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As hipérboles radiofônicas finalmente fizeram sentido. Por Franciel Cruz.

Avaliar uma partida guiando-se apenas pelas sandices das ondas do rádio é tarefa mais desgastante do que o pior trabalho de Hércules. Os locutores têm uma estranha e perversa mania de interpretar tudo pelo avesso e criar situações absurdamente irreais, com uma retórica de causar inveja ao mais criativo dos escritores do realismo fantástico.

O ritual é sempre o mesmo. O juiz nem bem apita o início da partida e já começa uma gritaria dos seiscentos DEMÔNHOS.

A zuada é tanta e tamanha que você não sabe se seu time está no ataque, se está sofrendo um terrível bombardeio do adversário ou se tudo é apenas mais uma propaganda de loja de móveis. Os fatos se misturam numa velocidade de fazer inveja a um Ben Johnson dopado.

Puaquepariu a balbúrdia!!!

Porém, justiça seja feita. Esta algazarra num é privilégio dos narradores de futebol da Bahia. É uma praga nacional, mundial, interplanetária. E acomete, indistintamente, todos os esportes. Lembro-me que, na longínqua década de 70, era uma agonia insuportável acompanhar pelo rádio os jogos do mundial de basquete. (Sim, confesso, sempre fui desta espécie de tarado que acompanha até jogo de basquete pelo rádio).

Pois bem.

Antes de gritar chuááááaa, esta quase onomatopeia que libertava e salvava, o narrador fazia um salseiro do cão. A cada ataque, uma síncope. E os jogadores brasileiros pareciam que estavam enfrentando monstros extraterrestres – tamanha era a dificuldade que o locutor tentava incutir em nossas mentis juvenis. E eu, óbvio, comia a pilha e morria de pena de Marcel, Oscar Schimdt, Gílson Trindade, Marquinhos Abdalla e Carioquinha, principalmente este último, que sempre dava (lá ele) entrevistas ofegantes, contribuindo ainda mais para criar um clima de epopeia heroica e dramática.

Derivo, derivo, mas chego as dias atuais. Hoje, apesar de algumas décadas no lombo, continuo com a mesma apreensão juvenil quando ouço estas malditas transmissões. Ontem mesmo tive a convicção de que o camisa 10 do ABC, um tal de Raul, que já defendeu equipe do quilate do poderoso ASA de Arapiraca, era uma mistura de Butragueño e Rocheteau. É que, para nos amedrontar e garantir a audiência, os locutores transformam os cabeças de bagre do outro time em craques injustiçados, mas perigosos. Talvez seja por isso que a diretoria do Vitória, que normalmente se guia por radialistas escrotos (desculpe-me a redundância) sempre acaba contratando estas injúrias.

Porém, nem tudo é subjetividade. As alterações promovidas pelo entregador de camisa de plantão, por exemplo, delatam o medo e a incompetência. Sudesb informa: Sai Geovanni entra Lúcio Flávio; Romário cede a vaga Léo e Pedro Ken é substituído por Rodrigo Mancha. Enquanto isso, Neto Baiano prossegue em campo, desfilando sua fama de maior artilheiro do Brasil que só faz gols no provinciano Valerão.

Menos mal que, ao contrário de Cerezo, o interino Ricardo Severino Quebra-galho Silva não implica com Marquinhos e deixa-o livre para jogar. Assim, podemos, ao menos, apreciar mais uma obra de arte do sacaninha, que voltou a brocar e comemorar com gosto de querosene. E o golaço foi tão bonito e corajoso (sim, corajoso, pois o zagueiro já estava com os birros à mostra) que proporcionou uma proeza histórica: fez com que até as hipérboles dos locutores tivessem sentido.

E que Marquinhos deixe de chibança e incorpore novamente o espírito de Gênio Franzino per secula seculorum, amém.

Por: Franciel Cruz (@ingresia)

P.S.1 Porém, nem tudo foi beleza ontem. Em Belém ocorreu um fato que foi uma verdadeira VERGONHA NACIONAL. As sardinhas estavam doidas para ver o Mangueirão entrar de cum força (em lá eles) e o Remo só meteu (lá ele) dois naquelas injúrias.

Ainda bem que o Paysandisky (vá fazer rima na casa da porra) honrou o Pará.

P.S.2 Mais relatos sobre as ondas do rádio AQUI, ALI E ACOLÁ
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