
Para resolver tão inquietante e fundamental questionamento, apelei à fórmula infalível. Qual seja: a mistura da medicina tradicional (puxei mais uns tragos daquelas substâncias não recomendadas pela Carta Magna) com a moderna tecnologia. Traduzindo: Marijuana e Google.
E, como sói ocorrer nestes momentos dramáticos, eles não negaram fogo. Assim, completamente emaconhado, digitei em negrito: Qual a serventia das efemérides? E, ato contínuo, as respostas apareceram à mancheia.
“Servem para (re) construir a memória”; “para lembrar e esquecer, comemorar, recordar coisas, fatos e pessoas”; “Para o homem se redimir de suas maldades”; “para resgatar as idéias”; “aquecer as vendas do comércio e fornecer motes para espetáculos”; “não deixar que se apaguem as memórias dos grandes autores”; “funcionam apenas como referência ou para avaliar a atualidade de uma obra”; “servem de pretexto para quem não tem coragem de dizer que ama”.
Pois muito bem.
Na semana em que o Vitória completa 112 anos, o presidente do clube, Alexi Portela, acrescentou mais uma serventia para efemérides: “É a época de abandonar o barco”. E como demência pouca é bobagem, ainda saiu fazendo beicinho. Às aspas: “Não gostei da forma como isso foi divulgado. Não vou largar o clube, nem deixá-lo, pois meu nome que está em jogo também. Quero apenas cuidar da minha saúde e dos meus negócios. Estou precisando disso. (Carlos) Falcão vai assumir nesse período e eu estarei sempre próximo, não vou abandonar nada”.
Sei que análise do discurso está fora de moda, mas as frases iniciais e finais do comunicado do desinfeliz são reveladoras. Senão, vejamos. Ao dizer que “Não gostei da forma como isso foi divulgado”, ele não consegue esconder todo o caráter autoritário. Já o “estarei sempre próximo, não vou abandonar nada” é apenas a versão futebolística para aquele ”não se preocupe, amor, é só a cabecinha”.
Traduzindo: Alexi Portela Júnior tirou o dele da seringa na hora crucial. É óbvio que a indignação da galera Rubro-Negra não é somente por causa da afronta à efeméride. Há algo muito mais grave em jogo. O clube está na véspera de uma das decisões mais importantes de sua história. Num momento de afirmação. Sim, afinal o que está em jogo amanhã contra o poderoso Bahia de Feira de Santana não é somente mais um título baiano, mas também a possibilidade do Vitória, pela primeira vez em sua história, ser um campeão de mão cheia. Até hoje o time é igual à mão esquerda de Lula: só vai até quatro.
Então, amigos de infortúnios, o fato é que o gesto tresloucado do presidente demonstra duas coisas. A primeira é que, uma vez mais, ele trata a paixão de quase metade dos baianos como se fosse apenas um brinquedo que herdou do pai. (Sim, seu genitor Alexi Portela também foi presidente do clube nos anos de 75 e 76 do século passado). E a outra questão é que, assim como o pai, ele parece sofrer da síndrome de Peter Pan. Na hora em que o clube pode dar um passo adiante e se tornar efetivamente grande, ele tira o fiofó da reta.
Alguns, de alma sensível, podem dizer que a saída foi justa porque ele “está doente”. Mané doente! Nestes graves momentos, como já ensinou o lendário Bill Shankly, todas as dores devem ser jogadas para escanteio, até porque o futebol não é apenas uma questão de vida ou morte. É muito mais importante do que isso.
Então, a lógica cartesiana mandava fazer exatamente o seguinte. Primeiro, morre; depois pede a porra da licença.
Afinal, está em jogo o primeiro pentacampeonato, Carajo!
P.S Na época de aniversário do brioso Vitória, nem sempre a ira comanda os textos deste injuriado locutor.
Franciel Cruz
“Servem para (re) construir a memória”; “para lembrar e esquecer, comemorar, recordar coisas, fatos e pessoas”; “Para o homem se redimir de suas maldades”; “para resgatar as idéias”; “aquecer as vendas do comércio e fornecer motes para espetáculos”; “não deixar que se apaguem as memórias dos grandes autores”; “funcionam apenas como referência ou para avaliar a atualidade de uma obra”; “servem de pretexto para quem não tem coragem de dizer que ama”.
Pois muito bem.
Na semana em que o Vitória completa 112 anos, o presidente do clube, Alexi Portela, acrescentou mais uma serventia para efemérides: “É a época de abandonar o barco”. E como demência pouca é bobagem, ainda saiu fazendo beicinho. Às aspas: “Não gostei da forma como isso foi divulgado. Não vou largar o clube, nem deixá-lo, pois meu nome que está em jogo também. Quero apenas cuidar da minha saúde e dos meus negócios. Estou precisando disso. (Carlos) Falcão vai assumir nesse período e eu estarei sempre próximo, não vou abandonar nada”.
Sei que análise do discurso está fora de moda, mas as frases iniciais e finais do comunicado do desinfeliz são reveladoras. Senão, vejamos. Ao dizer que “Não gostei da forma como isso foi divulgado”, ele não consegue esconder todo o caráter autoritário. Já o “estarei sempre próximo, não vou abandonar nada” é apenas a versão futebolística para aquele ”não se preocupe, amor, é só a cabecinha”.
Traduzindo: Alexi Portela Júnior tirou o dele da seringa na hora crucial. É óbvio que a indignação da galera Rubro-Negra não é somente por causa da afronta à efeméride. Há algo muito mais grave em jogo. O clube está na véspera de uma das decisões mais importantes de sua história. Num momento de afirmação. Sim, afinal o que está em jogo amanhã contra o poderoso Bahia de Feira de Santana não é somente mais um título baiano, mas também a possibilidade do Vitória, pela primeira vez em sua história, ser um campeão de mão cheia. Até hoje o time é igual à mão esquerda de Lula: só vai até quatro.
Então, amigos de infortúnios, o fato é que o gesto tresloucado do presidente demonstra duas coisas. A primeira é que, uma vez mais, ele trata a paixão de quase metade dos baianos como se fosse apenas um brinquedo que herdou do pai. (Sim, seu genitor Alexi Portela também foi presidente do clube nos anos de 75 e 76 do século passado). E a outra questão é que, assim como o pai, ele parece sofrer da síndrome de Peter Pan. Na hora em que o clube pode dar um passo adiante e se tornar efetivamente grande, ele tira o fiofó da reta.
Alguns, de alma sensível, podem dizer que a saída foi justa porque ele “está doente”. Mané doente! Nestes graves momentos, como já ensinou o lendário Bill Shankly, todas as dores devem ser jogadas para escanteio, até porque o futebol não é apenas uma questão de vida ou morte. É muito mais importante do que isso.
Então, a lógica cartesiana mandava fazer exatamente o seguinte. Primeiro, morre; depois pede a porra da licença.
Afinal, está em jogo o primeiro pentacampeonato, Carajo!
P.S Na época de aniversário do brioso Vitória, nem sempre a ira comanda os textos deste injuriado locutor.
Franciel Cruz