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Se eu não tivesse com afta até faria uma serenata pra bola. Por Franciel Cruz.

Em priscas eras, o ludopédio em Pindorama era praticado com galhardia e denodo. Nos gramados de outrora vicejavam o ardor febril e uma fragrância etérea e elegante que enterneciam até o mais rude e insensato coração. Era uma época em que…

Epa, alto lá! Saia logo daqui armando nogueira (deixa em caixa baixa, maestro), que este texto corpo 14 fonte times new roman não lhe pertence. Nesta intimorata emissora, nada e nécaras de rebuscamento parnasiano. O plantão aqui é rigoroso. Sopa de tamanco, pau viola, ferro na boneca, é nogogó, nenê.

Por falar em gogó, saco do coldre mais dois litros de cepacol e confesso para os cinco mil alto-falantes: apesar de não ser palhaço das perdidas ilusórios, reconheço que anos atrás o futebol brasileiro possuía um tantinho assim de dignidade. Na década de 1970, por exemplo, tivemos equipes memoráveis.

Para não cansar o nostálgico ouvinte, cito apenas o Palmeiras de Ademir da Guia, o Inter de Falcão e, especialmente, o maior time daquela década, o brioso Vitória de 1974, único time na ocasião a conquistar três bolas de prata, com Joel Mendes, Mário Sérgio e Osni. E o Leão só não ganhou o quarto prêmio porque os jornalistas (esta raça de gente ruim) optou por Luisinho do América em detrimento do estupendo artilheiro e excelente jogador de cambalhota André Catimba.

Inclusive, aquele timaço, que se dava ao luxo de ter um craque como Jorge Valença no banco, só não levantou a taça porque, no dia 18 de julho de 1974, o Vasco da Gama, que acabou sendo campeão, contou com o auxílio luxuoso de Agomar Martins, gaúcho e ladrão. (Aliás, por que os árbitros gaudérios têm tanto amor ao alheio?)

Mas, derivo. E derivo porque, como diria o rei Roberto, “estas recordações me matam”. Ô, Vitória, sinha disgrama, pare com isso.

Pois muito bem.

Eu dizia que a década de setenta do século passado foi pródiga em agremiações espetaculares, porém nenhuma delas se entregou à causa do futebol com o ardor febril (dá-lhe armando nogueira!) dos Novos Baianos Futebol Clube. Putaquepariu a paixão ao balipódio!!! Para que vocês moços, pobres moços, tenham uma ideia, o referido grupo morava de aluguel num sítio em Jacarepaguá, mas quando ganharam dinheiro para comprar a propriedade, preferiram investir o vil metal no, digamos assim, aperfeiçoamento futebolístico, comprando um sem número de uniformes, bolas, bombas, apitos e etc e coisa e tals. É fato que também gastaram uma graninha com maconha, mas nada comparável ao que aplicaram no Ludopédio, pois estavam convencidos de que eram melhores jogadores do que músicos. Talvez tal incutimento se devesse porque no campo do referido sítio passeavam craques da seleção brasileira, mas talvez este devaneio pode ter sido consequência daquelas substâncias não recomendadas pela carta magna. Pouco importa. O fato é que eles, enquanto time, foram superiores a todos os outros. Mesmo não tendo valores individuais exuberantes, quando juntaram suas energias foram responsáveis por uma das melhores bandas brasileiras de todos os tempos, tendo como técnico João Gilberto, o Bill Shankly da música nacional e internacional.

Todas estas histórias e muitas outras sobre os Novos Baianos e o futebol estão no bom filme Filhos de João, de meu amigo Henrique Dantas. A referida película, que está em cartaz nas melhores casas do ramo, serve também para que possamos fazer o contraponto entre a música brasileira de antanho e a atual, especialmente a dos Novos Baianos e a destas bandas de menino amarelo que ficam jogando bola por diletantismo nos rockgol da vida. Futebol é compromisso, rebain de sacana.

O problema destas bandas hodiernas, como não diria Nelson Rodrigues, é que nenhum integrantes das mesmas sabe bater um escanteio. Eles não respeitam o futebol. Podem até não ter afta na boca, mas nunca fazem serenata pra bola. E o vice-versa da equação se aplica aos times, especialmente ao meu brioso Vitória, que desde a idade média não joga mais por música.

E acabou chorare.

P.S. 1 Esta homilia lítero-futebolística-musical vai para Dorival Caymmi, João Gilberto, Saulo Daniel Lopes, Anderson Ugiette, Marcos VP, Leonardo Bernandes, Marconi Leal e tantos outros incautos que, inadvertidamente, reivindicaram minha volta.

P.S. 2 Futebol é um bicho traiçoeiro da disgrama. Eu aqui me raciocinando todo para fazer um comercial do filme de meu amigo, exaltando o espírito coletivo, a força do conjunto e outras mumunhas anti-individualistas, aí vou ver Barcelona x Chivas e um tal de Marco Fabian me faz dois golaços, mata o time catalão e fode minha teoria coletivista toda.

Por: Franciel Cruz
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