nos essas mesmas esperanças de forma tão cruel. Com requintes de crueldade mesmo. Não se faz.
Futebol não é merecimento. Se assim fosse muita coisa seria diferente. O Vitória, pela falta de planejamento e pelo campeonato que fez, não merece subir. Mas outros times estiveram e estão nessa mesma situação e têm mais chances hoje de subir.
O que decide mesmo é a bola entrar nas redes. A nossa entrou e o juiz anulou, mas mais que tudo. A nossas outras bolas não entraram por incompetência. Foi assim contra o Barueri no Barradão e a bola puniu. Foi assim contra o Bragantino e a bola nos puniu de novo. Foi assim contra o São Caetano e a bola puniu mais uma vez. E tantas outras vezes ao longo deste ano.
Falar que Benazzi errou na escalação mais uma vez? Normal. Mas isso não se faz.
Falar que mudou errado e demorou a mudar? Normal. Mas isso não se faz.
O nosso problema e, apesar de já ter melhorado, vou me incluir nisso, é que idolatramos muito jogadores, dirigentes e técnicos. O problema é que confundimos criticar com cornetar. Para muitos criticar algo que visivelmente está errado é cornetar, é dizer que não é o momento, é dizer que o outro está errado e simplesmente insistir nisso para se parecer certo. O problema é que elogiar tudo e qualquer coisa, mesmo sem merecimento, é ser exemplo modelo de torcedor. Não é.
A gente precisa é parar de idolatrar jogador. Chegam, jogam bola ou não e se vão. Nós ficamos. O clube fica. A gente tem que idolatrar apenas quem amamos. O Vitória. O clube que ficará para sempre.
É legal elogiar esses jogadores que aí estão quando jogam bem. Mas idolatrá-los cegamente só os fazem subir no salto e achar que jogam um futebol que verdadeiramente não jogam, como muitas vezes vimos.
Precisamos equilibrar a razão com a paixão. Até porque ainda temos chances de voltar ainda esse ano. É complicadíssimo. É desafiador, mas a chance ainda existe e se conseguíssemos isso seria um dos grandes milagres da história do futebol. Aos descrentes ou aos crentes, tenho certeza que estarão todos de frente para TV no sábado esperando ver o que vai dar.
De um jeito ou de outro precisamos planejar melhor o 2012. Não é só time. É comportamento de torcida, é fiscalização dos dirigentes, é montagem de elenco mais qualificado, é investimento nas divisões de base, é mudança de postura nas decisões. Tudo que não fizeram ou não fizemos nesses dois trágicos anos, é preciso mudar. Tudo que nos maltrataram… isso realmente não se faz!
Mas já que fizeram, que chegue logo sábado, que a semana passe rápido. O tempo cura tudo. As dores desse jogo perdurarão mesmo que o time suba. As cicatrizes continuarão abertas ainda por um tempo. Isso tudo porque dói demais não ter seu amor correspondido. Mas só o que resta é nosso amor mesmo. Nosso infinito amor. Nossa torcida, eu e você, nossos amigos de Barradão, todos os leoninos que estão hoje cabisbaixos não mereciam o que aconteceu. O time do Vitória nos maltratou. Mais uma vez. Isso não se faz!
Mas vida que segue.
Saudações leoninas.
Por: Larissa Dantas (Blog do GloboEsporte)
PS 01 – O problema não é nem nunca foi o Barradão. Quem ganha jogo é o time dentro de campo. É jogador bom em vários setores e não apenas em uma ou outra posição. O Barradão lotado ajudou esses bons times de bons jogadores que tivemos quando eles, por algum motivo, foram surpreendidos por seus adversários. Portanto não adianta criticar o nosso patrimônio, nosso santuário onde conquistamos a maioria dos triunfos que temos hoje. O que verdadeiramente vem acontecendo é que essa diretoria, sem o planejamento adequado de montagem de elenco, está destruindo a alegria do torcedor em ir ao Barradão, está destruindo a possibilidade do Barradão lotado ajudar o time e fazendo com que a confiança do torcedor vá para o ralo.
PS 02 – Hoje não sinto raiva de ninguém. Não consigo sentir raiva de jogador A, B ou C. Não consigo sentir raiva de dirigente ou de torcedor. O sentimento é um só: tristeza. Só me sinto triste… e o tempo cura todas as mazelas desse mundo.