Na sua grandiloquência melodramática, Nelson Rodrigues sentenciou que o fla x flu teve início quarenta minutos antes do nada. Já este rouco e humilde locutor, na falta de talento, recorre à idiota objetividade para informar que o BA x VI começou um pouco depois, mais precisamente no dia 10 de abril de 1932. Portanto, neste ano da graça de 2012, o mais importante clássico do Norte e Nordeste de Amaralina, a mãe de todas as batalhas, completa exatos 80 anos.
Só esta importante efeméride (receba, hereges, uma efeméride nos mamilos) já bastaria para dar uma dimensão ainda maior à peleja. Contudo, além disso, havia um exuberante sol de domingo, arquibancadas lotadas e outras mumunhas, a exemplo da venda de cerveja dentro do Estádio. (Cerveja é modo de dizer. As cantinas estavam negociando schin). E, para apimentar a chibança, como sói ocorrer em disputas desta natureza, existiam também as novidades. E a principal delas era a presença nas casamatas rubro-negra e tricolor de Falcão e Cerezo, que dispensam apresentações e adjetivos. Ou melhor, dispensavam. Após a partida de ontem, já posso afirmar sem medo de errar que, enquanto técnicos, eles foram bons meio-campistas.
Derivo. E vou derivar mais.
Antes de continuar falando das (pífias) performances dos referidos na beira do gramado, é preciso retornar ao início deste inconsequente fevereiro. Na ocasião, conforme já é de conhecimento do Rio Grande do Sul e de uma banda de Santa Catarina, a Bahia foi vítima de um trágico motim da Polícia Militar, que provocou mais de uma centena de mortos. Além da horrenda carnificina, a aleivosia dos meganhas baianos deixou como triste saldo uma cultura de pânico, de desespero, de medo de perder as coisas. E este clima de terror atingiu todos os becos, ladeiras, vielas e outros locais menos inóspitos. Não seria o futebol, portanto, que desta lei da selvagem natureza iria ter isenção.
E foi assim que, muito provavelmente em consequência da greve/motim da polícia, o primeiro BA x VI do ano, o jogo que estava marcado para ser inesquecível, tornou-se apenas e tão-somente um arremedo de clássico.
Como assim? Explico. Para combater o fantasma beligerante que assombrou Salvador, surgiu nas (mal) ditas redes sociais uma campanha para que o clássico fosse “o jogo da paz”. Até aí, tudo bem. Esta cultura da não-violência fora dos gramados é mais do que bem-vinda. A paz, porém, não pode ser confundida com covardia.
E o que se viu nos arrastados 90 minutos foi uma apatia generalizada. Não houve um único lance digno de nota. Os jogadores pareciam estar sob o signo da boréstia. Não existiram nem mesmo as inúteis provocações dos atacantes rivais. Um beliscão? uma dedada no goleiro? nada e nécaras. Reinou a paz dos cemitérios.
Ah, sim. Volto a Falcão e Cerezo para dizer que eles foram os principais responsáveis pelo horrível espetáculo. Para que vocês tenham uma idéia, o técnico do Vitória entrou em campo com, quatro volantes. Na verdade, cinco, pois o lateral esquerdo (ala é a puta que o pariu) era um meio campista improvisado no setor. Já Falcão parece ter orientado o time a se poupar para o Carnaval. Só isto para explicar que o time, em seu mando de campo, tenha se comportado parecendo uma mocinha de chá que limpa a boca com guardanapos de cinco em cinco minutos.
Na minha imodesta opinião, para que o bom e velho BA x VI volte a ser disputado com fervor, faz-se mister dispensar os técnicos ou que eles se livrem desta covardia travestida de bons modos. Afinal, como não diria Edir Macedo dos gramados, o medo de perder tira a vontade de ganhar.
E chega de boréstia!!!
Por: Franciel Cruz (@ingresia)
P.S Texto escrito especialmente para o IMPEDIMENTO
Derivo. E vou derivar mais.
Antes de continuar falando das (pífias) performances dos referidos na beira do gramado, é preciso retornar ao início deste inconsequente fevereiro. Na ocasião, conforme já é de conhecimento do Rio Grande do Sul e de uma banda de Santa Catarina, a Bahia foi vítima de um trágico motim da Polícia Militar, que provocou mais de uma centena de mortos. Além da horrenda carnificina, a aleivosia dos meganhas baianos deixou como triste saldo uma cultura de pânico, de desespero, de medo de perder as coisas. E este clima de terror atingiu todos os becos, ladeiras, vielas e outros locais menos inóspitos. Não seria o futebol, portanto, que desta lei da selvagem natureza iria ter isenção.
E foi assim que, muito provavelmente em consequência da greve/motim da polícia, o primeiro BA x VI do ano, o jogo que estava marcado para ser inesquecível, tornou-se apenas e tão-somente um arremedo de clássico.
Como assim? Explico. Para combater o fantasma beligerante que assombrou Salvador, surgiu nas (mal) ditas redes sociais uma campanha para que o clássico fosse “o jogo da paz”. Até aí, tudo bem. Esta cultura da não-violência fora dos gramados é mais do que bem-vinda. A paz, porém, não pode ser confundida com covardia.
E o que se viu nos arrastados 90 minutos foi uma apatia generalizada. Não houve um único lance digno de nota. Os jogadores pareciam estar sob o signo da boréstia. Não existiram nem mesmo as inúteis provocações dos atacantes rivais. Um beliscão? uma dedada no goleiro? nada e nécaras. Reinou a paz dos cemitérios.
Ah, sim. Volto a Falcão e Cerezo para dizer que eles foram os principais responsáveis pelo horrível espetáculo. Para que vocês tenham uma idéia, o técnico do Vitória entrou em campo com, quatro volantes. Na verdade, cinco, pois o lateral esquerdo (ala é a puta que o pariu) era um meio campista improvisado no setor. Já Falcão parece ter orientado o time a se poupar para o Carnaval. Só isto para explicar que o time, em seu mando de campo, tenha se comportado parecendo uma mocinha de chá que limpa a boca com guardanapos de cinco em cinco minutos.
Na minha imodesta opinião, para que o bom e velho BA x VI volte a ser disputado com fervor, faz-se mister dispensar os técnicos ou que eles se livrem desta covardia travestida de bons modos. Afinal, como não diria Edir Macedo dos gramados, o medo de perder tira a vontade de ganhar.
E chega de boréstia!!!
Por: Franciel Cruz (@ingresia)
P.S Texto escrito especialmente para o IMPEDIMENTO
"Não existiram nem mesmo as inúteis provocações dos atacantes rivais. Um beliscão? uma dedada no goleiro?" velho sou seu fã!! te falei isso quando vc passou por mim lá, o melhor do jogo foi o bronze que tomei com aquele sol!!!!
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