Por: Franciel Cruz
Esta província lambuzada de dendê, que sempre viveu com o freio de mão puxado, inventou agora de resolver as coisas na base dos solavancos. Nos becos, esquinas, ladeiras e vielas só se escutam as seguintes palavras de ordem: É PRECISO OUSAR, como se a ousadia fosse um valor por si mesmo.
Este povo inzoneiro, sempre adepto de uma maresia dos seiscentos, descobriu, de uma hora para outra, que a ousadia é a panacéia de todos os males. Quem não conhece a típica boréstia até acredita que a partir de agora todos se transformaram em valentões que vão resolver tudo com coragem e, olhe ela aí, novamente, ousadia. Assim, contra fel, moléstia e crime basta recorrer a este santo remédio da vez.
E como o futebol é a metáfora da vida, nas quatro linhas também começa a prosperar a tese de que todos os problemas serão resolvidos com ousadia, num simplismo de fazer corar o frade franciscano inglês William de Ockham, aquele que inventou o princípio lógico da Navalha de Ockhan, segundo o qual o caminho simples como o mais eficaz. Acontece que simplicidade não é sinônimo de simplismo. Não é recomendável escolhermos o trajeto mais curto e fácil e desprezarmos os elementos necessários para a solução da caminhada.
Pois muito bem.
A torcida do Vitória, que ultimamente inventou de MIMETIZAR AS AÇÕES DA DIRETORIA, conforme mostrei no último texto, tá achando que o destrambelhamento do nosso ex-rival é exemplo de ousadia.
Aonde?
Como podemos nos espelhar numa gestão que, além de endividar o clube não ganha nada há séculos? Devemos seguir como exemplo um clube que tem 42 atletas em seu elenco e onze, repetindo, onze na mesma posição, conforme mostrou o repórter Ricardo Palmeira NESTA BOA MATÉRIA publicada em A Tarde? Contratar jogadores midiáticos e problemáticos é nossa solução?
Francamente.
Se estes arroubos inconsequentes do lado de lá não devem servir como exemplo, a letargia da nossa diretoria também não pode ser admitida. É fato que OUSADIA (sem planejamento) É SINÔNIMO DE DESESPERO. No entanto, letargia sem ousadia, que é o que acontece no Vitória, não tem nem classificação no dicionário.
Porém, a torcida não pode cair na armadilha de tentar combater o atual estágio de coisas com este mesmo veneno da precipitação. Muitos estão gritando FORA ALEXI PORTELA, como se o problema do Rubro-Negro se resumisse ao presidente. Amigos apressados, lamento informá-los, mas a questão não é simplesmente de nomes, mas sim de métodos. É preciso e possível mudar a concepção retrógrada e elitista do comando – e não apenas o nome.
Exatamente por ter esta compreensão menos efêmera e mais aprofundada é que o Movimento Somos Mais Vitória defende ações e cobranças constantes, durante todo o tempo – e não somente nos momentos de crise. Afinal, se o clube ganhar três ou quatro partidas seguidas poderá figurar entre os melhores desta desqualificada Série B. Porém, nossos problemas crônicos continuarão os mesmos.
Então, amigos, precisamos, devemos e vamos protestar, mas sem cair no conto fácil dos piromaníacos. Afinal, nosso propósito não é tocar fogo em nosso clube, mas sim fortalecê-lo, com a efetiva participação dos torcedores.
Os que compartilham destas idéias estão convidados a se incorporar ao nosso Movimento, que é um projeto coletivo, e não personalista. Para isso, basta acessar WWW.SOMOSMAISVITORIA.COM.BR e se cadastrar.
Saudações Rubro-Negras e Democráticas.