Agora imagine que, além de tudo, esse problema causa dores físicas algumas vezes insuportáveis. O drama em questão é real. Quem o vive é Neto Coruja, 24 anos, volante do Vitória.
“Isso é um condição da própria pessoa. A genética do Neto é assim. É perfeitamente possível que ele siga jogando, mas terá de lidar com isso pelo resto da carreira”, diz Wilson Vasconcelos, médico que cuida do caso.
As primeiras dores começaram ainda quando Neto Coruja era da base do Vitória. “Jogava mordendo os dentes de tanta dor. Até que, no fim do ano passado, as dores se tornaram insustentáveis e tive de parar”, afirmou. Seu último jogo foi no dia 5 de dezembro, no 0 a 0 com o Atlético-GO que rebaixou o Vitória para a Série B. Ali, o drama deixava de ser só físico e se tornava também emocional.
“Doí muito ver seus companheiros rindo, treinando, jogando, e eu aqui, sem poder fazer nada. Todo dia, chego a sonhar que estou fazendo treinos físicos, coisa que nenhum jogador gosta”, comenta Coruja.
Atualmente, Barradão, para o jogador, só na arquibancada. “Quase chorei quando vi o Vitória perder o Baiano para o Bahia de Feira. foi duro não poder estar em campo para ajudar meus colegas”, garante. “A força que recebo de todos no clube é o que me faz continuar com o tratamento” completa, sem conseguir disfarcar o abatimento que quase o fez desistir de dar esta entrevista.
No início do ano, o volante se mudou para a Toca do Leão. Desde então, tem feitos trabalhos diários de fisioterapia e buscado tratamentos alternativos para resolver o problema. “São os tratamentos mais modernos do mundo. A finalidade é acabar com as inflamações atuais e fazer o fortalecimento dos tendões”, afirma Wilson.
Segundo o médico, o problema do jogador é o mesmo que viveu Ronaldo Fenômeno ao longo da carreira. Voltar a jogar é uma questão de fazer o atleta parar de sentir dor.
“Ainda dói muito. Só alivia quando deito”, afirma o volante, que só relaxa quando ouve do médico a garantia que voltará a jogar. “Confio que, em, no máximo, 45 dias, Neto terá condições de jogo”, diz Wilson. Agora, para o atleta e para a nação rubro-negra, só resta lutar e torcer. (Ricardo Palmeira / A TARDE - Foto: Erik Salles)