Muito interessante o movimento em prol de uma melhor captação de eventos para nossa cidade. Veio a Stok Car, a Seleção Brasileira, o Cirque du Soleil. Vem por aí Copa do Mundo, talvez a Fórmula Indy e, quem sabe, Paul McCartney.
Pode parecer a velha política romana do "pão e circo", e, aliás, há uma forte desconfiança sobre isso. Mas, em pelo menos um projeto vejo uma transversalidade de propósito entre diversão e ação:
a parceria entre Vitória e Governo do Estado.
A atuação deste projeto irá melhorar as coisas para o clube, que muito pouco tem recebido dos gestores públicos, apesar desta não ser uma obrigação nem tampouco prioridade para qualquer que seja a política pública em questão.
O comentário surge apenas pelo fato de vermos muito sendo feito e mobilizado em prol de uma instituição esportiva similar a nossa, mesmo que esta esteja claramente sem caminho aparente, o que traz um grande risco à qualquer investimento, seja de que natureza for.
Evitando a comparação direta, podemos avaliar que o projeto deve acrescentar ao clube maior
comodidade e segurança em seus arredores, oferecendo uma valiosa contra partida, a doação de um terreno para a construção de escola.
Isto é sensato, pois se ajuda de um lado e recebe de outro, diferente das concessões oferecidas ao Bahia, onde se ajuda de um lado e... só. Aqui não há como não comparar, pois podemos imaginar que o sentido daquele investimento é de ordem sentimental. Há quem ache isso louvável.
Mas, o real sentido deste texto é apenas um alerta aos olhos desatentos que comemoram o circo e o Cirque: esporte, diferente do que muitos gestores pensam, não significa apenas diversão e entretenimento.
Todo o mundo desenvolvido sabe que o esporte, antes de tudo, é um projeto de saúde e de educação, o que parece ainda estar longe de nossa realidade, menos no caso da parceria entre Governo e Vitória.
E mais uma vez o clube se apresenta como modelo para alguma coisa. Muitos podem achar banal, mas fazer algo acontecer dessa forma, por mais lógico que seja, é difícil até mesmo para os mais políticos e regulares negociadores.
Mais um ponto para a atual gestão do clube.
Esperamos que este projeto saia o mais rápido possível e que sirva de exemplo como modelo para ações futuras. O único risco que corremos é o de sermos uma potência esportiva internacional. Mesmo que com pouco pão, o Cirque será apenas uma cereja neste bolo.
Ricardo AzevedoJornalista, é coordenador da
Fundação Memorial do Vitória e conselheiro do clube. Na atual diretoria, exerce a função de diretor de
marketing.