É uma boa aposta, porém entendo que, neste momento, o fulcro central do problema é outro : A queda do Império Paulistano. (Sei que o correto seria grafar paulista, mas botei paulistano porque mais pomposo)
Seguinte.
Ao contrário de uns e outros, que se baseiam num “certo sentimento agoureiro y secador”, informo que a situação não se resume a apenas à, como direi, metafísica do desejo. Não e nécaras. A decadência pode ser comprovada cientificamente. Exatamente por isso, fiz algo que contraria a minha religião: recorri à frieza dos números, estes sacanas que nunca mentem, mas quando torturados confessam.
Antes, porém, quem confessa sou eu. Seguinte. Tão ágil quanto o departamento Jurídico do Flamengo, só agora, às vésperas da 6ª rodada, dei-me conta de que ainda não havia dito ao mundo e aos leitores do Impedimento (o que dá no mesmo) que a Segundona já começou. Mas, já. E, do mesmo modo que está ocorrendo com seu primo rico, nesta competição também está formado o cerco contra os paulistas. Das cinco equipes que disputam a Série B, nenhuma habita o G4. E pior, digo, melhor. Duas estão nas últimas colocações.
E mais. Na Segundona, não se pode argumentar, como na Série A, que a tragédia dos bandeirantes é momentânea e decorrente do interesse por outras competições. O fracasso é tendência.
E quais as razões para o fracasso? Voltemos aos números.
Na primeira rodada, a média de público, sem contar os times de São Paulo, foi de 9.834 pagantes. Com os paulistas, este número caiu para 8085. E se for somar apenas os jogos em que os times de lá foram mandantes, chega-se a aviltantes 955, em média. E a indiferença dos torcedores paulistas se repetiu nas rodadas seguintes. Na segunda, a média sem eles foi de 4280. Com eles caiu para 3288 – e somente com paulistas 1304. Na terceira os números são os seguintes, respectivamente: 4.353; 3608 e 629. Na quarta rodada 4053, 3385 e 1128.
E mais. Nas cinco primeiras rodadas, nenhum time paulista colocou, ao menos, três mil torcedores numa partida. Eis o desempenho de cada um nos jogos em casa.
Barueri 1.412 + 953 + 1257
São Caetano 499 + 306 + 214
Guarani 2.265 + 2300
Bragantino 642 + 539
Guaratinguetá 1006 + 546
Com números tão desprezíveis, só o Ipatinga (média de 234 testemunhas), que, não por acaso, também está na zona. É fato que o Ceará é o quarto pior da competição, mas o Vozâo é a regra temporária para confirmar a exceção. O Bragantino já está ali na cola para completar a santíssima trindade do rebaixamento paulistano.
É óbvio que a numerologia não serve ao vice-versa – até porque senão o Vitória estaria lascado, já que não vence o Guarani, adversário desta noite, há seis jogos, desde 2004. Some-se a isto o fato de o Leão nunca ter brocado a equipe de Campinas nas pelejas da Série B.
Portanto, amigos, como eu ia dizendo, números não servem pra porra nenhuma. Inclusive, todos ou domingos ou terças, vai depender da quantidade de sangue na canjebrina que corre em minhas veias, estarei aqui para o resumo da rodada da Série B, falando de futebol – e não mais de números. Amém ?
Por: Franciel Cruz (@ingresia)
PS: Ah, sim. Quem não estiver assoberbado e quiser acompanhar a trajetória do Rubro-negro na Segundona tem uns textos bem maizomenos aqui, ó. Caixa alta, maestro. WWW.VICTORIAQUAESERATAMEN.WORDPRESS.COM