Basta um resultado estapafúrdio, desses que estão sempre à espreita, e já começa a chibança reclamatória. “Ai, ai, ai, meu pé tá doendo, é que eu pensei Sêo doutor, é porque meu pai mora no interior, a caixa de mudança tá pesada, e etc e coisa e tals e que time de sacana é este?”
PUTAQUEPARIU A IMPREVISIBILIDADE!!!
Na receita do Rubro-negro, a sopa de tamanco num é apenas de pau puro, mas contém o acréscimo luxuoso de outros ingredientes, a exemplo de caco de vidro, ácido muriático e soda cáustica. Como diria a vedete de Santo Amaro, é o avesso, do avesso, do avesso. Até a infalível Lei de Murphy é contrariada.
Aos que duvidam, eis os fatos.
Depois de séculos de amadorismo, a diretoria do Vitória finalmente contrata um profissional vencedor para cuidar do futebol. No entanto, menos de seis meses depois, demite-o e chama de volta um sujeito que num ganhou nada de relevante, nem mesmo a simpatia de meras conjugações verbais.
Tudo para dar errado, certo? Errado. Nenhuma das louvadas contratações do experiente Newton Drummond, o tal profissa, conseguiu grande destaque. Já o único que cara ele não queria no elenco, Pedro Ken, é hoje o melhor jogador da equipe.
É, pau que nasce torto, vira berimbau.
E já que entramos na seara dos clichês, vale lembrar outro, que também foi desmoralizado no Vitória: “mingau que muita gente mexe e manda, desanda”. Não no Vitória versão 2012. Neste ano da graça, a equipe é comandada por nada menos do que cinco técnicos. São eles. Carpegianni, que fica orientando o time das cabines; seu filho Rodrigo, que o representa na casamata; Ricardo Silva, que comanda os jogadores na beira do gramado; Flávio Tanajura, técnico de zagueiros, e Eduardo Andrade, treinador de goleiros. Aliás, este último é responsável por uma das inovações da atual equipe: o rodízio de goleiros.
E por falar em goleiros, há um verdadeiro cabide de empregos nesta função. São exatos cinco para o fundamental setor. No entanto, nenhum que passe a mínima confiança – talvez por isso esteja dando certo.
Não bastasse estas chibanças, o time começou o campeonato com um zagueiro improvisado de lateral-esquerdo (ala é a puta que o pariu!) e um outro jogando improvisado de namorado de uma moça, digamos assim?, um tanto quanto liberal. E o cara que deveria ser o xerife da equipe, o comandante da zaga, passou a frequentar as capas de revistas de fofoca em atos não muito recomendáveis para um cidadão que deveria primar pela sobriedade. No entanto, tais acontecimentos, que poderriam mexer com sua cabeça, surtiram o efeito contrário. E ele já guardou quatro gols com o maltratado cocuruto.
Some-se a isso que o craque da equipe, o gênio franzino, passa a maior parte do tempo fazendo beicinho e dando (lá ele) calundu. E, pra acabar de fuder a porra toda, o artilheiro do time é um centroavante caneludo, que fica fazendo chantagem o tempo todo, ameaçando ir embora, dia sim e outro não.
Pra fechar com chave de ouro, este exército de bracaleone tem como capitão exatamente um sujeito que foi chamado pelo comandante de “mau caráter” por simular contusão e fugir de uma batalha em Barueri em priscas eras.
É óbvio que, um time assim daria errado, certo? Nécaras. Como já disse, no Vitória nem a Lei de Murphy tem razão. E esta equipe toda desconjuntada faz a melhor campanha de todos os times do Norte e Nordeste na história do campeonato brasileiro de pontos corridos.
É graça uma porra desta? É. Eu mesmo ando rindo à toa.
Ah, sim, não que eu queira me gabar, até porque num é de meu feito, mas tudo começou quando, há algum tempo, gritei as três palavras mágicas que devem orientar o Esporte Clube Vitória: Psicopatia, Loucura e Caos.
Confiram e gritem comigo no replay.
Por: Franciel Cruz (@ingresia)