Cadastre seu e-mail para receber notícias do Vitória

Você receberá um e-mail com um link, clique nele para ativar e confirmar sua inscrição. Caso não tenha recebido, cadastre-se novamente.

[Entrevista] Atacante André Lima: "Minha vontade é de permanecer, mas não depende só de mim"

Quando chega dezembro e o sol começa a castigar a cidade, quase não há alma viva que permaneça na Toca do Leão. Os campos de treinamentos, vestiários e sala de imprensa vazios dão sinal de que as férias chegaram para o elenco rubro-negro. No CT que é a casa do Vitória, apenas dirigentes planejando o futuro do clube e alguns funcionários que exercem atividades de rotina, como os porteiros que fiscalizam a entrada e a saída de automóveis. O marasmo futebolístico só é interrompido quando um atacante de 1,85m desce as escadas em direção ao campo. É André Lima. Recuperando-se de uma cirurgia no joelho, ele abdicou das férias para acelerar o retorno aos gramados e recebeu a equipe do GloboEsporte.com em um desses dias de trabalho no centro de treinamento.

A lesão na estrutura óssea do joelho não tem dado trégua a André Lima. Depois da cirurgia, o jogador foi obrigado a ficar cerca de dois meses sem colocar o pé esquerdo no chão. Era da cama para o sofá, do sofá para a cama. Mas o atacante também não tem dado trégua à lesão. Foram sessões diárias de fisioterapia e musculação, até que, finalmente, ele pudesse voltar a treinar com bola quatro meses após a cirurgia, dois meses antes do previsto pelos médicos rubro-negros.

O sucesso na recuperação do atacante não pode ser definido em apenas uma palavra. Se pudesse, seria ela ‘dedicação’. Esforçado, apelidado de ‘Guerreiro Imortal’ em terras gaúchas, na época em que atuava pelo Grêmio, André nunca deixou a peteca cair. Ergueu a cabeça e seguiu em frente, mesmo diante da lesão mais grave da carreira. Ou da lesão mais ‘complicada’, nas palavras do jogador. Para ele, ‘envolveu cirurgia, é grave’.

Para superar a adversidade que a vida colocou em seu caminho no auge dos seus 28 anos, André contou com o apoio da família, dos médicos e dos fisiologistas do Vitória. Da diretoria e dos companheiros de clube. Dos amigos e dos fãs espalhados pelos seu Instagram (@andrelima99). Escolheu Salvador para realizar a cirurgia e a posterior recuperação. Em nenhum momento pensou em deixar a capital baiana.

– Tem basicamente quatro meses que eu fiz a cirurgia. Diariamente, eu venho fazendo fisioterapia. Graças a Deus, superei a previsão dos médicos que era de seis, setes meses, para começar a correr. Hoje eu já corro, já trabalho com bola. Então, estou muito bem. Claro que tem que ter calma. Estou tentando acelerar, mas a gente tem que respeitar o corpo. Não foi uma lesão simples. Mas estou me sentindo bem e, em breve, vou voltar a fazer o que eu gosto – revela o atacante, que nega ter pulado etapas no tratamento.

– Não é que eu pulei. A recuperação foi muito boa devido à minha dedicação e de não abrir mão de ficar em Salvador. Me deram a opção de procurar outro clube para me operar, mas eu fiz questão de ficar. Em nenhum momento eu quis sair daqui. Com a ajuda dos profissionais da fisioterapia, dos médicos e o apoio da minha família, estou me recuperando. E tem o meu jeito também. Eu sou um cara muito dedicado. Não consigo fazer nada que não seja 100%. Até no par ou ímpar, eu quero ganhar – diz.

Difícil é segurar André Lima. Se dependesse dele, aceleraria o tratamento. Tanta disposição fez algumas ‘vítimas’: alguns profissionais do clube abriram mão das férias para acompanhar o atleta nos treinamentos. Só que ele mesmo sabe que não pode exigir demais do corpo, afinal, depois da cirurgia e de algum tempo parado, é preciso se reacostumar a fazer várias coisas, inclusive andar.

– A parte pior já passou, que foi o pós-operatório. Fiquei praticamente dois meses de muleta, sem colocar o pé no chão. Foi um momento difícil para mim, que estou acostumado a treinar, a ter uma vida ativa, e de repente tive de ficar 60 dias deitado na cama ou no sofá, sem poder fazer nada. Hoje eu já ando normalmente. Já estou batendo na bola. Não com toda a vontade que eu estava antes da lesão, até porque tem o período de readaptação. Eu brinco com o pessoal da fisioterapia que eu estou reaprendendo a andar. Foi uma lesão no osso, então você aprende mesmo a andar, a se reequilibrar. Eu não tenho nada a reclamar, só agradecer. Agora é me dedicar mais ainda para em janeiro estar pronto para voltar a fazer o que eu mais gosto – diz.

ESTREIA E FRUSTRAÇÃO
A lesão de André Lima não poderia ter acontecido de maneira mais frustrante para ele, para a torcida do Vitória e para o então técnico Caio Junior, que dias antes havia comemorado a contratação de um ‘camisa 9 de parar o aeroporto’. O atacante foi apresentado oficialmente no dia 18 de julho e, apenas dez dias depois, machucou-se. Foi logo na sua estreia, no dia 28, no empate em 1 a 1 diante do Coritiba, na 9ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Ele havia entrado em campo não fazia dez minutos. Aos 45 do segundo tempo, subiu para disputar uma bola de cabeça no meio-campo. Na queda, pisou no gramado de mau jeito, virou a perna e fraturou o joelho esquerdo. A cena é angustiante. E André a viu diversas vezes.

– É engraçado. Antes de viajarmos para Curitiba, tivemos uma reunião com o professor Caio (Junior, ex-técnico do Vitória), e eu cheguei para um membro da comissão e perguntei: 'Poxa, eu vou viajar? Eu queria ficar mais um tempo treinando'. Ele falou: 'Não, você viaja com a gente e joga uns dez, quinze minutinhos para já ir se acostumando'. Algo já me dizia que não era para ter ido. Mas é coisa do futebol. Não tem jeito. Acontece. Às vezes eu fico vendo o lance em casa e penso: 'Pô, para quê que eu fui pular naquele momento ali?' – revela André Lima.

Mesmo sentindo o joelho travado, André Lima permaneceu em campo até o final da partida. O Vitória já havia efetuado as três substituições e restavam apenas os minutos acrescidos pelo árbitro. No último lance do jogo, escanteio para o Coxa. Bola levantada na área e quem aparece para tirar? Ele mesmo.

– O que eu senti no momento fui um estalo. Mas eu nunca tive nenhuma lesão ligamentar, então eu não sabia qual seria a reação se tivesse. Quando eu escutei o estalo, pensei que era o ligamento rompendo, porque algumas pessoas me falavam que dá uma estalada. Mas logo depois que eu saí, fiquei dobrando a perna e senti que não estava com dor, mas estava com o joelho travado. E a dor que eu sentia era justamente onde fica o osso, então eu percebi que era uma lesão óssea, que era um pouco mais grave. Mas, pô, eu tinha entrado há dez minutos e faltavam três, quatro para acabar. E não tinha mais substituição. Fiquei lá para fazer número. E as pessoas até hoje me perguntam como eu voltei com uma lesão dessas. Voltando, né? Com um pé só. Saci. Ainda fui para a área e consegui tirar uma bola lá no escanteio. É instinto, né, cara? Não tem jeito. Estava doendo no momento, mas com uma perna só a gente se vira. Tanta gente tem problema maior e se vira na vida. Graças a Deus, eu tenho um organismo que aguenta pancada e se recupera rápido – garante o jogador.

Logo após a confirmação da gravidade da lesão, frustração. Em qualquer lugar que aparecesse, André Lima carregava com ele o semblante desapontado, de quem não acredita na infeliz coincidência que lhe acabava de acontecer. Foi assim no desembarque da delegação rubro-negra no aeroporto e na coletiva de imprensa. Não é para menos. O Vitória fez um grande esforço para contar com o jogador no elenco. Especula-se que, para desembarcar na Toca do Leão, foram gastos R$ 500 mil com luvas e mais R$ 350 mil de salário, dividido entre o clube baiano e o chinês, com o qual tem contrato.

André tem perfeita noção do investimento que ele representou para o Vitória. Não foge a essa responsabilidade. Na teoria, não deve nada ao clube. Na prática, considera que tem uma dívida de honra. Uma dívida ‘como homem, como ser humano, como pai de família’. No fim de julho, o jogador deixou claro que queria pagar essa dívida. Pouco mais de quatro meses depois, ele ratifica esse desejo.

O problema é que a permanência de André Lima não depende apenas do desejo dele, ou mesmo do Vitória. O atacante tem contrato com Beijin Guoan, clube da China, até o fim de 2015. O contrato de empréstimo com o Leão se encerra neste mês de dezembro. Mesmo sem saber ao certo onde vai jogar em 2014, o jogador já pediu para estender o contrato da casa onde mora em Salvador, na esperança de que o seu destino seja resolvido nos próximos dias.

– [A dívida] Ainda permanece. Mas é importante ressaltar que não depende só de mim. Porque, se de repente eu não ficar, vão falar 'ah o André é isso, o André é aquilo’. A minha vontade é de permanecer. Eu tenho uma dívida de honra, como homem, como ser humano, como pai de família que eu sou. Mas existem interesses financeiros dos chineses e também do Vitória. Eu tive uma conversa com o presidente Alexi Portela. Ele disse que vai tentar a minha permanência; que vai ver com o futuro presidente [o Vitória elegerá um novo presidente no próximo dia 16] e também com o Ney [Franco, atual técnico do Leão]. Só que, oficialmente, ainda não existe nada. A minha vontade eu já manifestei para ele. Se não puder ficar seis meses, eu quero ficar, pelo menos, até o fim do Baiano – afirma o atacante, que reforça o desejo de permanecer no Leão.

– Para mim, é uma questão de honra. E de vontade minha e da minha família também de ficar. Não só por causa da minha lesão, mas também pelo clube e pela cidade. Pela estrutura que o clube tem, que é muito boa. Minha vontade é de permanecer, mas não depende só do André. Depende também do planejamento do Vitória. O presidente tem que sentar com o Ney Franco e ver o que ele quer. Também tem que oficializar o pedido de reempréstimo para o clube da China. E também tem que saber o que o clube da China quer. Isso eu não sei ainda, mas, da minha parte, eu quero ficar, nem que seja para disputar o Baiano, para dar uma satisfação, um retorno – diz.

DO CAMPO PARA O CAMAROTE
André Lima sentiu cada dia de inatividade. Ficou frustrado a cada dia em que não pôde entrar em campo. Isso era nítido para quem quer que o visse na Toca do Leão, ao longo do semestre. Vira e mexe, o jogador parava para acompanhar o treino dos companheiros. No rosto, a expressão de um garoto que assiste a uma ‘pelada’, ou a um ‘baba’, louco para ser convocado a fazer parte do grupo.

Não aconteceu. Nem por isso André deixou de apoiar o Vitória. Do camarote do presidente Alexi Portela, assistiu a todos os jogos do time no Barradão. Acompanhou de perto a bela campanha no Campeonato Brasileiro. Vibrou a cada gol que deixou o Vitória a um passo da vaga na Libertadores da América. No fim da competição, a vaga no torneio continental não veio. No entanto, a 5ª colocação deixa a esperança de um 2014 promissor. De preferência, com André Lima vestindo a camisa vermelha e preta.

– Eu assisti a todos os jogos no Barradão. Como os camarotes ficam cheios, o presidente Alexi me deixava assistir ali do camarote dele. Mas eu, particularmente, não gosto, cara. Não gosto, porque você fica naquela de ‘eu queria estar lá’. E isso me deixa chateado. Mas eu assisti, apoiei, gritei, lutei. O Vitória fez uma excelente campanha, melhor do que muito time considerado grande. Eu tenho certeza de que 2014 será muito importante para o Vitória – projeta. (Rafael Santana / GloboEsporte)
__________
Comentários
1 Comentários

1 comentário(s):

Anônimo disse...

tomara que ele mostre gratidão pelo clube e não faça igual ao "maxernario"bianchuci que resgatou seu futebol e em agradecimento ele possivelmente irá pro nosso rival.

Postar um comentário

Siga o ECVitóriaNotícias no Twitter: @ecvnoticias

Últimas notícias

Postagens populares (última semana)

Postagens populares (últimos 30 dias)

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 (28ª rodada)

Jogo ao vivo: Sport x VITÓRIA .


Dia: 12/10/14 (domingo)

Horário: 18:30h (hor. de Brasilia)


Links das rádios/tv na web:


Rádio Metrópole 101,3 FMRádio Transamérica 100,1 FMRádio TudoFM 102,5Rádio Itapoan 97,5 FMRádio CBN 100,7 FMRádio Sociedade 740 AMRádio Excelsior 840 AM