Procurei me lembrar de outra virada assim no futebol mundial e colegas me lembraram de 2003, quando aconteceu a mesma coisa com o mesmo Vitória sobre o mesmo goiás. Acho que o meu cérebro tinha apagado esse desastre vergonhoso da minha memória.
E o time começou bem, era só pressão e com Marquinhos muito arisco pela direita. Para minha surpresa – e da grande maioria dos torcedores que conheço – estávamos ganhando de 3x0 nos primeiros 20 minutos de jogo, com direito a dois gols do maior artilheiro do Brasil, sendo um de bate-pronto muito bonito. No primeiro tempo o time se postou como dono do jogo e estava dando as cartas literalmente, até que surgiu o primeiro gol do goiás. Veio através de um chute forte de fora de área, mas bastante defensável, que passou pelas mãos do goleiro Renan, que já provou por A+B+C que não pode ser titular deste time. O lance do gol foi digno do melhor sentido da frase “mão-de-quiabo”.
Aliás, falando sobre “mão-de-quiabo”, saber que tem um goleiro fraco no gol deixa nervosa qualquer zaga, por melhor que ela seja. E, com isso, besteiras normalmente são cometidas em seguida por esta defesa, na ânsia de querer impedir que o adversário dê chutes a gol. E a nossa, que não é lá essas coisas, se desmonta toda.
Mas, além da nossa zaga, muita gente caiu de pau em cima das substituições feitas, inclusive eu no momento da partida. Mas Neto Baiano e Pedro Ken já isentaram o técnico, alegando cansaço muscular durante a partida. Inclusive NB disse que no intervalo já estava sentindo grande cansaço. E ainda teve a substituição não programada do nosso craque de vidro chamado Marquinhos.
Sobre Marquinhos, ele fez o primeiro gol em um lance de técnica e sorte e deu passe para o terceiro gol, além de ter participado do lance do segundo gol. Infelizmente, pelo que se viu, ainda dependemos muito dele para termos uma boa qualidade ofensiva e quando ele sai o ataque perde um pouco do seu poderio ofensivo. Está na hora de testar esquemas sem ele, para nos dar mais opções em jogos que ele não puder jogar, já que o cara é 1 no jogo e 10 no estaleiro. Carpe poderia testar Tartá ali fazendo dupla com NB ou até mesmo o recém chegado Marco Aurélio. Mas que teste isso em coletivo antes.
Voltando às substituições, não gostei da substituição de Marquinhos, quando entrou Eduardo Ramos. Era para ter entrado Dinei ou ter promovido a estréia do tal Marco Aurélio. Afinal o time estava taticamente bem no momento e tinha que ter trocado seis por meia dúzia. A outra substituição, de Pedro Ken por Reniê, foi o maior erro de Carpegiani no jogo, visto que com a entrada de um zagueiro no lugar de um jogador ofensivo, invariavelmente iríamos chamar o time adversário para cima de nós. E deu no que deu.
Capergiani não foi feliz nas substituições e fico confortável em criticá-lo, pois sou um dos que gostaram do seu retorno ao clube. Não entendo também porque ele não utiliza os jogadores que a diretoria contratou como laterais, o Carlinhos e o Dener. Se não prestam para que veio? Principalmente o lateral esquerda Dener, porque Saci vive um péssimo momento desde que voltou da contusão que teve no início do baiano. Se ele é pior do que o momento que Saci vem atravessando, nem deveria ter vindo. Idem para Carlinhos.
Sobre as laterais, a notícia boa é que Nino Paraíba deve voltar no próximo jogo, pelo menos é o que todos nós esperamos. Ele vai suprir a nossa sede de jogadas eficientes nas laterais dos campos, com suas grandes arrancadas e fugas constantes para o ataque e seus cruzamentos também eficientes com os dois pés.
Mas, voltando ao técnico, apesar de Carpegiani ter errado nesse jogo, ele está com um bom aproveitamento, principalmente fora de casa. Em quatro partidas que jogamos fora de casa, ganhamos duas e perdemos duas, com aproveitamento de 50%. Nos últimos 10 anos não me lembro de uma outra vez que o time vem conseguiu bons resultados fora, exceto da última vez com o próprio Carpegiani.
É muito fácil cornetar técnico quando o time perde e de forma vergonhosa como foi. No meu entender, ele só errou quando colocou Reniê no lugar de Pedro Ken no intuito de fortalecer mais a retaguarda, pois com isso chamou o adversário para cima de nós, mas é uma prática muito comum no futebol brasileiro. Mas independente de quem estivesse em campo, a grande vergonha foi os 11 que estavam ali permitirem essa virada do jeito que permitiram, jogando sem brio e deixando o goiás jogar como quis, sem esboçar nenhuma e qualquer reação.
Claro que teve aquele pênalti escandaloso que foi falta a favor do Vitória. Foi um erro de arbitragem como dificilmente vamos ver outro do mesmo nível. Aliás, a diretoria tem que fazer uma representação oficial com esse juiz de várzea. Entretanto mais escandaloso ainda foi o comportamento sem reação do time que permitiu essa virada. Isso não tem desculpa.
Não posso deixar de citar alguns fatores que contribuíram especificamente para essa vergonha nacional, como termos jogado com uma contenção reserva (Mancha e Ananias não são titulares), laterais que não existem, atacante bichado que nem Marquinhos e ter um goleiro mão-de-quiabo ali atrás. Isso dificulta qualquer esquema tático.
Moção honrosa para Neto Baiano que fez dois gols, um de bate-pronto muito bonito, e deu até toque de calcanhar eficiente na partida e, aos poucos, está se mostrando mais para o jogo e para os companheiros. Ele está no melhor momento da sua carreira e está deixando bem claro que um jogador pode mudar o que se espera normalmente dele, mesmo chegando aos 30 anos.
Avante, Vitória! Rumo ao nosso lugar de direito na série A.
Por: João Werther