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[Entrevista] Caio Júnior: "É uma ótima estrutura, que dá boas condições de trabalho"

Entrevista com o técnico rubro-negro Caio Júnior ao GloboEsporte.com. Confira:

GLOBOESPORTE.COM - Você chegou ao Vitória após deixar o Bahia para acompanhar seu filho, que ia estudar nos EUA. Como foi a decisão de voltar a trabalhar e treinando o principal rival do seu último clube?
Caio Junior: Primeiro, que eu não escolhi. Não foi uma escolha minha. Foi um convite. E convite você estuda e aceita ou não. Achei, na altura, que foi muito legal, mesmo tendo uma passagem curta pelo Bahia. Em função dos meus filhos, tomei a decisão de deixar o clube. Foi muito importante para minha família. E contribuí para que o Bahia não caísse para a Segunda Divisão. Meu trabalho teve uma contribuição importante. Aceitei trabalhar no Vitória por conhecer a estrutura do clube, o nível e as condições de trabalho, e por ser o último clube da Série A sem treinador. O convite foi feito no final do ano passado, e isso balançou muito minha cabeça. Vi que a chance de disputar o Brasileiro deste ano estava ali.

Você teve receio de sofrer rejeição da torcida por ter treinado o Bahia?
Caio Junior: Não tive. Eu trabalho muito com a verdade. No meu grupo de trabalho e na minha casa, com meus filhos, é assim. E, quando você trabalha com a verdade, você não tem que ter medo de nada. Tive uma decisão aberta, não escondi nada. E não vejo problema nenhum. Isso foi superado.

O Vitória era apontado como um dos favoritos para conquistar a Copa do Nordeste, mas acabou eliminado pelo Ceará, no Barradão. Como você encarou a saída precoce da competição regional?
Caio Junior: Se pegar a escalação do Vitória na Copa do Nordeste, vai ver que é bem diferente da de hoje. A equipe estava em formação. Testei muitos jogadores, e tinha que ser assim. Era uma competição para isso. Mas óbvio que com o objetivo de chegar ao título. Pagamos o preço por isso. Se for ver a classificação da Copa do Nordeste, fizemos a melhor campanha da primeira fase junto com o Santa Cruz. Não tem questionamento. A campanha foi ótima, e perdemos um jogo em que o árbitro teve participação decisiva e tirou nossa possibilidade de conseguir o título. A equipe estava começando a se definir ali. O Escudero jogou contra o Ceará lá, o Cajá, o Cáceres, o Maxi, a parte central, os principais jogadores em nível de contratação começaram a jogar ali, e nós não tivemos a sequencia. Com a eliminação, eu tive a oportunidade de treinar, organizar a equipe. Conseguimos conquistar o título estadual muito por causa desse tempo em que pude dar uma identidade para o time.

Após esse jogo, houve o boato de que você poderia deixar o time...
Caio Junior: Deve ter sido boato. Aqui não teve nada disso. Tivemos uma reunião após o jogo, e ficou bem definido que a campanha tinha sido boa. Que o jogo contra o Ceará tinha sido atípico. Não tinha nenhuma relação com tática ou técnica, e meu trabalho seguiu. Os questionamentos ao meu trabalho foram mais após a primeira partida contra o Mixto [O Vitória foi derrotado por 2 a 1 no estádio Presidente Dutra]. Um momento difícil.

No Brasil, a gente tem esse problema seríssimo. Não existe respeito aos profissionais. Faz-se um calendário como se os jogadores fossem máquinas. Tem que ganhar sempre e tem que jogar bem sempre. Nós treinadores é que temos que dar um jeito. Vínhamos de uma sequência que tinha acabado de dar 5 a 1 no Bahia, na inauguração da Arena Fonte Nova. Os jogadores estavam realmente cansados. Tivemos uma longa viagem para Cuiabá e perdemos fora de casa. Ainda teve uma derrota pelo Baiano, para o Botafogo-BA. Deu uma abalada. Depois recuperamos, e foi uma recuperação absurda, fantástica. Vencemos o Mixto e o Bahia. Foram jogos de alto nível. E aí conquistamos a confiança.

Foi fruto de um trabalho. Agora, por exemplo, conquistamos o Campeonato Baiano no domingo e, numa quarta-feira, tivemos um jogo decisivo pela Copa do Brasil. O jogador nem teve tempo de saborear o título. Uma injustiça. Recuperação muito curta. E ainda tem o lado mental. Joga na quarta-feira, um grande jogo, não consegue a classificação e dois, três dias depois, tem a estreia do Campeonato Brasileiro contra o Internacional. É muito difícil. Só quem está aqui no dia a dia é que sabe. Trabalhamos nesse período só com recuperação de jogador. Teve uma evolução grande no futebol. Mas, para o treinador, é ruim. Não pode trabalhar taticamente.

Ao mesmo tempo em que clubes brasileiros demitem os técnicos no meio da temporada, outros mantêm os treinadores no cargo por anos, como é o caso do Tite, no Corinthians, Muricy Ramalho, no Santos, e Abel Braga, no Fluminense. Você acha que existe uma tendência para que, no futuro, os times mantenham os técnicos por mais tempo?
Caio Junior: Acho que já é uma realidade. Se analisar nos últimos seis ou sete anos, desde que o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado em pontos corridos, quem chegou foram equipes que mantiveram seus treinadores. E não foram mantidos por fazer uma boa temporada. Uns estavam em situação complicada e depois é que chegaram. Os cinco ou seis primeiros colocados da Série A sempre são os times que repetem o trabalho. E quem tem dirigente que consegue enxergar isso, aguentar a pressão e acreditar no trabalho, consegue recuperar, fazer uma boa campanha.

O Vitória foi eliminado este ano da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil. A saída de qual competição foi mais traumática?
Caio Junior: A Copa do Nordeste foi mais traumática. Foram erros da arbitragem. A equipe não jogou mal. Foi um jogo absurdo, que teve uma marca do árbitro muito grande. O árbitro deveria ser mais punido no Brasil. Os treinadores são punidos, mas o árbitro não. A eliminação da Copa do Brasil foi lamentável, uma pena. Mas falei para os jogadores que eles fizeram uma excelente partida. Uma equipe que consegue 19 finalizações, quase 80% da posse de bola, em que o goleiro adversário é o melhor em campo... Não tem o que criticar. Perdemos a Copa do Brasil por dar certa prioridade ao Baiano. Naquele momento, se jogo com a equipe principal em Salgueiro, a gente poderia ter problemas contra o Bahia no Barradão. Tudo tem um preço. Tomei uma decisão e acho que foi a mais correta.

No início do seu trabalho você disse que utilizaria bastante a base. Chegou até mesmo a assistir à final da Copa do Brasil Sub-20, competição em que o Vitória foi campeão. No entanto, passados quase seis meses, foram poucos os jovens talentos que tiveram oportunidade no time titular. Houve algum problema no processo de transição da base para o profissional?
Caio Junior: Eles estão sendo aproveitados. A análise é outra. Os principais jogadores que se destacaram no time sub-20 estão sendo utilizados. O Alan jogou várias partidas no início do ano, mas optamos por emprestá-lo para adquirir experiência. O Gabriel Soares também jogou algumas vezes, mas teve uma lesão de púbis. O Magal já jogou, o Willie teve poucas oportunidades e agora está na seleção. Da casa, temos no time titular o Mansur, que é uma realidade. Foi muito questionado, mas cresceu bastante e chegou a ser decisivo em algumas partidas. As coisas estão acontecendo. Só não dá para lançar todo mundo.

Você acha que já conseguiu implantar sua filosofia de trabalho no Vitória?
Caio Junior: Acho que sim. Acho que está implantado. Os jogadores sabem como funciona a forma de a equipe jogar, quem entra e quem sai. Estou muito satisfeito com isso e muito satisfeito com a estrutura do Vitória. É uma ótima estrutura, que dá boas condições de trabalho.

Recentemente, você disse que o Vitória precisa de reforços para a disputa do Campeonato Brasileiro. Já existem prioridades de nomes ou posições no planejamento da comissão técnica e da direção?
Caio Junior: A gente já tem uma ideia. Uma posição já declarei publicamente que é a meia. Precisamos de um ou dois jogadores para essa função. Quando a gente perde o Cajá ou o Escudero, não dá para continuar com a característica da equipe. O Vander é muito mais um meia-atacante. O Marquinhos também. O Leílson ainda não conseguiu treinar. Essa posição é a prioridade e vamos trabalhar em cima disso.

E nomes?
Caio Junior: Temos, mas essas coisas tem que segurar. O momento agora é de muita especulação. Só durante a pausa da Copa das Confederações é que deve haver alguma definição.

São quase seis meses do Vitória. Qual a sua avaliação desse período?
Caio Junior: Minha avaliação do semestre é positiva. Se não ganhasse o Baiano, não seria, é assim que funciona. O mais importante na nossa avaliação interna era o Campeonato Baiano. É fundamental para o torcedor ter o retorno da hegemonia estadual, estar à frente do seu principal adversário. E foi de forma histórica, contundente, marcante. Para o clube, é muito importante. Gerou uma repercussão nacional muito grande a nossa conquista. Lamentamos a Copa do Brasil e a Copa do Nordeste. Mas realmente o primeiro semestre foi ganho. E, o mais importante, conseguimos ter uma equipe competitiva, que agrada o torcedor e que dá uma expectativa boa para o Brasileiro. Não é uma certeza, mas é uma expectativa boa.

Quais foram a pior e a melhor partida do Vitória neste primeiro semestre.
Caio Junior: A melhor partida foi o 5 a 1 na inauguração da Fonte Nova. Foi até melhor que o 7 a 3. Foi uma partida brilhante da equipe. A pior partida... Acho que duas ou três foram bem ruins. O jogo aqui contra o Juazeiro foi muito ruim. O jogo contra o Juazeirense lá também foi muito ruim, mas em função do campo. O jogo contra o Botafogo-BA na Fonte Nova também não foi bom. São jogos assim, contra equipes pequenas, que o lado motivacional, o estilo de jogo influencia bastante.

Houve alguma decepção nesse primeiro semestre?
Caio Junior: Decepção, não. Acho que tudo faz parte do futebol. Aprendi a trabalhar da seguinte forma no futebol: eu já não crio grandes expectativas em relação ao meu trabalho e em relação ao que as pessoas pensam. A minha expectativa é normal. Agora eu me dedico 100% ao trabalho e sei da minha capacidade. E também não me decepciono demais nem fico deprimido em relação a coisas negativas. Procuro manter o meio termo.

Você sempre fala com entusiasmo do Campeonato Brasileiro e constantemente usa o Paraná de 2006 como parâmetro para o Vitória deste ano. Até onde você acha que o time baiano pode chegar na Série A 2013?
Caio Junior: O Campeonato Brasileiro é um dos mais disputados do mundo. O importante é ter uma equipe competitiva, que possa disputar pontos a cada jogo. Essa é uma pergunta difícil. Nenhuma equipe pode responder. Ela depende de vários fatores. De gerir momentos de crise, por exemplo, que são momentos pelos quais todas as equipes passam. O Campeonato Brasileiro é muito difícil, e é complicado ter uma sequência sempre positiva. Pela competitividade, equilíbrio dos jogos. Vai depender de uma série de fatores. No Paraná, naquela altura, conseguiu-se levar o time para a Libertadores, porque, principalmente, nos momentos de crise, a direção segurou a pressão e manteve o trabalho. Acho que esse é um dos segredos do sucesso.

Depois do 7 a 3 no Bahia, você disse que o Vitória deveria jogar mais vezes na Fonte Nova e que o estádio favorecia o estilo de jogo do Rubro-Negro. Já houve algum tipo de conversa com a direção do clube para mandar mais jogos longe do Barradão?
Caio Junior: Isso é uma questão administrativa. Dei minha opinião na parte técnica. Em nível de contrato, já temos jogos marcados para lá. Mas não é tão simples assim. Até pela Fonte Nova já ter um contrato com o Bahia. Para esse ano, talvez não dê para mexer tanto. Independente disso, o Barradão também é muito bom. O gramado é mais pesado, mas para o adversário também fica mais difícil.

Quem você acha que vai ser o campeão brasileiro de 2013?
Caio Junior: Campeão Brasileiro? Acho que é tudo chute agora. Quem falar isso agora vai chutar em função do momento. Não apontaria ninguém. É o único campeonato do mundo em que dez equipes podem ficar com o título. Acho que se fosse falar algum estaria chutando.

E rebaixados?
Caio Junior: Também é chute. Na teoria, todo mundo vai apontar. Eu vi a pesquisa que fizeram. Vai apontar quem tem menor orçamento, quem vem de Segunda Divisão esse tipo de coisa... Vai depender muito do primeiro turno. (Thiago Pereira / GloboEsporte)
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