Entrevista com o vice-presidente do Vitória, Carlos Falcão à Coluna Esportes do site BahiaNotícias.
Bahia Notícias – Mais tranquilo agora após o acesso conquistado e uma montagem de time com mais coerência. Dá para apontar os erros e acertos da temporada passada?
Carlos Falcão: Eu acho que toda temporada quando termina, o primeiro passo é essa avaliação. Obviamente nós tivemos vários acertos no ano passado, e não somente no futebol, nós tivemos acerto no marketing com a campanha de maior sucesso, na minha opinião, da história do futebol brasileiro. Nos esportes olímpicos, nas divisões de base, título histórico da Copa do Brasil, e também no futebol com o acesso. Então o Vitória no ano passado, teve muitos acertos, poucos erros, mas não somente no futebol. Em todas as áreas em que você olha o clube hoje, nós temos o que comemorar, e é isso que nós procuramos fazer, fazer sempre o melhor.
Bahia Notícias – Mais tranquilo agora após o acesso conquistado e uma montagem de time com mais coerência. Dá para apontar os erros e acertos da temporada passada?
Carlos Falcão: Eu acho que toda temporada quando termina, o primeiro passo é essa avaliação. Obviamente nós tivemos vários acertos no ano passado, e não somente no futebol, nós tivemos acerto no marketing com a campanha de maior sucesso, na minha opinião, da história do futebol brasileiro. Nos esportes olímpicos, nas divisões de base, título histórico da Copa do Brasil, e também no futebol com o acesso. Então o Vitória no ano passado, teve muitos acertos, poucos erros, mas não somente no futebol. Em todas as áreas em que você olha o clube hoje, nós temos o que comemorar, e é isso que nós procuramos fazer, fazer sempre o melhor.
BN – Qual a principal diferença na escolha de nomes da temporada passada para esse ano?
Carlos Falcão: O orçamento. O Vitória vem, apenas para efeito de comparação, em 2007, quando eu assumi a vice-presidência do clube, de R$ 11 milhões no ano. No ano passado tivemos um orçamento na faixa de R$ 50 milhões. Esse ano estamos com um orçamento um pouco maior que R$ 60 milhões. O que significa? A cada ano, o Vitória vem buscando sua solidificação financeira. Com isso, nós temos muito mais condições de investir mais no futebol. Então quando o torcedor observa e comemora contratações mais importantes que do ano passado, isso nada mais é do que a consequência de um projeto. Nós vivemos no Vitória um projeto, e este projeto vem a cada ano se solidificando. Esperamos que no ano que vem tenhamos um orçamento ainda melhor com condições de fazer contratações ainda mais expressivas.
BN – No início do ano passado vocês fizeram algumas apostas que não deram certo. Depois de perder o título estadual, ficou com receio do restante da temporada?
Carlos Falcão: Não, acho que não. O título do ano passado foi perdido em um detalhe e nós tínhamos consciência, e eu disse isso o ano inteiro, que estávamos no caminho certo. Na verdade as contratações são um negócio de risco, elas podem dar certo ou não. O que nós fazemos aqui é pesquisar, investigar para você diminuir as possibilidades de que isso ocorra. E é isso que nós fizemos no ano passado. Em momento nenhum nós achávamos que estávamos no caminho errado, pelo contrário, agora obviamente, como eu já havia dito, contratação você pode acertar ou errar. O que a gente busca é acertar mais do que errar, mas sempre existirão contratações que não darão certo, não somente no Vitória, mas em qualquer clube de futebol.
BN – Qual foi o ponto fundamental para a equipe engrenar no primeiro turno da Série B, que foi espetacular?
Carlos Falcão: Acho que houve uma combinação de fatores. A preparação física estava em um momento muito bom. A parte técnica muito boa. A tática e a motivação dos atletas. Eu acho que essa união de fatores fez com que o grupo atingisse o seu melhor momento no campeonato, e foi exatamente por isso que a gente conseguiu criar a gordura que precisávamos criar para o final da temporada.
BN – O que foi que aconteceu que na reta final a equipe caiu tanto de rendimento? Na sua opinião, qual foi o motivo?
Carlos Falcão: Acho que vários motivos. Quando você tem um case de sucesso, dificilmente esse case de sucesso é baseado em só um fator. É uma congregação de fatores que fazem o sucesso, da mesma forma quando o sucesso não ocorreu ou não ocorre da maneira como se espera, eu entendo que não foi um motivo só. Houve uma queda do rendimento físico, acho que houve divergências internas que podem ter prejudicado o grupo, e acho também que com a gordura acumulada muitos atletas relaxaram e achavam que já estavam com tudo ganho, que era o melhor do mundo, e isso gerou um pouco de acomodação. Quando viram que precisavam correr atrás, os outros clubes que disputavam conosco já estavam vendo um momento melhor e ficou recuperar o tempo perdido.
BN – É verdade que para substituir Paulo César Carpegiani vocês pensaram em trazer Luiz Felipe Scolari?
Carlos Falcão: É verdade. Não fizemos nenhuma proposta, mas Raimundo entrou em contato com o empresário do treinador. Na verdade seria um tiro curto, nós ainda não temos orçamento para um treinador com esse investimento. Mas pensamos sim porque era um mês só e se tivesse dado certo, nós teríamos feito esse sacrifício e trazido para dar uma mexida, porque naquele momento achávamos que tínhamos a possibilidade de perseguir o título, e mexeríamos nisso sim.
BN – Ficou uma pontinha de frustração apesar de saber que o objetivo era o acesso, mas não conquistou o título que estava praticamente nas mãos da equipe?
Carlos Falcão: Eu acho que o título não estava praticamente nas mãos, porque nós abrimos a vantagem, mas já vimos isso acontecer em muitos clubes. Se você lembrar, o Atlético Mineiro tinha também uma vantagem enorme sobre o Fluminense, e o Fluminense conseguiu se recuperar, virar, ultrapassar e ser campeão com duas rodadas de antecedência. Se eu lhe disser que nós não preferíamos ter sido campeões eu estaria mentindo e eu nunca minto, eu como dirigente tenho obrigação de falar a verdade para o seu torcedor. Então é claro que preferíamos ter sido campeões. Porém, a grande meta do clube na temporada foi o acesso e essa grande meta nós conquistamos.
BN – E a escolha de Caio Júnior? O que falar desse profissional?
Carlos Falcão: Caio é um treinador que tem algumas características que a gente gosta muito. Ele gosta de trabalhar com a base, ele é um estudioso do futebol, se você conversar com Caio você vai ver que ele se preocupa com o lado técnico, ele avalia vídeos, ele gosta de trabalhar com o lado psicológico. Caio é um treinador que treinou clubes de Série A, todos os clubes tiveram aproveitamento superior a 50%, isto é, estiveram sempre ali perto da zona da Libertadores, e acima de tudo, Caio tem o case de sucesso, na minha opinião, o maior case de sucesso na história dos pontos corridos, que foi levar o Paraná, com um orçamento modesto, a uma Libertadores da América.
BN – O Vitória terá quatro competições em 2013. Já está disputando a Copa do Nordeste, vai disputar também o Campeonato Baiano na segunda fase, Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Dentro de uma perspectiva realista, no estadual e no Nordestão o rubro-negro entra como favorito? E na Copa do Brasil e no Brasileiro?
Carlos Falcão: Eu acho que o Vitória no campeonato regional, tanto no Baiano quanto na Copa do Nordeste, ele tem que entrar para ser campeão. Eu disse isso em uma reunião aqui com a comissão, que o único mérito nosso nessas duas competições é o título. Óbvio que podemos ganhar ou perder, estamos disputando a competição com outros clubes, tem clubes que estão disputando, principalmente o Nordeste, com orçamentos próximos aos nossos, mas nós temos que entrar para ser campeão. Isso é o grande objetivo. Quando você entra em uma Copa do Brasil, você sempre tem e sempre há o sonho de ser campeão. Porém, é uma competição mais difícil. Eu acho que o Vitória tem que estabelecer como meta primeiro disputar uma Libertadores. Isso pode acontecer em 2013, 2014, 2015, enfim, a cada ano, nós nos fortalecemos. Nós estamos falando de um projeto de futuro, nós não pensamos o Vitória em 2013. Nosso planejamento estratégico é o Vitória 2020. Se você tiver a oportunidade de mostrar, e você leve ao nosso torcedor, nós temos um planejamento de longo prazo para o clube. E a cada ano nós avançamos mais. Então temos sim as metas de sermos campeões do Nordeste, do Campeonato Baiano, de fazermos uma grande exibição na Copa do Brasil, ficarmos entre os principais finalistas dessa competição, e uma Série A cada vez mais competitiva, eu acho que a gente tem que lutar para estar na parte de cima da tabela, e não na parte de baixo. Acho que esses são objetivos realistas para essa temporada de 2013.
BN – Clubes como Corinthians, Flamengo, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Fluminense, têm orçamentos muito maiores que o Vitória. Como concorrer com eles de igual para igual?
Carlos Falcão: Não podemos. O Vitória não poderá, não somente o Vitória, mas Vitória, Coritiba, Bahia, Sport, Náutico, o próprio Criciúma que subiu esse ano, Atlético Paranaense, são clubes que têm orçamentos similares, a mesma cota de TV. E esses orçamentos giram na faixa de R$ 60 a R$ 70 milhões por ano, que já é muito quando comparado ao que tínhamos quando assumimos a gestão financeira do Vitória. Porém, é muito distante dos R$ 300 milhões que tem o Corinthians, São Paulo, R$ 250 milhões que tem um Internacional, Fluminense, enfim, a distância é enorme. Temos que fazer mais com menos, errar menos, buscarmos trabalhar mais na motivação, buscar trabalhar na minimização dos nossos erros porque se formos apenas no critério investimento, não tem como. O Fluminense por exemplo, eu vi uma reportagem em que ele investe, somente em sua folha, mais de R$ 110 milhões por ano, somente na folha. Enfim, é muito difícil, o futebol brasileiro é muito desigual, e nessa desigualdade nós temos que buscar, dentre os desiguais, sermos os melhores.
BN – Quanto é a folha do Vitória anual?
Carlos Falcão: Quando chegarmos na Série A, planejamos uma folha na faixa de R$ 2 milhões por mês, esse é o valor aprovado pelo nosso conselho deliberativo, pelo orçamento que nós apresentamos, e entendemos que esse é o montante que está compatível com o orçamento do clube, acho que nós chegaremos lá.
BN – Uma previsão realista e clara do futuro. Quando você acha que o Vitória poderá bater, em um futuro próximo, com essas equipes que eu citei anteriormente, Flamengo, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Fluminense, e em termos de títulos?
Carlos Falcão: Você hoje tem três grandes grupos do futebol brasileiro. Você tem aqueles que têm as menores cotas, as cotas intermediárias e as grandes cotas. Eu diria que no topo você tem o Flamengo, Corinthians, São Paulo, Internacional. Acho que esses são os quatro clubes no Brasil que tem maiores orçamentos e orçamentos superiores a R$ 200 milhões. Aí depois você tem o grupo dos que tem orçamento na base de R$ 150 milhões, e aí você tem o Atlético, Cruzeiro, Grêmio. Eu acho que o Vitória para se tornar competitivo, e essa é a nossa grande meta do nosso planejamento estratégico, nós temos que chegar a um orçamento de R$ 100 milhões. Essa é a meta da atual política do planejamento que nós temos. E entendemos que nós temos que chegar nisso até 2017, essa é a grande meta que o planejamento estratégico do Vitória estipulou para os próximos cinco anos.
BN – Você é a favor da substituição dos pontos corridos pelo mata-mata na Série A? Muito se comenta que essa fórmula é prejudicial principalmente para as equipes do Nordeste, que têm orçamentos mais modestos.
Carlos Falcão: Eu prefiro a fórmula atual. Acho que, obviamente, dentro de um campeonato de pontos corridos as chances de um clube de menor orçamento ser campeão são muito menores. Se você observar, desde que foi instituído o campeonato de pontos corridos, nenhum clube de orçamento menor conseguiu ser campeão e dificilmente acontecerá. Porém, esse modelo de campeonato dá a todos um calendário pré-estabelecido, facilita a comercialização das cotas de TV, então eu acho que se por um lado dificulta o título para clubes de menor orçamento, por outro dá a esses clubes um horizonte melhor de planejamento financeiro.
BN – Muitos clubes brasileiros estão investindo em jogadores que ajudam no marketing também. Vocês pensam nisso? Lógico que o jogador rendendo dentro de campo também.
Carlos Falcão: Eu acho que a prioridade hoje para o Vitória é um grupo competitivo. Se você observar, os clubes que fizeram isso, muitos deles não obtiveram êxito, posso lhe dar alguns exemplos. Outros sim, eu posso te dar exemplo de Adriano no Flamengo, não obteve êxito, o próprio Ronaldinho no Flamengo não obteve êxito. Em compensação você teve o Ronaldinho no Atlético, você teve o Ronaldo no Corinthians, então é uma aposta de risco, é uma aposta cara e de risco. Hoje a nossa prioridade é a competitividade do atleta. Nós não estamos buscando contratar jogadores com mais idade e que sejam mais conhecidos, pelo contrário, se você observar as contratações que nós fizemos, todos são jogadores jovens, motivados e com vontade de vir jogar no Vitória. Esse é nosso principal critério.
BN – Por falar em marketing, como será o investimento do clube nesse setor em 2013?
Carlos Falcão: Nós temos algumas ações previstas. Estaremos lançando em março o nosso padrão 2013, estaremos em maio lançando um livro sobre a história do Vitória, estamos já trabalhando em uma nova campanha de marketing para esse ano e a grande campanha desse ano será com o nosso sócio-torcedor. Teremos mudanças expressivas no Sou Mais Vitória e eu acredito que na primeira semana de março essas mudanças já estarão disponíveis, já fechamos parceria com uma das maiores empresas do Brasil e o nosso sócio-torcedor vai ter 250 produtos para que ele possa comprar com desconto. Já estamos fechando 30 empresas exclusivas do Vitória onde nosso sócio vai ter desconto desde a compra de apartamento até no restaurante, enfim, eu acredito que esse ano o grande marketing do clube será o seu programa SMV.
BN – Uma polêmica gira em torno do clube em 2013. Jogar ou não na Arena Fonte Nova. Qual é a posição do clube?
Carlos Falcão: Não existe polêmica. O Vitória já tomou a sua decisão, nós jogaremos cinco partidas, assinamos contrato com a Arena Fonte Nova para jogarmos essas cinco partidas, eu quero esclarecer que o Vitória não pagará aluguel, muito pelo contrário, o Vitória receberá valores consideráveis para jogar na arena essas cinco partidas, posso garantir ao nosso torcedor, que no aspecto financeiro, os jogos serão muito bons para o clube, e depois, no final do ano, no início do ano que vem, iremos promover um amplo debate com o nosso sócio torcedor e com o conselho deliberativo para que a gente possa decidir o que fazer em 2014, já que a decisão de 2013 já foi tomada.
BN – Muitos torcedores reclamaram da Penalty neste último ano, seja pó falta de material em lojas ou até mesmo a qualidade dos produtos. O Vitória tem contrato com a empresa, mas há alguma chance de isso ser renegociado?
Carlos Falcão: Não, e eu discordo, acho que o nível de satisfação com a Penalty esse ano foi fantástico. Queixas pontuais podem ocorrer, e essa questão foi porque as vendas das camisas da Penalty superaram as previsões iniciais. Quando uma empresa faz o seu planejamento, ela toma com base o ano anterior. E no ano de 2011 o desempenho da nossa venda foi ruim. E em 2012, não somente pela campanha que nós fizemos em campo, mas a campanha de marketing, e aí é importante ressaltar que essa campanha foi totalmente financiada e paga pela Penalty, eu acho que a Penalty foi no ano de 2012 um grande parceiro do Vitória e nos ajudou muito não somente com o lançamento da camisa do acesso, que foi um sucesso total, com a camisa do “meu sangue é rubro-negro”, várias delas foram lançadas, totalmente vendidas, com as camisas específicas para sócios, que nós lançamos e vendemos também, e principalmente com a campanha que foi sucesso no Brasil inteiro, inclusive fora do país.
BN – Você chegou ao clube em um momento ruim. Como foi que aconteceu o convite de Alexi?
Carlos Falcão: Eu não conhecia o presidente Alexi. Quando assumiu o Vitória, ele se apavorou com a situação que encontrou, com as finanças do Vitória, com o caos que reinava na parte financeira, tributária do Vitória, e conversando com amigos comuns ele disse “meu Deus, eu preciso de alguém que me ajude a resolver isso”. Me apresentaram em um almoço e ele me pediu para eu ajudar, eu tenho uma empresa de consultoria especializada em reestruturação, gestão, fazemos consultoria para grandes empresas do Brasil, e através daí eu comecei a ajudar ele e as coisas começaram a acontecer e ele me convidou para ser vice-presidente no primeiro, manteve o convite no segundo e nós estamos muito felizes por termos conseguido dar essa contribuição e hoje a gestão financeira do Vitória é apoiada nacionalmente, é matéria de destaque no Lance, em revistas de circulação nacional, essa transformação que nós conseguimos fazer no clube nesses seis anos.
BN – Você tem um grande mérito na reestruturação do clube no geral e é apontado como candidato a presidência no final deste ano. Independente do que acontecer em 2013, é algo que deseja por gostar do clube?
Carlos Falcão: Eu pretendo continuar ajudando o Vitória. Não faço questão, já disse várias vezes, de cargos, eu acho que temos um projeto, e esse projeto não é meu e do presidente Alexi, esse é o projeto de um grupo. Nós somos um grupo unido, que mesmo nas dificuldades permaneceu unido. Então essa questão, ninguém deve ser candidato pensando em si mesmo, é egocentrismo, eu acho que a pessoa tem que estar voltada a servir o clube, nós temos que servir o Vitória, e não nos servir do Vitória. Eu não tenho ambição pessoal nem farei jamais campanha para lançar meu nome a candidato do Vitória. No momento certo, e esse momento não é agora, nós nos reuniremos, presidente Alexi, eu, Epifânio, Carneiro, o nosso amigo e presidente do conselho José Rocha, Silvonei, Newton Sampaio, Raimundo Viana, Pedro Amâncio, isto é, o grupo que hoje dirige o Vitória irá se reunir e debater o assunto, e desse grupo sairá um nome que nós entenderemos como o nome mais indicado para dar prosseguimento a esse projeto. Mas o momento de falar sobre isso não é agora, temos que pensar hoje no Vitória, nas contratações e nas competições que nós iremos disputar esse ano.
BN – O Vitória é a agremiação brasileira que mais diminuiu suas dívidas nos últimos anos. Como foi feito esse trabalho?
Carlos Falcão: Nós buscamos desde o início fundamentar o nosso projeto em várias ações. A primeira delas é questionar o passivo anterior, isto é, o Vitória tinha dívidas que entendemos que não eram devidas e buscamos o questionamento de muitas delas. Uma outra parte foi reduzir os gastos, então hoje a diretoria do clube, eu, presidente Alexi, Epifânio, diretoria de patrimônio, diretoria jurídica, é formada por pessoas que amam o Vitória e abrem mão de qualquer remuneração em prol do clube. Somente isso, eu fiz um levantamento simples, isso gerou uma economia superior a R$ 12 milhões se você for contabilizar não somente salário em cargos, prêmios, expertises e etc. Então isso foi uma das razões. A outra foram as renegociações que fizemos. Somente com o sócio argentino nós fizemos uma renegociação que gerou um resultado superior a R$ 5 milhões para o Vitória. Fizemos um enxugamento de despesas também e tivemos um maior aumento de receitas dos clubes brasileiros, o Vitória foi o segundo clube no Brasil que mais aumentou as suas receitas nesse período. Então a combinação de negociação dura com os credores, renegociação de dívidas, questionamento de dívidas que entendemos que não eram devidas, um modelo de gestão fundamentada em conselheiros abnegados pelo clube que entenderam aquele momento e vieram para o clube para serví-lo, enfim, tudo isso somado resultou nesse case de sucesso.
BN – Algum grande arrependimento nesses anos de Vitória?
Carlos Falcão: Não, arrependimento nenhum. Porém, eu aprendi muito nesses seis, sete anos. Eu aprendi que a gestão de um clube de futebol é diferente da gestão de uma empresa. Os princípios são os mesmos, mas você tem que ter um jogo de cintura maior, uma paciência maior, você tem que entender que o seu negócio é a paixão, e que do outro lado o grande cliente, o torcedor, ele é movido por essa paixão. Então não tenho arrependimentos, mas tive a oportunidade de aprender muito. Eu digo sempre que o Falcão que entrou aqui não é o mesmo Falcão que sairá em breve.
BN – Faça uma avaliação de tudo o que você passou desde sua chegada quando o clube estava na Série C?
Carlos Falcão: Foi muito difícil. Eu tive muitas vezes que dar a aval pessoal. Isso não é bom, isso gera, o presidente Alexi até mais do que eu, mas tive oportunidade de eu dar avais pessoais e isso deixa você inseguro porque se a bola não entra é seu patrimônio pessoal que está sendo comprometido. A família questiona isso também. Nós tínhamos uma dificuldade também muito grande de tudo, não tínhamos crédito, tínhamos centenas de títulos contestados, milhões em impostos vencidos, hoje o Vitória tem certidão de todos os títulos de cartório, você pode puxar e ver, o Vitória tem planejamento estratégico de longo prazo sendo cumprido, o Vitória tem certidões negativas, celebrou convênio com o governo do estado. Se você chegar no nosso estacionamento você vai ver máquinas trabalhando e isso é fruto de um convênio que nós celebramos com o governo do estado, para fazermos novos campos, novas quadras para a comunidade. Nós estamos finalizando e eu espero que se tudo dê certo, anunciarmos em breve um projeto de convênio com um ministério dos esportes para nossas divisões de base que também só é possível com a nossa situação fiscal regular e quando eu vejo tudo isso hoje, quando vejo nosso orçamento hoje, eu comparo com aqueles R$ 7 milhões de 2006, os R$ 11 milhões de 2007, isso dá uma sensação muito boa de dever cumprido, e nós fizemos tudo isso, tudo isso, não foi para mim, para o presidente Alexi, para nossa diretoria. Fizemos tudo isso para que o Vitória, para nossos filhos, ver um Vitória melhor do que tem hoje.
BN – O que a torcida pode esperar de 2013?
Carlos Falcão: Trabalho. Acho que a torcida pode esperar muito trabalho, a gente tem uma dedicação exclusiva, diária ao clube, a diretoria do Vitória é participativa, o grupo que está sendo montado é competitivo, o treinador que nós trouxemos é um treinador de ponta do futebol brasileiro, nosso diretor de futebol é ex-presidente de um clube de ponta do futebol brasileiro, disputou Libertadores, enfim, aonde você olha para o Vitória, você vê que o Vitória está crescendo. Então eu acho que o nosso torcedor pode e deve esperar um 2013 melhor que o ano de 2012, que foi um ano muito bom. (Glauber Guerra / BahiaNotícias)
Carlos Falcão: O orçamento. O Vitória vem, apenas para efeito de comparação, em 2007, quando eu assumi a vice-presidência do clube, de R$ 11 milhões no ano. No ano passado tivemos um orçamento na faixa de R$ 50 milhões. Esse ano estamos com um orçamento um pouco maior que R$ 60 milhões. O que significa? A cada ano, o Vitória vem buscando sua solidificação financeira. Com isso, nós temos muito mais condições de investir mais no futebol. Então quando o torcedor observa e comemora contratações mais importantes que do ano passado, isso nada mais é do que a consequência de um projeto. Nós vivemos no Vitória um projeto, e este projeto vem a cada ano se solidificando. Esperamos que no ano que vem tenhamos um orçamento ainda melhor com condições de fazer contratações ainda mais expressivas.
BN – No início do ano passado vocês fizeram algumas apostas que não deram certo. Depois de perder o título estadual, ficou com receio do restante da temporada?
Carlos Falcão: Não, acho que não. O título do ano passado foi perdido em um detalhe e nós tínhamos consciência, e eu disse isso o ano inteiro, que estávamos no caminho certo. Na verdade as contratações são um negócio de risco, elas podem dar certo ou não. O que nós fazemos aqui é pesquisar, investigar para você diminuir as possibilidades de que isso ocorra. E é isso que nós fizemos no ano passado. Em momento nenhum nós achávamos que estávamos no caminho errado, pelo contrário, agora obviamente, como eu já havia dito, contratação você pode acertar ou errar. O que a gente busca é acertar mais do que errar, mas sempre existirão contratações que não darão certo, não somente no Vitória, mas em qualquer clube de futebol.
BN – Qual foi o ponto fundamental para a equipe engrenar no primeiro turno da Série B, que foi espetacular?
Carlos Falcão: Acho que houve uma combinação de fatores. A preparação física estava em um momento muito bom. A parte técnica muito boa. A tática e a motivação dos atletas. Eu acho que essa união de fatores fez com que o grupo atingisse o seu melhor momento no campeonato, e foi exatamente por isso que a gente conseguiu criar a gordura que precisávamos criar para o final da temporada.
BN – O que foi que aconteceu que na reta final a equipe caiu tanto de rendimento? Na sua opinião, qual foi o motivo?
Carlos Falcão: Acho que vários motivos. Quando você tem um case de sucesso, dificilmente esse case de sucesso é baseado em só um fator. É uma congregação de fatores que fazem o sucesso, da mesma forma quando o sucesso não ocorreu ou não ocorre da maneira como se espera, eu entendo que não foi um motivo só. Houve uma queda do rendimento físico, acho que houve divergências internas que podem ter prejudicado o grupo, e acho também que com a gordura acumulada muitos atletas relaxaram e achavam que já estavam com tudo ganho, que era o melhor do mundo, e isso gerou um pouco de acomodação. Quando viram que precisavam correr atrás, os outros clubes que disputavam conosco já estavam vendo um momento melhor e ficou recuperar o tempo perdido.
BN – É verdade que para substituir Paulo César Carpegiani vocês pensaram em trazer Luiz Felipe Scolari?
Carlos Falcão: É verdade. Não fizemos nenhuma proposta, mas Raimundo entrou em contato com o empresário do treinador. Na verdade seria um tiro curto, nós ainda não temos orçamento para um treinador com esse investimento. Mas pensamos sim porque era um mês só e se tivesse dado certo, nós teríamos feito esse sacrifício e trazido para dar uma mexida, porque naquele momento achávamos que tínhamos a possibilidade de perseguir o título, e mexeríamos nisso sim.
BN – Ficou uma pontinha de frustração apesar de saber que o objetivo era o acesso, mas não conquistou o título que estava praticamente nas mãos da equipe?
Carlos Falcão: Eu acho que o título não estava praticamente nas mãos, porque nós abrimos a vantagem, mas já vimos isso acontecer em muitos clubes. Se você lembrar, o Atlético Mineiro tinha também uma vantagem enorme sobre o Fluminense, e o Fluminense conseguiu se recuperar, virar, ultrapassar e ser campeão com duas rodadas de antecedência. Se eu lhe disser que nós não preferíamos ter sido campeões eu estaria mentindo e eu nunca minto, eu como dirigente tenho obrigação de falar a verdade para o seu torcedor. Então é claro que preferíamos ter sido campeões. Porém, a grande meta do clube na temporada foi o acesso e essa grande meta nós conquistamos.
BN – E a escolha de Caio Júnior? O que falar desse profissional?
Carlos Falcão: Caio é um treinador que tem algumas características que a gente gosta muito. Ele gosta de trabalhar com a base, ele é um estudioso do futebol, se você conversar com Caio você vai ver que ele se preocupa com o lado técnico, ele avalia vídeos, ele gosta de trabalhar com o lado psicológico. Caio é um treinador que treinou clubes de Série A, todos os clubes tiveram aproveitamento superior a 50%, isto é, estiveram sempre ali perto da zona da Libertadores, e acima de tudo, Caio tem o case de sucesso, na minha opinião, o maior case de sucesso na história dos pontos corridos, que foi levar o Paraná, com um orçamento modesto, a uma Libertadores da América.
BN – O Vitória terá quatro competições em 2013. Já está disputando a Copa do Nordeste, vai disputar também o Campeonato Baiano na segunda fase, Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Dentro de uma perspectiva realista, no estadual e no Nordestão o rubro-negro entra como favorito? E na Copa do Brasil e no Brasileiro?
Carlos Falcão: Eu acho que o Vitória no campeonato regional, tanto no Baiano quanto na Copa do Nordeste, ele tem que entrar para ser campeão. Eu disse isso em uma reunião aqui com a comissão, que o único mérito nosso nessas duas competições é o título. Óbvio que podemos ganhar ou perder, estamos disputando a competição com outros clubes, tem clubes que estão disputando, principalmente o Nordeste, com orçamentos próximos aos nossos, mas nós temos que entrar para ser campeão. Isso é o grande objetivo. Quando você entra em uma Copa do Brasil, você sempre tem e sempre há o sonho de ser campeão. Porém, é uma competição mais difícil. Eu acho que o Vitória tem que estabelecer como meta primeiro disputar uma Libertadores. Isso pode acontecer em 2013, 2014, 2015, enfim, a cada ano, nós nos fortalecemos. Nós estamos falando de um projeto de futuro, nós não pensamos o Vitória em 2013. Nosso planejamento estratégico é o Vitória 2020. Se você tiver a oportunidade de mostrar, e você leve ao nosso torcedor, nós temos um planejamento de longo prazo para o clube. E a cada ano nós avançamos mais. Então temos sim as metas de sermos campeões do Nordeste, do Campeonato Baiano, de fazermos uma grande exibição na Copa do Brasil, ficarmos entre os principais finalistas dessa competição, e uma Série A cada vez mais competitiva, eu acho que a gente tem que lutar para estar na parte de cima da tabela, e não na parte de baixo. Acho que esses são objetivos realistas para essa temporada de 2013.
BN – Clubes como Corinthians, Flamengo, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Fluminense, têm orçamentos muito maiores que o Vitória. Como concorrer com eles de igual para igual?
Carlos Falcão: Não podemos. O Vitória não poderá, não somente o Vitória, mas Vitória, Coritiba, Bahia, Sport, Náutico, o próprio Criciúma que subiu esse ano, Atlético Paranaense, são clubes que têm orçamentos similares, a mesma cota de TV. E esses orçamentos giram na faixa de R$ 60 a R$ 70 milhões por ano, que já é muito quando comparado ao que tínhamos quando assumimos a gestão financeira do Vitória. Porém, é muito distante dos R$ 300 milhões que tem o Corinthians, São Paulo, R$ 250 milhões que tem um Internacional, Fluminense, enfim, a distância é enorme. Temos que fazer mais com menos, errar menos, buscarmos trabalhar mais na motivação, buscar trabalhar na minimização dos nossos erros porque se formos apenas no critério investimento, não tem como. O Fluminense por exemplo, eu vi uma reportagem em que ele investe, somente em sua folha, mais de R$ 110 milhões por ano, somente na folha. Enfim, é muito difícil, o futebol brasileiro é muito desigual, e nessa desigualdade nós temos que buscar, dentre os desiguais, sermos os melhores.
BN – Quanto é a folha do Vitória anual?
Carlos Falcão: Quando chegarmos na Série A, planejamos uma folha na faixa de R$ 2 milhões por mês, esse é o valor aprovado pelo nosso conselho deliberativo, pelo orçamento que nós apresentamos, e entendemos que esse é o montante que está compatível com o orçamento do clube, acho que nós chegaremos lá.
BN – Uma previsão realista e clara do futuro. Quando você acha que o Vitória poderá bater, em um futuro próximo, com essas equipes que eu citei anteriormente, Flamengo, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Fluminense, e em termos de títulos?
Carlos Falcão: Você hoje tem três grandes grupos do futebol brasileiro. Você tem aqueles que têm as menores cotas, as cotas intermediárias e as grandes cotas. Eu diria que no topo você tem o Flamengo, Corinthians, São Paulo, Internacional. Acho que esses são os quatro clubes no Brasil que tem maiores orçamentos e orçamentos superiores a R$ 200 milhões. Aí depois você tem o grupo dos que tem orçamento na base de R$ 150 milhões, e aí você tem o Atlético, Cruzeiro, Grêmio. Eu acho que o Vitória para se tornar competitivo, e essa é a nossa grande meta do nosso planejamento estratégico, nós temos que chegar a um orçamento de R$ 100 milhões. Essa é a meta da atual política do planejamento que nós temos. E entendemos que nós temos que chegar nisso até 2017, essa é a grande meta que o planejamento estratégico do Vitória estipulou para os próximos cinco anos.
BN – Você é a favor da substituição dos pontos corridos pelo mata-mata na Série A? Muito se comenta que essa fórmula é prejudicial principalmente para as equipes do Nordeste, que têm orçamentos mais modestos.
Carlos Falcão: Eu prefiro a fórmula atual. Acho que, obviamente, dentro de um campeonato de pontos corridos as chances de um clube de menor orçamento ser campeão são muito menores. Se você observar, desde que foi instituído o campeonato de pontos corridos, nenhum clube de orçamento menor conseguiu ser campeão e dificilmente acontecerá. Porém, esse modelo de campeonato dá a todos um calendário pré-estabelecido, facilita a comercialização das cotas de TV, então eu acho que se por um lado dificulta o título para clubes de menor orçamento, por outro dá a esses clubes um horizonte melhor de planejamento financeiro.
BN – Muitos clubes brasileiros estão investindo em jogadores que ajudam no marketing também. Vocês pensam nisso? Lógico que o jogador rendendo dentro de campo também.
Carlos Falcão: Eu acho que a prioridade hoje para o Vitória é um grupo competitivo. Se você observar, os clubes que fizeram isso, muitos deles não obtiveram êxito, posso lhe dar alguns exemplos. Outros sim, eu posso te dar exemplo de Adriano no Flamengo, não obteve êxito, o próprio Ronaldinho no Flamengo não obteve êxito. Em compensação você teve o Ronaldinho no Atlético, você teve o Ronaldo no Corinthians, então é uma aposta de risco, é uma aposta cara e de risco. Hoje a nossa prioridade é a competitividade do atleta. Nós não estamos buscando contratar jogadores com mais idade e que sejam mais conhecidos, pelo contrário, se você observar as contratações que nós fizemos, todos são jogadores jovens, motivados e com vontade de vir jogar no Vitória. Esse é nosso principal critério.
BN – Por falar em marketing, como será o investimento do clube nesse setor em 2013?
Carlos Falcão: Nós temos algumas ações previstas. Estaremos lançando em março o nosso padrão 2013, estaremos em maio lançando um livro sobre a história do Vitória, estamos já trabalhando em uma nova campanha de marketing para esse ano e a grande campanha desse ano será com o nosso sócio-torcedor. Teremos mudanças expressivas no Sou Mais Vitória e eu acredito que na primeira semana de março essas mudanças já estarão disponíveis, já fechamos parceria com uma das maiores empresas do Brasil e o nosso sócio-torcedor vai ter 250 produtos para que ele possa comprar com desconto. Já estamos fechando 30 empresas exclusivas do Vitória onde nosso sócio vai ter desconto desde a compra de apartamento até no restaurante, enfim, eu acredito que esse ano o grande marketing do clube será o seu programa SMV.
BN – Uma polêmica gira em torno do clube em 2013. Jogar ou não na Arena Fonte Nova. Qual é a posição do clube?
Carlos Falcão: Não existe polêmica. O Vitória já tomou a sua decisão, nós jogaremos cinco partidas, assinamos contrato com a Arena Fonte Nova para jogarmos essas cinco partidas, eu quero esclarecer que o Vitória não pagará aluguel, muito pelo contrário, o Vitória receberá valores consideráveis para jogar na arena essas cinco partidas, posso garantir ao nosso torcedor, que no aspecto financeiro, os jogos serão muito bons para o clube, e depois, no final do ano, no início do ano que vem, iremos promover um amplo debate com o nosso sócio torcedor e com o conselho deliberativo para que a gente possa decidir o que fazer em 2014, já que a decisão de 2013 já foi tomada.
BN – Muitos torcedores reclamaram da Penalty neste último ano, seja pó falta de material em lojas ou até mesmo a qualidade dos produtos. O Vitória tem contrato com a empresa, mas há alguma chance de isso ser renegociado?
Carlos Falcão: Não, e eu discordo, acho que o nível de satisfação com a Penalty esse ano foi fantástico. Queixas pontuais podem ocorrer, e essa questão foi porque as vendas das camisas da Penalty superaram as previsões iniciais. Quando uma empresa faz o seu planejamento, ela toma com base o ano anterior. E no ano de 2011 o desempenho da nossa venda foi ruim. E em 2012, não somente pela campanha que nós fizemos em campo, mas a campanha de marketing, e aí é importante ressaltar que essa campanha foi totalmente financiada e paga pela Penalty, eu acho que a Penalty foi no ano de 2012 um grande parceiro do Vitória e nos ajudou muito não somente com o lançamento da camisa do acesso, que foi um sucesso total, com a camisa do “meu sangue é rubro-negro”, várias delas foram lançadas, totalmente vendidas, com as camisas específicas para sócios, que nós lançamos e vendemos também, e principalmente com a campanha que foi sucesso no Brasil inteiro, inclusive fora do país.
BN – Você chegou ao clube em um momento ruim. Como foi que aconteceu o convite de Alexi?
Carlos Falcão: Eu não conhecia o presidente Alexi. Quando assumiu o Vitória, ele se apavorou com a situação que encontrou, com as finanças do Vitória, com o caos que reinava na parte financeira, tributária do Vitória, e conversando com amigos comuns ele disse “meu Deus, eu preciso de alguém que me ajude a resolver isso”. Me apresentaram em um almoço e ele me pediu para eu ajudar, eu tenho uma empresa de consultoria especializada em reestruturação, gestão, fazemos consultoria para grandes empresas do Brasil, e através daí eu comecei a ajudar ele e as coisas começaram a acontecer e ele me convidou para ser vice-presidente no primeiro, manteve o convite no segundo e nós estamos muito felizes por termos conseguido dar essa contribuição e hoje a gestão financeira do Vitória é apoiada nacionalmente, é matéria de destaque no Lance, em revistas de circulação nacional, essa transformação que nós conseguimos fazer no clube nesses seis anos.
BN – Você tem um grande mérito na reestruturação do clube no geral e é apontado como candidato a presidência no final deste ano. Independente do que acontecer em 2013, é algo que deseja por gostar do clube?
Carlos Falcão: Eu pretendo continuar ajudando o Vitória. Não faço questão, já disse várias vezes, de cargos, eu acho que temos um projeto, e esse projeto não é meu e do presidente Alexi, esse é o projeto de um grupo. Nós somos um grupo unido, que mesmo nas dificuldades permaneceu unido. Então essa questão, ninguém deve ser candidato pensando em si mesmo, é egocentrismo, eu acho que a pessoa tem que estar voltada a servir o clube, nós temos que servir o Vitória, e não nos servir do Vitória. Eu não tenho ambição pessoal nem farei jamais campanha para lançar meu nome a candidato do Vitória. No momento certo, e esse momento não é agora, nós nos reuniremos, presidente Alexi, eu, Epifânio, Carneiro, o nosso amigo e presidente do conselho José Rocha, Silvonei, Newton Sampaio, Raimundo Viana, Pedro Amâncio, isto é, o grupo que hoje dirige o Vitória irá se reunir e debater o assunto, e desse grupo sairá um nome que nós entenderemos como o nome mais indicado para dar prosseguimento a esse projeto. Mas o momento de falar sobre isso não é agora, temos que pensar hoje no Vitória, nas contratações e nas competições que nós iremos disputar esse ano.
BN – O Vitória é a agremiação brasileira que mais diminuiu suas dívidas nos últimos anos. Como foi feito esse trabalho?
Carlos Falcão: Nós buscamos desde o início fundamentar o nosso projeto em várias ações. A primeira delas é questionar o passivo anterior, isto é, o Vitória tinha dívidas que entendemos que não eram devidas e buscamos o questionamento de muitas delas. Uma outra parte foi reduzir os gastos, então hoje a diretoria do clube, eu, presidente Alexi, Epifânio, diretoria de patrimônio, diretoria jurídica, é formada por pessoas que amam o Vitória e abrem mão de qualquer remuneração em prol do clube. Somente isso, eu fiz um levantamento simples, isso gerou uma economia superior a R$ 12 milhões se você for contabilizar não somente salário em cargos, prêmios, expertises e etc. Então isso foi uma das razões. A outra foram as renegociações que fizemos. Somente com o sócio argentino nós fizemos uma renegociação que gerou um resultado superior a R$ 5 milhões para o Vitória. Fizemos um enxugamento de despesas também e tivemos um maior aumento de receitas dos clubes brasileiros, o Vitória foi o segundo clube no Brasil que mais aumentou as suas receitas nesse período. Então a combinação de negociação dura com os credores, renegociação de dívidas, questionamento de dívidas que entendemos que não eram devidas, um modelo de gestão fundamentada em conselheiros abnegados pelo clube que entenderam aquele momento e vieram para o clube para serví-lo, enfim, tudo isso somado resultou nesse case de sucesso.
BN – Algum grande arrependimento nesses anos de Vitória?
Carlos Falcão: Não, arrependimento nenhum. Porém, eu aprendi muito nesses seis, sete anos. Eu aprendi que a gestão de um clube de futebol é diferente da gestão de uma empresa. Os princípios são os mesmos, mas você tem que ter um jogo de cintura maior, uma paciência maior, você tem que entender que o seu negócio é a paixão, e que do outro lado o grande cliente, o torcedor, ele é movido por essa paixão. Então não tenho arrependimentos, mas tive a oportunidade de aprender muito. Eu digo sempre que o Falcão que entrou aqui não é o mesmo Falcão que sairá em breve.
BN – Faça uma avaliação de tudo o que você passou desde sua chegada quando o clube estava na Série C?
Carlos Falcão: Foi muito difícil. Eu tive muitas vezes que dar a aval pessoal. Isso não é bom, isso gera, o presidente Alexi até mais do que eu, mas tive oportunidade de eu dar avais pessoais e isso deixa você inseguro porque se a bola não entra é seu patrimônio pessoal que está sendo comprometido. A família questiona isso também. Nós tínhamos uma dificuldade também muito grande de tudo, não tínhamos crédito, tínhamos centenas de títulos contestados, milhões em impostos vencidos, hoje o Vitória tem certidão de todos os títulos de cartório, você pode puxar e ver, o Vitória tem planejamento estratégico de longo prazo sendo cumprido, o Vitória tem certidões negativas, celebrou convênio com o governo do estado. Se você chegar no nosso estacionamento você vai ver máquinas trabalhando e isso é fruto de um convênio que nós celebramos com o governo do estado, para fazermos novos campos, novas quadras para a comunidade. Nós estamos finalizando e eu espero que se tudo dê certo, anunciarmos em breve um projeto de convênio com um ministério dos esportes para nossas divisões de base que também só é possível com a nossa situação fiscal regular e quando eu vejo tudo isso hoje, quando vejo nosso orçamento hoje, eu comparo com aqueles R$ 7 milhões de 2006, os R$ 11 milhões de 2007, isso dá uma sensação muito boa de dever cumprido, e nós fizemos tudo isso, tudo isso, não foi para mim, para o presidente Alexi, para nossa diretoria. Fizemos tudo isso para que o Vitória, para nossos filhos, ver um Vitória melhor do que tem hoje.
BN – O que a torcida pode esperar de 2013?
Carlos Falcão: Trabalho. Acho que a torcida pode esperar muito trabalho, a gente tem uma dedicação exclusiva, diária ao clube, a diretoria do Vitória é participativa, o grupo que está sendo montado é competitivo, o treinador que nós trouxemos é um treinador de ponta do futebol brasileiro, nosso diretor de futebol é ex-presidente de um clube de ponta do futebol brasileiro, disputou Libertadores, enfim, aonde você olha para o Vitória, você vê que o Vitória está crescendo. Então eu acho que o nosso torcedor pode e deve esperar um 2013 melhor que o ano de 2012, que foi um ano muito bom. (Glauber Guerra / BahiaNotícias)
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