27 de maio de 2014

APRÈS MOI LE DÉLUGE. Por Franciel cruz.

O menino Charles Baudelaire garantia que para não “sentirdes o fardo horrível do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem tréguas”.

Sábio ensinamento.

Porém, no futebol de Pindorama, não tem cachaça que dê jeito. Há um fardo inexorável que se impõe sobre aqueles que tentam construir uma biografia excepcional nas quatro linhas. E este peso insustentável também tem um nome parecido com canjebrina: Pelé.

PUTAQUEPARIU AS SIMBOLOGIAS!!!

Mesmo sendo um poeta em silêncio, o eterno camisa 10 da seleção parece ter lançado sobre as gerações futuras de craques uma praga igual àquela de Luis XV: Après moi le déluge.

E a tempestade que se abateu sobre seus pretensos sucessores nunca tem fim. Após a conquista do tri, no México, muitos tentaram, mas apenas dois jogadores conseguiram o feito de conduzir a equipe canarinho rumo à glória maior: Romário e Ronaldo.

E ambos sofreram a maldição do Rei.

Primeiro, foi o baixinho. Gênio incontestável na pequena área, não conseguiu ter a sabedoria real de parar na hora certa. E, no fim de carreira (sem trocadilhos, por favor), foi peregrinar por estádios e nações em busca de uma glória que não lhe deveria pertencer, o tal gol mil. Este vexame foi o requiém de uma longa e gloriosa jornada, que terminou de modo meio que decadente.

Foi assim que, naquela busca insana e inconformada, Romário protagonizou lances patéticos. Tentando dar um xeque-mate na idade, buscou a eterna juventude, se encheu de finasterida para cessar a inevitável queda de cabelos e, já nas prorrogações, foi humilhado e traído num exame antidoping.

Por falar em traição, este infortúnio parece perseguir o outro escorpião desta fábula: Ronaldo Nazário de Lima. O menino Ronaldo é um fenômeno quando o tema central é a infidelidade.

Em 1998, ao saber da fofoca de que Pedro Bial batia um bolão com Suzane Werner, dizem que o centroavante não aguentou o tranco e deu caruara, que os médicos, eufemisticamente, chamaram de convulsão.

Depois, quando espalharam o boato de que houve a invasão holandesa de Clarence Seedorf (que jogava com ele na Inter de Milão) na zona do agrião de Milene Domingues, reza a lenda que nosso anti-herói tirou o sofá da sala. Fugiu do problema e foi para o Real Madrid, na Espanha.

Dizem os sábios que chifre é algo essencial na vida das pessoas, pois acaba humanizando o cristão. Ronaldo, porém, de vítima tornou-se algoz, transformando-se em protagonista de deslealdades. E foi traindo nas mais diversas áreas. Começou pulando de um time para o arquirrival, sem a menor cerimônia. E tome-lhe Barça, Real, Milan, Inter e, por fim, apesar de se declarar flamenguista, foi encerrar a carreira no Corinthians. Mas a iniquidade maior acontece agora, fora das quatro linhas. O que era sua glória no futebol, o apurado senso de oportunismo, acabou por se transformar em sua própria ruína.

Seguinte foi este.

Depois de bater bola com Dilma Rousseff e se lambuzar no impoluto Comitê Organizador Local (COL), ele agora diz que tem vergonha da Copa e afirma que vai jogar um baba do outro lado da rua com Aécio Neves.

E aí, uma vez mais e finalmente, entra a maldição de Pelé, no caso de Edson Arantes do Nascimento. As infâmias perpetradas por este no binômio futebol & política tornam-se somente folclore. Já nos outros, que tentam superá-lo, viram apenas e simplesmente canalhice.

É isso. Está escrito desde sempre que é impossível superar o Rei, seja na fama, na glória ou até mesmo na desonra. A maldição de Pelé é implacável. E ninguém a desafia impunemente, pois, no fim, é só dilúvio, choro e ranger de dentes.

Ronaldo parece que ainda não entendeu este axioma tão CLARO!

Por: Franciel Cruz

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