São três pontos a menos que o Americana, no limite do acesso para a Série A. O que mudou? Fórmula mágica não há. Segundo o próprio Benazzi, sua primeira atitude no comando rubro-negro foi dizer aos jogadores que eles eram os maiores prejudicados com as más exibições.
Quando você chegou, eram quatro derrotas consecutivas e um clima ruim entre os jogadores. Qual foi a primeira ação?
Vagner Benazzi: Cheguei pra eles e falei que tudo dependia deles, de vestir a camisa do clube com mais determinação. Até porque eles fazendo jogos ruins como estavam fazendo só estavam fazendo mal a eles. Os jogadores sofrem muito com os familiares, não podem sair de casa. Hoje eu estou feliz e sei que vamos conquistar o acesso.
E a conversa com a diretoria?
Vagner Benazzi: Eu falei que dava para dar um pouquinho mais, porque o Vitória merecia isso. Chamei o presidente e disse que existe no clube um negócio chamado concentração que ninguém gosta, mas eu gosto. Acho que é a única maneira de descansar. E existe uma outra coisa chamado bicho que não estava sendo feito aqui no Vitória. Não tem profissão que mereça o bicho como o futebol, que joga domingo, sábado, terça... Não importa a quantia. Fui atendido, estamos nos esforçando e todos ficaram satisfeitos.
O grupo já está fechado?
Vagner Benazzi: Estamos tentando reforçar o time ainda. Ninguém fala isso pro grupo, não. Quem fala sou eu. Eles não têm que se preocupar com isso. Têm que fazer o trabalho deles dentro do gramado. Alguns jogadores já foram dispensados e nenhum deles que saiu falou: 'pô eu fui culpado por ter chutado, eu fui culpado por que fiz isso'. Foi todo mundo culpado, menos ele. Então, aquele que não foi culpado tem que sair do clube, porque não fez nada.
Neto Baiano chegou a comentar que o grupo estava rachado. Como o senhor vê o grupo do Vitória hoje? O clima mudou?
Vagner Benazzi: Eu dou valor pro Neto. Ele queria com aquela frase motivar o grupo. Ele é um jogador muito querido dentro do plantel, importantíssimo. Ele também falou que o Vitória vai subir. Ele tem que ser o número 1 desse querer, desse poder. É isso que nós precisamos. E quem chegar e não se enquadrar, vai embora. Individualismo aqui não se prega, até porque na Série B se você tem individualismo implantado, aí sim está rachado. Está todo mundo rezando junto antes dos jogos, dando valor àqueles jogadores que estou colocando para jogar. Precisa falar algo mais?
Sete jogos à frente do Vitória. O time já tem a sua cara?
Vagner Benazzi: Não, ainda falta. Tem que contratar. Tenho conversado com o presidente. Primeiro deixo ele falar, e depois dou a minha opinião. A gente não pode extrapolar em algumas posições e não pode contratar jogador que não chegue para jogar. Ah! Estava na Europa e tal... O que importa é o dia a dia.
Metas até o final do ano?
Vagner Benazzi: Tem uma meta aí que eu gostei: a cada cinco jogos, fazer 12 pontos. Fazendo oito é uma meta boa. Vamos seguir dentro dessa meta, tentando sempre. Está muito embolado, vai chegar lá na frente e a Série B será a que classifica com menor número de pontos.
Acesso tranquilo ou na raça?
Vagner Benazzi: Não existe acesso tranquilo. O cara que vem pra Série B, parece que ele é condenado. Parece que matou alguém, roubou algum banco e quebrou a feira toda. E com razão. Na Série A você tem a satisfação de ver o time deles jogar contra os supertimes, Palmeiras, Flamengo... Tudo isso é cobrado. Eu me desgasto muito antes dos jogos. No dia anterior, antes de dormir fico preocupado, pensando se estou tomando as decisões certas. Levei isso de um treinador chamado Dalton Menezes. Passei em 22 equipes e nas 22 fui capitão. Não era nenhum craque, mas era esforçado e determinado. Sabia que teria que fazer as coisas certas porque precisava comprar uma bicicleta, um relógio. Valorizava as coisas que comprava. Tem que respeitar todo mundo e não pode ser bobo. Coitado no meu vocabulário não existe. (iBahia)