24 de setembro de 2014

[BAVI] HOMILIA EM RESPEITO AOS FRACOS E OPRIMIDOS. Por Franciel Cruz.

Mais atrasado do que o goleiro Marcelo Lomba, só agora ocupo este impoluto espaço para resenhar sobre a peleja do último domingo, também conhecido como 21 de setembro. Antes, porém, sem longas nem mais delongas, aviso logo à praça. Caso o amigo ouvinte tenha comparecido a esta emissora, com gosto de sangue na boca, esperando que este brioso locutor achincalhe e humilhe o ex-rival do Esporte Clube Vitória, favor voltar outro dia ou sintonizar em outra estação no dial. Afinal, minha sólida formação cristã/marxista impede-me de tripudiar dos fracos. E estas sardinhas, convenhamos, são de uma debilidade ímpar.

É fato que muitos podem argumentar (não sem razão) que nossos ex-adversários são anêmicos, mas arrogantes. Porém, a afetação destas criaturas imodestas está ligada muito mais ligada a este axioma que minha finada genitora gostava de repetir do que a qualquer outra coisa. “Incutido é pior do que maluco”.

É isso. O problema deles, amigos, é exatamente de incutimento.

Seguinte foi este.

Depois que eles receberam umas bordoadas humilhantes na inauguração da velha fonte nossa, inventaram que a culpa era da antiga gestão. E mais. Que o tal o “baea democrático” não perderia para o Vitória, como se existisse um Bahia democrático, como se aquilo não fosse uma ficção, uma pantomina criada por marqueteiro para enganar incautos.

Mas, derivo.

O fato é que eles se apegaram a esta culhuda como se fosse a última tábua de salvação. E repetiam o mantra com a mesma insistência que os carros de som tocam os refrãos de pagode na praia de Boa viagem.

Como o Vitória estava (e ainda está) neste infindo descalabro administrativo, com reflexos nas 4 linhas, as sardinhas ficaram felizes por alguns meses e oito jogos. Porém, como dizia uma frase de autoajuda que ficava estampada nas paredes do Porto da Barra e que muito atribuem à vedete de Santo Amaro, “É incrível o poder que as coisas parecem ter quando elas têm que acontecer”.

E, neste último domingo, tudo conspirava para que as coisas acontecessem. Antes de tudo e de mais nada, era prenúncio da primavera, tempo ideal para entregar flores para defuntos. E o Vitória, com galhardia, seguiu a risca este ritual.

Devastadoramente superior, o escrete Rubro-Negro poderia ter imposto uma nova e antológica goleada, mas decidiu apenas recolocar as sardinhas no seu devido lugar de coadjuvante do futebol, posição que eles ocupam com denodo faz mais de duas décadas.

Noves fora o vacilo da zaga no início da partida, quando kieza (isto é nome de jogador ou de cosmético fuleiro?) fez 1 x 0, o Leão foi superior em todo o tempo. E menos de 5 minutos depois de sofrer o revés já havia igualado o marcador. O placar estava igual, mas a diferença de futebol e raça eram gritantes. O Leão encurralou completamente as sardinhas e meteu o segundo num chutaço de Luiz Gustavo, que era, até então, o jogador mais fraco, sem a mínima noção de ocupação do espaço que deveria ocupar em campo (Juan não conta. Este é um caso perdido).

O fato triste do domingo foi que perdi meu bolão. Como sabíamos que ia enfrentar uma ruína, botei 7 x !1. Paciência. Perdi o bolão, mas não perdi o senso de solidariedade cristão.

- Não, minha comadre, não adianta insistir. Repito o que já disse. Não vou espezinhar os mais fracos.

Aliás, o contrário. Estou aqui para ajudar. Por isso, informo o seguinte aos amigos que estão na zona, com dor de corno. Na Rua da Ajuda, número 39, tem uma boa loja de vinil. Lá, vocês encontrarão, ao menos, um disco de Odair José para se consolar. Caso contrário, torcida tricolor, é só voltar para vosso habitat natural na Ladeira Montanha, antes que o prefeito invente uma requalificação do ambiente e deixem vocês sem nenhuma possibilidade de abrigo.

Amém.

Por: Franciel Cruz

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