“Desde que comecei a trabalhar na base do Cruzeiro em 1996, nunca imaginei que o futebol de base seria tão prestigiado como é hoje”. Essa frase dita pelo técnico da seleção brasileira sub-20, Emerson Ávila, só registra a nova relação vivenciada entre as cobradas categorias de base e a exigente mídia.
Não dá para discordar do comandante brasileiro. Se antes éramos obrigados a nos contentar com as transmissões da Copa São Paulo de Juniores e da Taça BH, hoje nota-se um número maior de competições de base sendo exibidas pelas principais redes de televisão do país. Além do mais, importantes veículos de rádio e internet também passaram a abrir seus olhos para a base e dão o devido destaque ao assunto.
Não dá para discordar do comandante brasileiro. Se antes éramos obrigados a nos contentar com as transmissões da Copa São Paulo de Juniores e da Taça BH, hoje nota-se um número maior de competições de base sendo exibidas pelas principais redes de televisão do país. Além do mais, importantes veículos de rádio e internet também passaram a abrir seus olhos para a base e dão o devido destaque ao assunto.
// Vitória é o 1º campeão da Copa do Brasil Sub-20
O ápice dessas transmissões foi um torneio iniciante na lista de competições da CBF: a Copa do Brasil Sub-20. A estreia do torneio foi marcada pela exibição em dois canais de esportes pagos (Sportv e ESPN) e pelos excelentes públicos nas fases agudas. Até mesmo os profissionais responsáveis por cobrir os jogos se sentiram surpreendidos com isso:
“A recepção do público foi muito acima do esperado. Depois de um começo tímido, começamos a ver públicos ultrapassando as 20 mil pessoas nas fases decisivas”, disse Alexandre Oliveira, comentarista dos canais ESPN.
Para Carlos Eduardo Maluf, diretor de aquisição de eventos da ESPN, um dos segredos foi a presença de “clubes de camisa”, o que só facilitou o trabalho da emissora: “Na hora de adquirirmos os direitos da Copa do Brasil Sub-20, analisamos a presença de clubes grandes e também o fato de cada vez mais vermos jovens garotos aparecendo entre os profissionais. Na parte da audiência, aumentou bastante, mas ainda devemos evoluir no lado comercial, algo já esperado por se tratar de uma estreia”.
A cobertura da Copa do Brasil Sub-20 feita pelos canais ESPN foi apenas a sequência de uma tradição vinda dos criadores da emissora nos Estados Unidos, afirmou Carlos Maluf: “A ESPN nasceu nos EUA e tem longa tradição exibindo, por exemplo, a NCAA (basquete universitário). Os torneios de base sempre tiveram espaço e apoio na emissora”.
Além da Copa do Brasil Sub-20, os canais ESPN transmitiram a Copa São Paulo de juniores disputada logo em janeiro. Segundo Alexandre Oliveira, o segredo da cobertura está na preparação: “Tenho contato com muitos treinadores de base, portanto, peço informações a eles. Além disso, busco dados históricos da competição e o desempenho dos times que cobrirei”.
Outro ponto relevante a se destacar, no sentido da expansão dos torneios de base, é o trabalho com a cabeça dos jovens atletas. Será que estão preparados para essa repentina aparição para o público? E o pior: será que estão prontos para superar o ostracismo que a carreira acaba se tornando para alguns até a chegada ao time profissional? Ávila e Alexandre falaram ao Olheiros sobre o assunto.
“É claro que, em alguns casos, os garotos acabam se assustando com o assédio da imprensa, mas de forma geral, eles conseguem aprender a conviver com este tipo de situação que está se tornando comum no futebol. O importante é que os clubes, a família e os profissionais que cuidam de suas carreiras saibam conduzi-los de forma consciente nessa reta final de formação”, afirmou o treinador Emerson Ávila.
Já o comentarista Alexandre Oliveira destacou como o peso de uma crítica pode derrubar um jovem jogador: “Durante os comentários, o importante é não queimar o jogador, afinal, estão em fase de amadurecimento. O correto é identificar os erros para contribuir com a evolução do garoto”.
É muito bom notar que não é somente um lado que percebe o dano que pode causar a carreira de um jogador. Um técnico pode “estragar” o atleta com um posicionamento ruim ou orientações equivocadas, mas o que poucos param para pensar é que duras críticas da imprensa podem abalar o emocional de um jogador e levar sua carreira ao fundo do poço.
Se todos os profissionais envolvidos nas transmissões das competições de base seguem esta linha de pensamento, deve ter dado uma enorme coceira na língua para falar algo duro para um garoto, afinal de contas, poucas vezes tantos torneios foram transmitidos na TV brasileira. Além das já conhecidas Copa São Paulo e Taça BH e da supracitada Copa do Brasil Sub-20, foram exibidos os Brasileirões Sub-17 e Sub-20, além dos Paulistões Sub-17 e Sub-20.
Com tantos campeonatos sendo transmitidos, fica impossível não notar defeitos nas coberturas, mas Emerson Ávila preferiu valorizar o feito atual: “Comecei a trabalhar na base do Cruzeiro em 1996 e jamais imaginei que o futebol de base seria tão prestigiado pela imprensa como é hoje. Mesmo que haja desconhecimento por parte dos veículos de comunicação, acho muito bacana tudo o que tem sido feito para acompanhar as divisões de base. Muitas vezes a estrutura não permite que as transmissões tenham a qualidade ideal, mas o espaço atual é excelente. Talvez fosse interessante transferir também essa cobertura para as divisões menores, mas de qualquer forma, o mais importante é que as informações sejam passadas a todos os interessados na formação de atletas”.
Esse número maior de transmissões de torneios de base se torna reflexo da importância que os garotos começam a exercer quando se tornam profissionais, já que, tanto torcedores, quanto imprensa querem saber de onde o jogador veio, como foi sua formação e se está mesmo preparado para integrar elencos de grandes clubes. Para formar uma opinião sobre o assunto, é bom acompanhá-los desde cedo e esse foi um grande passo dado pela mídia esportiva neste ano de 2012.
Um fator significativo neste crescimento tem os espectadores envolvidos. Eles querem saber de seus times e das revelações, para isso, cobram das redes de TV e rádio e das agências de notícias, coberturas mais aprofundadas dos torneios de base. É a famosa “oferta e procura”. O público quer saber dos garotos e a imprensa leva as informações até eles.
Se já foi assim em 2012, o que esperar dos próximos anos? Estamos chegando ao tempo em que os torneios de base não são mais “tapa-buracos” da TV brasileira. (Eduardo Junior / Olheiros.net)
O ápice dessas transmissões foi um torneio iniciante na lista de competições da CBF: a Copa do Brasil Sub-20. A estreia do torneio foi marcada pela exibição em dois canais de esportes pagos (Sportv e ESPN) e pelos excelentes públicos nas fases agudas. Até mesmo os profissionais responsáveis por cobrir os jogos se sentiram surpreendidos com isso:
“A recepção do público foi muito acima do esperado. Depois de um começo tímido, começamos a ver públicos ultrapassando as 20 mil pessoas nas fases decisivas”, disse Alexandre Oliveira, comentarista dos canais ESPN.
Para Carlos Eduardo Maluf, diretor de aquisição de eventos da ESPN, um dos segredos foi a presença de “clubes de camisa”, o que só facilitou o trabalho da emissora: “Na hora de adquirirmos os direitos da Copa do Brasil Sub-20, analisamos a presença de clubes grandes e também o fato de cada vez mais vermos jovens garotos aparecendo entre os profissionais. Na parte da audiência, aumentou bastante, mas ainda devemos evoluir no lado comercial, algo já esperado por se tratar de uma estreia”.
A cobertura da Copa do Brasil Sub-20 feita pelos canais ESPN foi apenas a sequência de uma tradição vinda dos criadores da emissora nos Estados Unidos, afirmou Carlos Maluf: “A ESPN nasceu nos EUA e tem longa tradição exibindo, por exemplo, a NCAA (basquete universitário). Os torneios de base sempre tiveram espaço e apoio na emissora”.
Além da Copa do Brasil Sub-20, os canais ESPN transmitiram a Copa São Paulo de juniores disputada logo em janeiro. Segundo Alexandre Oliveira, o segredo da cobertura está na preparação: “Tenho contato com muitos treinadores de base, portanto, peço informações a eles. Além disso, busco dados históricos da competição e o desempenho dos times que cobrirei”.
Outro ponto relevante a se destacar, no sentido da expansão dos torneios de base, é o trabalho com a cabeça dos jovens atletas. Será que estão preparados para essa repentina aparição para o público? E o pior: será que estão prontos para superar o ostracismo que a carreira acaba se tornando para alguns até a chegada ao time profissional? Ávila e Alexandre falaram ao Olheiros sobre o assunto.
“É claro que, em alguns casos, os garotos acabam se assustando com o assédio da imprensa, mas de forma geral, eles conseguem aprender a conviver com este tipo de situação que está se tornando comum no futebol. O importante é que os clubes, a família e os profissionais que cuidam de suas carreiras saibam conduzi-los de forma consciente nessa reta final de formação”, afirmou o treinador Emerson Ávila.
Já o comentarista Alexandre Oliveira destacou como o peso de uma crítica pode derrubar um jovem jogador: “Durante os comentários, o importante é não queimar o jogador, afinal, estão em fase de amadurecimento. O correto é identificar os erros para contribuir com a evolução do garoto”.
É muito bom notar que não é somente um lado que percebe o dano que pode causar a carreira de um jogador. Um técnico pode “estragar” o atleta com um posicionamento ruim ou orientações equivocadas, mas o que poucos param para pensar é que duras críticas da imprensa podem abalar o emocional de um jogador e levar sua carreira ao fundo do poço.
Se todos os profissionais envolvidos nas transmissões das competições de base seguem esta linha de pensamento, deve ter dado uma enorme coceira na língua para falar algo duro para um garoto, afinal de contas, poucas vezes tantos torneios foram transmitidos na TV brasileira. Além das já conhecidas Copa São Paulo e Taça BH e da supracitada Copa do Brasil Sub-20, foram exibidos os Brasileirões Sub-17 e Sub-20, além dos Paulistões Sub-17 e Sub-20.
Com tantos campeonatos sendo transmitidos, fica impossível não notar defeitos nas coberturas, mas Emerson Ávila preferiu valorizar o feito atual: “Comecei a trabalhar na base do Cruzeiro em 1996 e jamais imaginei que o futebol de base seria tão prestigiado pela imprensa como é hoje. Mesmo que haja desconhecimento por parte dos veículos de comunicação, acho muito bacana tudo o que tem sido feito para acompanhar as divisões de base. Muitas vezes a estrutura não permite que as transmissões tenham a qualidade ideal, mas o espaço atual é excelente. Talvez fosse interessante transferir também essa cobertura para as divisões menores, mas de qualquer forma, o mais importante é que as informações sejam passadas a todos os interessados na formação de atletas”.
Esse número maior de transmissões de torneios de base se torna reflexo da importância que os garotos começam a exercer quando se tornam profissionais, já que, tanto torcedores, quanto imprensa querem saber de onde o jogador veio, como foi sua formação e se está mesmo preparado para integrar elencos de grandes clubes. Para formar uma opinião sobre o assunto, é bom acompanhá-los desde cedo e esse foi um grande passo dado pela mídia esportiva neste ano de 2012.
Um fator significativo neste crescimento tem os espectadores envolvidos. Eles querem saber de seus times e das revelações, para isso, cobram das redes de TV e rádio e das agências de notícias, coberturas mais aprofundadas dos torneios de base. É a famosa “oferta e procura”. O público quer saber dos garotos e a imprensa leva as informações até eles.
Se já foi assim em 2012, o que esperar dos próximos anos? Estamos chegando ao tempo em que os torneios de base não são mais “tapa-buracos” da TV brasileira. (Eduardo Junior / Olheiros.net)