Nas últimas 48 horas, estive diante de um dilema de botar Hamlet no chinelo: Escrever ou não escrever sobre o último clássico VISA no Barradão.
Com o juízo obnubilado por canjebrinas, algumas substâncias não recomendadas pela Carta Magna e, especialmente, pelo frio paulistano não me sentia bem em realizar tal tarefa. Seria muito leviano falar sobre o que não vivi. Então, preferi o obsequioso silêncio. Mas, para que os milhares de ouvintes desta emissora (na verdade três) não ficassem sem notícias neste dias tenebrosos, decidi publicar o excelente texto, mais um, do menino Lionel, que canta como o Messi, joga como o Richie e escreve como o DEMÔNHO.
Com o juízo obnubilado por canjebrinas, algumas substâncias não recomendadas pela Carta Magna e, especialmente, pelo frio paulistano não me sentia bem em realizar tal tarefa. Seria muito leviano falar sobre o que não vivi. Então, preferi o obsequioso silêncio. Mas, para que os milhares de ouvintes desta emissora (na verdade três) não ficassem sem notícias neste dias tenebrosos, decidi publicar o excelente texto, mais um, do menino Lionel, que canta como o Messi, joga como o Richie e escreve como o DEMÔNHO.
Recebam, amorteçam e distribuam as prosopopéias que salvam e libertam de Lionel Leal. Às aspas.
Por: Franciel Cruz
“Estava eu tranquilamente curtindo meu feriado, ponderando por quê todo mundo quer transar no dia do sexo, mas ninguém quer trabalhar no dia do trabalho, quando toca o telefone. Era meu irmão, Diógenes.
“Lionel? Aqui é seu irmão“, disse ele.
“Eu sei, até já falei lá no primeiro parágrafo”, respondi.
Já tendo aprendido a ignorar minhas sandices após trinta anos de convivência,
Diógenes apenas prosseguiu:
“Franciel está pedindo nossa ajuda”.
“Essa não”, levantei do sofá, já preocupado: “em qual delegacia ele está?”
“Que isso, rapaz, Franciel é boa gente, nunca foi preso à toa”, defendeu Diógenes. “Ele apenas estava pensando em colocar uns textos de convidados no site, e seu nome foi citado”.
Como eu normalmente só sou citado quando um oficial de justiça aparece para cobrar dívida, prontamente aceitei o desafio. Assim, aqui estou para contar a vocês como é viver longe de sua terra e — mais importante — do seu time:
É uma merda.
Certo, imagino que vocês estejam esperando algo menos resumido, então deixe-me elaborar um pouco mais. Morar longe significa não poder ir ao estádio, não acompanhar o dia-a-dia do seu time, e assim depender de terceiros para ter notícias e saber como o Leão está jogando. E aí, tome-lhe informações desencontradas: a depender de para quem você pergunta, Geovanni pode ser o maior camisa 10 desde Petkovic ou um pereba que não entra no meu baba nem se for o dono da bola.
Mas, tudo bem, estamos chegando no segundo semestre e assim eu poderei ver os jogos do Brasileiro na TV e formar minha própria opinião, certo? Verdade, mas aí entra outra grande dificuldade enfrentada por nós, desterrados, nesse mundo capitalista: a grana.
Sai caro torcer para o Vitória em Brasília. Os garçons cobram bandeira dois na gorjeta para sintonizar a televisão em qualquer jogo que não envolva um time do Rio ou de São Paulo, e o PFC ocasionalmente nem transmite todos os jogos da série B.
Por outro lado, o Vitória eventualmente vem jogar no Serra Dourada, a apenas 210 km de Brasília. Diante da possibilidade de ver o meu time, até não me incomodo de gastar com gasolina, ingressos, cerveja e talvez um hotel. O problema mesmo é quando a minha doce e solidária esposa, companheira como só ela sabe ser, resolve ir comigo e aproveitar a viagem para visitar cada uma das sessenta e duas feiras de Goiânia comprar umas calças, alguns sapatos e sei lá quantas bolsas.
Senhores, ser obrigado a investir na bolsa para ver o Vitória jogar é algo que não desejo a ninguém.
Porém, para que não me acusem de ser mais casquinha do que já sou, devo confessar que o maior problema em ser um desterrado não são os gastos, mas o sentimento de impotência.
Epa, calma lá. Muito embora a minha caixa de e-mail lotada de spam oferecendo Viagra e Cialis possa indicar o contrário, eu na verdade estou falando de outro tipo de impotência.
Explico. Ir ao Barradão, apoiar o time, lamentar as derrotas e comemorar as vitórias in loco faz com que você se sinta parte daquilo tudo — um sentimento que não existe quando estamos, à distância, acompanhando pela TV.
Por mais que eu discuta com o narrador (mas é sempre ele quem começa a me
provocar) e passe instruções para Neto Baiano (que nunca me ouve, ô centroavante teimoso), assistir o jogo na TV simplesmente não é a mesma coisa que estar no estádio. E aí vem o sentimento de impotência, a sensação de que nada posso fazer para ajudar o meu time.
Mas, ainda bem, essa é uma sensação que passa rápido. Porque eu sei que posso, sim, fazer algo para ajudar meu time: mesmo à distância eu posso lutar por um Vitória mais democrático, posso manter minha condição de associado e meu direito a voto. E assim, posso ajudar a fazer um Vitória melhor e mais forte.
Porque o Vitória pode estar longe de mim, mas eu nunca estarei longe dele“.
“Lionel? Aqui é seu irmão“, disse ele.
“Eu sei, até já falei lá no primeiro parágrafo”, respondi.
Já tendo aprendido a ignorar minhas sandices após trinta anos de convivência,
Diógenes apenas prosseguiu:
“Franciel está pedindo nossa ajuda”.
“Essa não”, levantei do sofá, já preocupado: “em qual delegacia ele está?”
“Que isso, rapaz, Franciel é boa gente, nunca foi preso à toa”, defendeu Diógenes. “Ele apenas estava pensando em colocar uns textos de convidados no site, e seu nome foi citado”.
Como eu normalmente só sou citado quando um oficial de justiça aparece para cobrar dívida, prontamente aceitei o desafio. Assim, aqui estou para contar a vocês como é viver longe de sua terra e — mais importante — do seu time:
É uma merda.
Certo, imagino que vocês estejam esperando algo menos resumido, então deixe-me elaborar um pouco mais. Morar longe significa não poder ir ao estádio, não acompanhar o dia-a-dia do seu time, e assim depender de terceiros para ter notícias e saber como o Leão está jogando. E aí, tome-lhe informações desencontradas: a depender de para quem você pergunta, Geovanni pode ser o maior camisa 10 desde Petkovic ou um pereba que não entra no meu baba nem se for o dono da bola.
Mas, tudo bem, estamos chegando no segundo semestre e assim eu poderei ver os jogos do Brasileiro na TV e formar minha própria opinião, certo? Verdade, mas aí entra outra grande dificuldade enfrentada por nós, desterrados, nesse mundo capitalista: a grana.
Sai caro torcer para o Vitória em Brasília. Os garçons cobram bandeira dois na gorjeta para sintonizar a televisão em qualquer jogo que não envolva um time do Rio ou de São Paulo, e o PFC ocasionalmente nem transmite todos os jogos da série B.
Por outro lado, o Vitória eventualmente vem jogar no Serra Dourada, a apenas 210 km de Brasília. Diante da possibilidade de ver o meu time, até não me incomodo de gastar com gasolina, ingressos, cerveja e talvez um hotel. O problema mesmo é quando a minha doce e solidária esposa, companheira como só ela sabe ser, resolve ir comigo e aproveitar a viagem para visitar cada uma das sessenta e duas feiras de Goiânia comprar umas calças, alguns sapatos e sei lá quantas bolsas.
Senhores, ser obrigado a investir na bolsa para ver o Vitória jogar é algo que não desejo a ninguém.
Porém, para que não me acusem de ser mais casquinha do que já sou, devo confessar que o maior problema em ser um desterrado não são os gastos, mas o sentimento de impotência.
Epa, calma lá. Muito embora a minha caixa de e-mail lotada de spam oferecendo Viagra e Cialis possa indicar o contrário, eu na verdade estou falando de outro tipo de impotência.
Explico. Ir ao Barradão, apoiar o time, lamentar as derrotas e comemorar as vitórias in loco faz com que você se sinta parte daquilo tudo — um sentimento que não existe quando estamos, à distância, acompanhando pela TV.
Por mais que eu discuta com o narrador (mas é sempre ele quem começa a me
provocar) e passe instruções para Neto Baiano (que nunca me ouve, ô centroavante teimoso), assistir o jogo na TV simplesmente não é a mesma coisa que estar no estádio. E aí vem o sentimento de impotência, a sensação de que nada posso fazer para ajudar o meu time.
Mas, ainda bem, essa é uma sensação que passa rápido. Porque eu sei que posso, sim, fazer algo para ajudar meu time: mesmo à distância eu posso lutar por um Vitória mais democrático, posso manter minha condição de associado e meu direito a voto. E assim, posso ajudar a fazer um Vitória melhor e mais forte.
Porque o Vitória pode estar longe de mim, mas eu nunca estarei longe dele“.
Por: Franciel Cruz
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